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Projeto de extensão se propõe a discutir os desafios da adolescência dos surdos

EXTENSÃO Data de Publicação: 22 jun 2018 11:05 Data de Atualização: 22 jun 2018 11:25

A transição entre a infância e a idade adulta traz uma série de transformações, inseguranças, dúvidas e curiosidades. Foi pensando nisso que a professora de Psicologia da Educação Bilíngue, Débora Casali, em parceria com a Coordenadoria Pedagógica do Câmpus Palhoça Bilíngue, propôs o projeto de extensão 'Vivendo os desafios da adolescência dos surdos'. A ideia é proporcionar um espaço para que os surdos tenham a oportunidade de esclarecer e aprofundar vários temas que envolvem a adolescência.

Os encontros são abertos à comunidade surda e acontecem integralmente em língua de sinais, no IFSC Palhoça Bilíngue, no intervalo das aulas do período vespertino. O bate-papo aborda temas como planejamento familiar, prevenção de gravidez, doenças sexualmente transmissíveis, uso de métodos contraceptivos, adolescência e sexualidade, bullying e sua relação com a educação, além de alterações e mudanças no corpo.

A relevância do projeto está na possibilidade de democratizar o acesso à informação. “O que a gente percebe é que o público surdo tem mais dificuldade de receber determinadas informações, isso porque a nossa sociedade está completamente organizada para os ouvintes. Esclarecimentos importantes como esses acabam não chegando pra eles em razão da barreira linguística”, justificou a pedagoga do câmpus, Maria Luiza Lucio Steffens.

A informação trazida pela pedagoga é confirmada pela estudante surda, de 18 anos, Evellin Domingos Vieira, “essa ideia é muito legal, pois alguns surdos não sabem muitas coisas importantes, porque estão começando a ter acessibilidade só agora, estão aprendendo a língua de sinais ainda, por isso eles precisam aprender como que se trata a saúde, como se usa camisinha, para evitar problemas no futuro”.

“Sabemos que esse tipo de informação é necessária para todos os jovens, mas para os surdos é ainda mais, visto que eles raramente têm esse tipo de informação em outros ambientes que frequentam ou em meios de comunicação tradicionais”, destaca a coordenadora do projeto, Débora Casali. E nesse sentido, a escola acaba exercendo um papel fundamental. “Muitas famílias não ensinam porque a comunicação é difícil ou tem vergonha, então os professores acabam nos dando conselhos e conversando com a gente”, complementou Evellin.

A primeira palestra aconteceu no dia 6 de junho e tratou de planejamento familiar, prevenção de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis e uso de métodos contraceptivos. “Às vezes os jovens surdos começam a namorar, vão fazer sexo e nem sabem a importância de usar camisinha ou colocam do jeito errado. As meninas nem sabem que precisam ir ao ginecologista para fazer uma avaliação”, confidenciou o estudante do curso de comunicação visual, de 17 anos, Gustavo Callegaro Copello.

Ontem (20) foi realizada mais uma edição do projeto e o tema abordado pela assistente social e tradutora/intérprete de Libras do câmpus, Priscila Paris, foi 'Adolescência e Sexualidade'. Priscila trouxe questões como a percepção corporal, o respeito ao seu próprio corpo e dos outros, os tipos de abusos físicos e emocionais relacionados à sexualidade, entre outras situações levantadas pelos próprios participantes.

Engajamento

A iniciativa está sendo bem recebida pelos alunos e novos desdobramentos já estão sendo planejados. “Pensamos em organizar um grupo só de meninas para que elas fiquem mais a vontade para fazer perguntas. Percebemos que, no geral, as dúvidas das meninas são diferentes das dúvidas dos meninos, e muitas vezes elas ficam um pouco tímidas para perguntar na frente deles”, explicou Débora.

Os próximos encontros serão nos meses de agosto e setembro e vão tratar sobre alterações e mudanças no corpo dos adolescentes e bullying. O projeto, aprovada no edital Aproex nº. 04/2018, conta ainda com a interação dos alunos do curso superior de Pedagogia Bilíngue e do técnico integrado de Tradução e Interpretação de Libras/Português, que ajudam na divulgação das ações, na organização do espaço e na pesquisa de sinais em Libras utilizados pelos surdos da região.

Além das palestras, há um plantão de atendimento às dúvidas. Toda quarta-feira, no intervalo das aulas do período vespertino, os alunos são recebidos na Coordenadoria Pedagógica para tirar dúvidas e conversar sobre os assuntos debatidos nos encontros.

Mais informações e inscrições podem ser realizadas por meio do e-mail debora.casali@ifsc.edu.br.

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