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Núcleos de Inovação Tecnológica podem atuar como escritórios de negócios

CÂMPUS LAGES Data de Publicação: 07 jun 2017 21:00 Data de Atualização: 06 fev 2018 15:29


Núcleos de Inovação Tecnológica de universidades catarinenses podem atuar como escritórios de negócios, aproximando a academia, o setor público e o governo para realização de projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. O conceito foi debatido durante o 3o Seminário Catarinense de Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) realizado no Órion Parque, em Lages, entre os dias 5 e 7 de junho.

O evento foi organizado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, com apoio da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – Instituto Euvaldo Lodi (Fiesc – IEL), Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Núcleos de Inovação Tecnológica de Santa Catarina e instituições de ensino. O IFSC foi representado pelo coordenador do NIT, Luiz Henrique Castelan Carlson, e o diretor-geral do Câmpus Lages, Thiago Meneghel Rodrigues.

Um dos palestrantes foi o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações/MCTIC, Álvaro Toubes Prata, que falou sobre a dificuldade de aproximação da academia e das empresas e o cenário da pesquisa e inovação no Brasil. Segundo ele, a pesquisa não deve ficar restrita ao ambiente universitário, mas gerar transferência de tecnologia de forma relevante. Atualmente, Brasil investe 1,2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento, sendo que a meta é chegar a 2% em 2022. Em países mais desenvolvidos, esse percentual é de cerca de 4%. Além disso, boa parte desse investimento, em outros países, é feito por empresas, enquanto no Brasil o principal financiador é o poder público.

Outro empecilho para o desenvolvimento da pesquisa no Brasil é o baixo número de pesquisadores, segundo Prata. Enquanto em nações mais desenvolvidas a média e de quase 4 mil cientistas por milhão de habitantes, no Brasil este número é de 800 por milhão. “O crescente número de cursos de pós-graduação é um grande progresso. Nos últimos anos, quase dobramos a quantidade de pós-graduados, mas ainda precisamos avançar”, destaca.

Entre os participantes, o consenso é que a pesquisa não deve ser tarefa apenas de pós-graduados, mas pode começar ainda em cursos técnicos e, segundo o presidente da Fapesc, Sergio Gargioni, os institutos federais têm papel importante para promover o desenvolvimento tecnológico. “Se você olhar muitos empreendedores, muitos têm uma formação que necessariamente não é de curso superior. Mesmo nas empresas, muitos pesquisadores não são doutores. Então, você não faz um curso de engenharia só com doutores, você precisa de gente do mercado também”, destaca.

Para o diretor-geral do Câmpus Lages, Thiago Meneghel Rodrigues, os institutos federais devem liderar o debate sobre a importância da pesquisa nos cursos técnicos e na graduação. “Nas universidades, quando se fala em pesquisa e inovação tecnológica, se pensa em programas de pós-graduação. Assim, os institutos federais têm a missão de levar para o debate a ideia de que alunos de cursos técnicos, graduação e pós-graduação têm potencialidade para a pesquisa e a inovação e auxiliar no desenvolvimento regional”.

Ainda segundo Rodrigues, “entre as finalidades dos institutos federais está a produção de pesquisa aplicada. Mas ela só acontece se houver um estreitamento da relação entre a academia e as empresas. Como podemos fazer isso, como o professor vai ter acesso a um problema que é um gargalo de produção na indústria, por exemplo, ou como uma empresa vai chegar e propor um problema para os professores e alunos? Isso tem que ser feito através do NIT”.

Gênesis: IFSC participa de escritório de projetos

O Órion Parque de Lages está localizado ao lado do Câmpus Lages do IFSC. O seu objetivo é desenvolver projetos de desenvolvimento para a região, articulando as instituições de ensino, empresas e poder público. O IFSC participa do Órion Parque, tendo o diretor-geral do Câmpus Lages como participante do Conselho de Administração.

Um dos projetos em andamento é o Gênesis, um escritório de projetos voltados ao arranjo produtivo local. O objetivo é buscar recursos para desenvolver projetos de pesquisa e extensão.

Projeto de desenvolvimento de móveis é destaque

O projeto do curso superior de tecnologia em Design de Produto, do Câmpus Florianópolis, foi apresentado durante o Seminário como exemplo de sucesso na integração entre academia e iniciativa privada. A coleção de móveis desenvolvida pelos alunos do curso foi fabricada pela indústria Máxima Móveis, e apresentados no evento Móvel Brasil 2017, em São Bento do Sul, no mês de maio.

Os desenhos foram registrados pelo IFSC no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e a  Máxima Móveis pagará os royalties referentes à venda dos produtos comercializados. Parte dos recursos será destinada aos estudantes e professores envolvidos no projeto, outra parte destinada à compra de equipamentos e materiais para o curso e outra para a Pró-reitoria de Pesquisa e Inovação (Propi) para custeio de novas patentes e financiamento de pesquisas.

Segundo o coordenador do NIT do IFSC, Luiz Henrique Castelan Carlson, os participantes ficaram muito impressionados com o trabalho dos nossos alunos, com a iniciativa empreendedora dos nossos docentes, e com a agilidade com que o NIT do IFSC viabilizou o licenciamento dos Desenhos Industriais para uma indústria de móveis de SC. Segundo ele, “este caso de sucesso também serviu para mostrar que a inovação e a transferência de tecnologia não dependem unicamente de pesquisas de ponta, mas que podem acontecer dentro da sala de aula, bastando para isso que o docente e os alunos olhem para o setor produtivo e aproveitem as demandas reais por soluções tecnológicas ou por novos produtos para servir de inspiração aos trabalhos acadêmicos, cujos resultados podem repercutir positivamente para a sociedade”.


Carla Algeri | Jornalista IFSC


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