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Que lições do futebol podemos tirar para os estudos?

BLOG DO IFSC Data de Publicação: 16 nov 2022 09:16 Data de Atualização: 16 dez 2022 08:37

Começa no próximo domingo, dia 20, um dos eventos esportivos mais importantes do planeta e que tem uma relevância enorme para os brasileiros. É a Copa do Mundo de futebol masculino, que chega a sua 22ª edição. A Seleção Brasileira é a maior vencedora da competição, com cinco conquistas, e tentará a sexta taça jogando no Catar, país do Oriente Médio que será a sede do torneio.

O futebol é o esporte mais popular do Brasil, o que - aliado ao sucesso da Seleção Brasileira, -ajuda a explicar por que a Copa do Mundo é tão importante para nós. A cada quatro anos, ruas e casas são decoradas de verde e amarelo e famílias e amigos reúnem-se para torcer pelos nossos jogadores. Aproveitando o momento e o clima (tá todo mundo respirando Copa do Mundo, não é?), trazemos algumas lições do futebol que você pode levar para os estudos e também algumas curiosidades sobre esse evento.

Quem vai nos ajudar a abordar essas lições é a Carine Marla Bosetti, que tem as experiências de ser estudante, atleta (inclusive com participação em Copa do Mundo Sub-17 pela Seleção Brasileira) e hoje treinadora de futebol. Aos 31 anos, ela é graduada em Educação Física e tem pós-graduação em Gestão da Saúde Pública e em Fisiologia Aplicada ao Exercício Físico, além de ter feito vários cursos específicos para capacitação de treinadores da modalidade.

Catarinense de Concórdia, Carine foi jogadora de futsal e de futebol, tendo sido convocada para a Seleção Brasileira Sub-17 que disputou a Copa do Mundo da categoria em 2008, na Nova Zelândia. Desde 2017, vem atuando fora de campo, como preparadora física, auxiliar-técnica e treinadora de dois times de Caçador, onde vive, que disputam competições estaduais, brasileiras e sul-americanas: o Napoli e o Avaí/Kindermann, sua equipe atual, onde assumiu como treinadora (era auxiliar-técnica anteriormente) em junho, durante a disputa do Campeonato Brasileiro feminino.

Confira a seguir cinco lições do futebol que Carine leva para os estudos e que ela compartilhou com o Blog do IFSC.

1 - Disciplina

No futebol, disciplina está ligada tanto ao cumprimento das regras do jogo como ao respeito aos outros (companheiros de time e adversários) e à própria organização pessoal. Nos estudos, também há regras (sejam das instituições, de processos seletivos etc.) que devem ser compreendidas e cumpridas. Também devemos sempre respeitar professores, colegas de turma e concorrentes (no caso de processos seletivos) e ter rotina e métodos organizados para conseguir compreender os conteúdos.

“Assim como no futebol, para ir bem nos estudos devemos ter disciplina na maneira como nos conduzimos e agimos para buscar os nossos objetivos”, resume Carine.

Aqui no Blog do IFSC já produzimos alguns posts com dicas sobre como organizar seus estudos. Confiram com a gente no replay:

-> Dicas para organizar seus estudos
-> Como organizar uma rotina de estudo
-> 10 dicas para se preparar para o Enem

2 - Concentração

O atleta de futebol tem uma vida fora do esporte, com distrações e problemas, como qualquer pessoa. No entanto, para ter sucesso na modalidade, é importante concentrar-se nela nos momentos em que for exigido. Como diz Carine, “manter os olhos e o coração fixos naquilo que queremos”.

“Quando estamos concentrados naquilo que fazemos, temos a capacidade de executar melhor nossas ações e até mesmo de ouvir de maneira adequada, fundamental no esporte e nos estudos. Os ruídos sempre irão atrapalhar se não estivermos concentrados no que fazemos e aonde queremos chegar”, destaca.

Então, seja para uma partida de futebol ou para as aulas, a dica é: evite ruídos e concentre-se no que está fazendo, cuidando sempre da sua saúde mental para ter um bom rendimento.

3 - Comunicação

Estudar não é apenas absorver conhecimento, mas também repassá-lo e compartilhá-lo. Momentos como a apresentação de um trabalho em sala de aula ou em um evento fazem parte da vida dos estudantes, especialmente dos alunos do IFSC. Na graduação e no mestrado, é muito comum também nossos estudantes ministrarem aulas, precisando exercer suas habilidades comunicativas.

No futebol, não é diferente. O atleta tem que ouvir as instruções do treinador, mas também saber se comunicar para dialogar com ele, com seus companheiros de time, torcida e imprensa. Carine afirma que é importante, no futebol e nos estudos, “saber falar ou transmitir aquilo que queremos na forma como nos expressamos, seja de forma escrita, falada ou através da linguagem corporal”.

“Se tivermos uma boa comunicação, seremos ouvidos como queremos nos expressar, influenciaremos pessoas e, de certa forma, nossas atitudes e palavras não irão se confrontar, o que no futebol é importante para gestão de pessoas e nos estudos para expressar nosso conhecimento”, explica.

4 - Foco

Todo time tem um objetivo no campeonato. No fundo, todos querem conquistar a taça, mas, para alguns, uma colocação intermediária, uma boa participação ou mesmo evitar o rebaixamento para uma divisão inferior são suficientes. Os atletas também podem ter suas metas individuais, como conquistar prêmios, ser o artilheiro (jogador com mais gols) da competição ou ter um bom desempenho para conseguir um contrato melhor com sua equipe ou uma transferência para outra. Para atingir essas metas, sejam coletivas ou individuais, é importante ter foco.

“Costumo dizer que é olhar pelo buraco da fechadura e só enxergar onde queremos chegar ou o objetivo que queremos atingir. O foco ajuda e muito nas conquistas individuais e coletivas no futebol e, nos estudos, nos conduz para percorrer o caminho por onde devemos ir para conquistar nossos objetivos, abrindo mão momentaneamente ou por algum tempo daquilo que nos distrai para ir além”, diz Carine.

Seja qual for seu objetivo nos estudos - passar numa disciplina, terminar o TCC, passar no processo seletivo do IFSC -, manter o foco em onde você quer chegar é importante.

5 - Determinação

Não é fácil ser jogador de futebol. A maioria dos que tentam acabam ficando nas categorias de base. Difícil, porém, não quer dizer impossível. Segundo levantamento da federação internacional de futebol (Fifa) feito em 2019, aproximadamente 129 mil homens atuam como atletas profissionais da modalidade em todo o mundo e 832 deles estarão no Catar disputando a Copa do Mundo. Todos os que chegaram lá têm suas histórias pessoais, mas uma coisa em comum: determinação.

Para Carine Bosetti, “ser determinado é ter definido o que quer conquistar, o que quer ser e aonde quer chegar e todos os dias lutar por isso”. Na visão dela, quem é determinado em buscar seus objetivos está muito próximo de conquistá-los.

“É como entrar num jogo de futebol e jogar para ganhar, para fazer o gol, jogar pra frente, consciente de suas ações individuais e coletivas, dar tudo de si. Nos estudos a recíproca é a mesma e só se torna um profissional diferenciado aquele que é determinado”, afirma.

Então, bora colocar determinação nos estudos para atingir seus objetivos!

E o que podemos aprender com os jogos da Copa do Mundo?

A Copa do Mundo reúne 32 seleções de todos os continentes. É uma boa oportunidade para estudar e saber mais sobre países cujas notícias que recebemos no Brasil são escassas. Que tal aproveitar o seu interesse pelo futebol para expandir seus conhecimentos sobre geografia, história e cultura desses países?

Entre os temas que a Copa pode nos ajudar a compreender, estão os fluxos migratórios e a diversidade cultural dos países. Quem acompanhar os jogos vai perceber que muitas seleções têm vários atletas que são imigrantes ou filhos de imigrantes e seus times são um pouco diferentes dos estereótipos que são criados com relação a suas populações. São os casos de equipes como Alemanha, Canadá, Catar, França e Suíça, entre outras. Não estranhe se encontrar em campo um catari chamado Pedro Miguel, um americano de nome Jesús Ferreira ou o alemão de origem turca Ilkay Gündogan.

Essas seleções multiétnicas são reflexo das mudanças ocorridas nas sociedades dos diversos países e várias campanhas têm sido promovidas no meio do futebol para combater o racismo, que infelizmente ainda é um problema comum no esporte. Por isso, quem assistir a Copa deve observar várias manifestações da Fifa (em faixas ou placas de publicidade, por exemplo) e de seleções com mensagens contra o racismo. Sempre importante lembrar, como já dissemos aqui no Blog do IFSC: é preciso ser antirracista todos os dias do ano.

Temas ligados à geopolítica mundial também podem aparecer na Copa, especialmente por causa da partida entre Irã e Estados Unidos que vai ocorrer em 29 de novembro. Esse confronto, que já ocorreu na Copa do Mundo de 1998, reúne dois países que não têm relações diplomáticas formais desde 1980 por conta de guerras e retaliações comerciais.

O jogo entre Sérvia e Suíça, que estão no grupo do Brasil, ocorre em 2 de dezembro e é outro que tem um contexto político, já que alguns jogadores suíços são imigrantes ou filhos de imigrantes que fugiram da Guerra da Iugoslávia (1991-2001). Esses dois países se enfrentaram na Copa do Mundo de 2018 (quando, curiosamente, também estavam no grupo do Brasil) e atletas suíços manifestaram-se politicamente contra a Sérvia (país “herdeiro” da antiga Iugoslávia) na comemoração de gols ou mesmo com imagens em suas chuteiras.

Rússia e Ucrânia, países que estão em guerra no momento, não estarão na Copa, mas o conflito teve impacto na eliminatória continental da Europa. Após a invasão do país vizinho, a Rússia foi excluída da eliminatória pela confederação de futebol europeia (Uefa) e, consequentemente, da Copa do Mundo. A Ucrânia, que teve jogos adiados e precisou treinar fora de seu território (na Eslovênia), chegou até a última fase da eliminatória, porém, perdeu para o País de Gales na partida decisiva.

Falando nisso, o País de Gales está na Copa porque no futebol - diferentemente do que ocorre nas Olimpíadas, por exemplo - as quatro nações que formam o Reino Unido (ou Grã-Bretanha) têm suas próprias seleções, e duas delas estarão no Mundial: Inglaterra e País de Gales, que se enfrentam em 29 de novembro. O reino provavelmente não estará tão unido durante aqueles 90 minutos. :-)

A edição de 2022 da Copa do Mundo será a segunda realizada na Ásia e a primeira na região do Oriente Médio. Uma oportunidade para conhecer mais sobre essa parte do planeta e observar possíveis choques culturais. Por exemplo, ao mesmo tempo em que a Fifa e diversas seleções promovem campanhas anti-homofobia, no Catar, o país-sede da Copa, as relações homoafetivas são proibidas por lei e há dúvidas sobre como esse tema será tratado durante o evento, uma vez que torcedores da comunidade LGBTQIA+ de vários países devem ir ao Catar para assistir os jogos.

A Copa do Mundo também pode ser uma oportunidade para entender um pouco mais sobre matemática e estatística. Probabilidades de classificação e dados de desempenho dos jogadores (distância percorrida em campo, percentual de passes certos, efetividade de chutes a gol, entre outros) devem aparecer com frequência nas transmissões de jogos e na cobertura jornalística.

Viu como tem muita coisa além das quatro linhas na Copa do Mundo? Como escreveu o americano Franklin Foer, autor do livro Como o futebol explica o mundo, de 2005, “o futebol é muito mais que um esporte, ou mesmo um modo de vida: é uma metáfora da nova ordem mundial, com toda a sua complexidade”. Uau!

O Futebol na Academia: Pesquisadores falam sobre a história do futebol e várias questões que emergem dessa paixão nacional

Boa sorte nos estudos e na torcida pelo Brasil na Copa!

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