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Alunos conhecem autora de obras trabalhadas em sala de aula

CÂMPUS JOINVILLE Data de Publicação: 21 jun 2017 21:00 Data de Atualização: 06 fev 2018 15:31

 

A leitura e interpretação dos contos do livro Olhos D´Água, nas aulas de Língua Portuguesa, ganharam ainda mais significado para os alunos dos sétimos módulos de Eletroeletrônica e Mecânica, depois de palestra com a escritora Conceição Evaristo, no último dia 9, na Feira do Livro de Joinville. Poetisa e escritora, Conceição Evaristo é um dos principais nomes da literatura brasileira e afro-brasileira.

"Se a literatura é um fenômeno universal e envolve todos os seres humanos, até que ponto acolhe todos?", questionou Conceição ao abordar o tema centra da palestra "Existe ou não racismo no Brasil?". "Será que o homem negro, a mulher negra, a criança negra e o indígena se reconhecem na nossa literatura?", refletiu. "A arte não pode ser só entretenimento. A arte tem sua função social e disso eu não abro mão", enfatizou a escritora, que traz em suas obras a subjetividade "de uma mulher criada na pobreza", como definiu.

"A Conceição personificou tudo aquilo que eu sentia lendo os livros dela. Ver ela cara a cara e ouvir falar sobre os temas que aborda nos textos, como racismo e periferia, só fez com que eu me encantasse ainda mais e buscasse por outros títulos de sua autoria", declarou o estudante Lucas Kolombeski.

A literatura de luta e resistência de Conceição Evaristo, que aborda a discriminação de gênero, etnia e classe, fundamentou a escolha do professor de língua portuguesa, Samuel Kuhn, pelos contos da escritora para trabalhar o ponto literatura contemporânea com os alunos dos sétimos módulos, desde o semestre passado. Além disso, o professor lembra que as obras de Conceição estão nas listas de livros para os vestibulares das universidades públicas de Santa Catarina.


Durante a palestra, a aluna Emanuela de Moraes fez questão de tirar uma dúvida que havia permanecido durante as discussões do livro Olhos D´Água em sala. "O livro começa com o conto Olhos D´Água, que fala de ancestralidade. Depois vem o choque de realidade, com contos doloridos que abordam miséria, prostituição, discriminação e violência, e termina com um conto que fala de esperança. Esta sequência é proposital?", questionou Emanuela.

A escritora explicou que o primeiro conto, que dá nome ao livro, vem de uma versão oral. "Não nasci rodeada de livros, mas rodeada de palavras. Havia toda uma herança das culturas africanas de contação de histórias. Minha mãe fazia bonecas de pano e ia inventando tramas. Ela recolhia livros e revistas e mostrava para nós, mesmo sem saber ler. Víamos as figuras e inventávamos novas histórias. Meu interesse pela literatura nasce daí", contou.

Com relação aos demais contos, Conceição foi enfática: "se os contos são dolorosos para leitura, é importante lembrar que, primeiro, eles foram muito dolorosos no exercício da escrita". E, apesar de revelar a desigualdade velada na sociedade e de recuperar uma memória sofrida da população afro-brasileira, a escritora disse não perder a esperança, retratada em Ayoluwa, que significa esperança do nosso povo. "É uma crença de resistência, de esperança".

Projeto de extensão


A obra de Conceição Evaristo também faz parte de um projeto de extensão do Câmpus Joinville, o Folhetim – Leituras Dramáticas, que promove a leitura dos contos do livro Olhos D´Água em escolas públicas e em espaços alternativos, como associações de moradores, lares de idosos e centros culturais. A leitura é realizada pelo professor Samuel, que também é ator, e tem como objetivo a fruição literária, "compreendendo a literatura como um direito fundamental para constituição do humano e da sociedade".

Instituições interessadas em conhecer o projeto devem entrar em contato com a bibliotecária Jussiane Ribeiro, por telefone (47) 3431-5620 ou e-mail jussiane.luz@ifsc.edu.br, para agendamento de apresentações.

Por Liane Dani | Jornalista IFSC


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