O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

Notícia Aberta

Aplicações Aninhadas

Publicador de Conteúdos e Mídias

Didascálico fecha mês de comemoração aos 105 anos do IFSC com chamada para a reflexão

CÂMPUS FLORIANÓPOLIS Data de Publicação: 01 out 2014 21:00 Data de Atualização: 06 fev 2018 14:45

 

Teve choro no começo, teve choro no final. Choro de emoção, de alegria, de missão cumprida, de frustração com o mundo, de esperança. O 13º Didascálico - Mostra de Arte e Cultura do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), encerrado na última sexta (26), cumpriu aquilo a que se propôs: ser uma edição cheia de arte e alegria, mas também com a ideia de nos fazer pensar sobre quem somos e, principalmente, quem queremos ser.

 

O ponto alto dessa reflexão foi o encerramento com a palestra do índio Thini-á Fulni-ô. De forma divertida, ele fez questão de ressaltar que não há culturas melhores ou piores que outras, apenas diferentes. “Não existe verdade absoluta. Mas vim aqui para dizer que existe um jeito de viver menos estressado, isso existe”, contou.

 

Para ele, o homem branco não é feliz porque não é livre. “Vocês não são livres e vocês têm a ilusão de felicidade, porque a felicidade está ligada à liberdade”. Como exemplo, ele lembrou que o homem da sociedade dita civilizada se preocupa muito mais em ser aquilo que se espera que ele seja do que quem realmente ele quer ser. “Na hora de conquistar alguém, o homem ou a mulher fingem que gostam de coisas que não gostam, usam roupas que não gostam, e aí depois de juntos descobrem que não estão com a pessoa que amavam. Não faz sentido”, analisou Thini-á. “A preocupação com a aparência também pressiona o homem branco. Na minha tribo, uma vez uma índia chegou pra outra e disse 'Você é muito feia'. A outra respondeu: 'Se eu sou feia, o problema é seu que me vê, porque eu não me vejo”, exemplificou, arrancando gargalhadas da plateia.

 

Apesar das brincadeiras e risadas, no fim de sua palestra, o índio se emocionou e, quase às lágrimas, pediu que todos realmente pensassem no que ele estava dizendo. “Eu não sou animador de público. Vocês são minha única esperança de ver a minha cultura valorizada, de ver a minha tribo e meus irmãos índios sobreviverem. Porque a língua que vocês falam não é a desse país, é a língua que eu falei (citando palavras que ensinou no seu idioma materno) e que eu gostaria que vocês entendessem. No futuro, a natureza vai cobrar tudo de volta e vocês vão se lembrar dessas palavras”.

 

Sobre o uso da tecnologia, Thini-á diz que não tem como impedir que ela chegue até as tribos. “Todo ser humano gosta de conforto. A gente vive sem geladeira, mas depois que o índio tem uma, ele sofre se ficar sem. A tecnologia não é ruim, se eu dissesse isso eu seria hipócrita. O ruim é que afasta as pessoas do calor humano, então, a gente tenta orientar os índios mais jovens, para que não esqueçam de conversar com sua família, seus amigos. Eu sempre digo: o índio deve se integrar, não se entregar”, defendeu Thini-á.

 

“Acho que essa emoção do Thini-á vem da capacidade dele de se conectar ao lugar onde ele está e, ao chegar aqui, ele percebeu essa nossa necessidade de sermos mais afetivos, esse energia represada e que acabou aparecendo nas lágrimas dele. Nós, aqui no câmpus, precisamos ser mais amorosos mesmo e precisamos saber nos reconectar ao mundo que nos cerca”, disse a professora Gizely Cesconetto, da comissão organizadora do Didascálico deste ano.

 

CÂMPUS FLORIANÓPOLIS

Este site usa cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência. Leia Mais.