Como cuidar do seu ar-condicionado

IFSC VERIFICA Data de Publicação: 28 nov 2024 17:47 Data de Atualização: 28 nov 2024 18:44

Vem chegando o verão e, com ele, o calorão . A cada ano, as temperaturas ficam mais extremas, com os verões cada vez mais quentes, e para lidar com esse calor e deixar o ambiente mais agradável, muitas vezes temos que recorrer ao aparelho de ar condicionado.

Muita gente, porém, só se lembra da existência do ar-condicionado quando o tempo esquenta. Mas será que podemos usá-lo depois de um longo tempo sem limpeza e manutenção? Ou isso pode trazer riscos para a saúde e danificar o equipamento? 

Para saber sobre o assunto e trazer algumas informações e orientações, entrevistamos o professor Marcelo Luiz Pereira, do Câmpus São José do IFSC. Marcelo possui graduação em Engenharia Mecânica e mestrado em Engenharia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), além de doutorado-sanduíche em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Queensland, da Austrália.

Marcelo pesquisa principalmente sobre os seguintes temas: condicionamento de ar, ventilação, salas limpas, controle de contaminação e qualidade do ar. Neste semestre, Marcelo ministra, entre outras disciplinas, a de Ventilação e Qualidade do Ar para o curso técnico em Refrigeração e Climatização.

As informações a seguir foram repassadas pelo professor do IFSC. Tome nota de tudo e aproveite que ainda faltam algumas semanas para o verão para deixar seu ar-condicionado em condições de uso para a estação mais quente do ano. Em resumo: seguindo alguns cuidados e realizando manutenções periódicas, você pode otimizar o desempenho do seu aparelho e prolongar a vida útil dele.
 

O ar-condicionado precisa ser higienizado com frequência?

 

A resposta é: sim. “Se já faz muito tempo que o equipamento não é limpo, é provável que ele precise de uma manutenção”, destaca o professor Marcelo Pereira.

A falta de higienização regular do ar-condicionado pode causar problemas de saúde e danificar o aparelho. Microrganismos como bactérias, fungos, ácaros, além de partículas de poeira, podem se acumular no aparelho, contaminando o ar do ambiente e provocando alergias, problemas respiratórios e até infecções. Manter o equipamento limpo é essencial para garantir um ambiente saudável.

O acúmulo de sujeira também reduz a eficiência do aparelho, causando, por exemplo, o desbalanceamento de ventiladores, aumentando o desgaste de peças e elevando o consumo de energia, o que pode reduzir a vida útil do equipamento com um todo. Componentes como o compressor e o motor podem ser sobrecarregados, causando falhas prematuras e exigindo reparos ou substituições mais frequentes.
 

Um aparelho de ar condicionado sem higienização pode apresentar acúmulo de microganismos como bactérias, fungos e ácaros, além de partículas de poeira, que causam alergias, infecções e problemas respiratórios
 

De quanto em quanto tempo devo higienizar o ar-condicionado?

 

A periodicidade de higienização do ar-condicionado depende do ambiente e da frequência de uso. Em residências, recomenda-se realizar a limpeza completa do aparelho a cada 6 a 12 meses, variando conforme o uso. Já os filtros do aparelho devem ser limpos mensalmente. Em ambientes comerciais ou escritórios, onde o aparelho fica ligado o dia inteiro, é importante fazer a limpeza dos filtros mensalmente e uma higienização completa a cada três meses. Isso ajuda a garantir o bom funcionamento e a qualidade do ar no ambiente.

O professor do Câmpus São José ressalta que a natureza do estabelecimento comercial também interfere na periodicidade da higienização. Em locais onde há tendência de haver muitas partículas em suspensão no ar - como em barbearias e salões de beleza - pode ser necessária uma frequência de limpeza do aparelho ainda maior.

​​​​​O proprietário pode realizar a limpeza dos filtros do ar-condicionado. Para isso, basta removê-los e lavá-los com água e sabão neutro, deixando-os secar completamente antes de recolocá-los no aparelho. Deve-se evitar o uso de produtos químicos agressivos, como desinfetantes à base de amônia ou cloro, que podem danificar ou acelerar o desgaste dos componentes do equipamento. ​​
Para a limpeza interna ou mais complexa, é recomendável contratar um profissional especializado, como um técnico em refrigeração e climatização.
 

O filtro do ar-condicionado é facilmente removível e pode ser limpo pelo próprio proprietário do aparelho com água e sabão neutro.
 

Mas, atenção: antes de realizar qualquer manutenção ou limpeza, é fundamental desligar o disjuntor do aparelho, interrompendo a corrente elétrica. Isso garante a segurança do usuário, evitando riscos de choque elétrico e danos ao equipamento.

 

O aparelho dá sinais de que precisa de manutenção?

 

Seu ar-condicionado pode dar alguns sinais de que precisa de higienização ou manutenção. Um dos primeiros indícios é a presença de barulhos estranhos, como vibrações ou ruídos incomuns, que podem sinalizar acúmulo de sujeira nas partes internas ou desgaste em componentes. Outro sinal comum é a diminuição do fluxo de ar, indicando que os filtros ou dutos de ar podem estar obstruídos, prejudicando a circulação do ar no ambiente.

Se o fluxo de ar diminuir ou houver um aumento na conta de luz, é possível que o aparelho esteja sobrecarregado devido à sujeira acumulada, o que reduz a eficiência energética dele. Vazamento de água também é outro sinal que pode ocorrer quando o dreno está entupido ou obstruído por sujeira. Além disso, um ar com cheiro ruim é um sinal de que há acúmulo de poeira, mofo ou outros contaminantes no sistema de ventilação.

Problemas relacionados à umidade no ambiente, como sensação de abafamento ou paredes úmidas, é mais um sinal que pode estar associado a um desempenho inadequado do ar-condicionado causado pela falta de limpeza. “Esse descuido também pode impactar diretamente a saúde dos usuários, desencadeando alergias, irritações respiratórias ou outros problemas, devido à proliferação de microrganismos e partículas nocivas no ar”, lembra o professor Marcelo Luiz Pereira.

Ignorar esses sinais pode resultar em problemas mais graves, tanto para o equipamento quanto para a saúde dos ocupantes. Manter o aparelho higienizado ajuda a prolongar sua vida útil e a evitar reparos frequentes.

 

Existe uma maneira certa de usar o ar-condicionado?

 

Alguns hábitos do dia a dia podem prejudicar a vida útil do ar-condicionado. Deve-se evitar usar o aparelho com portas e janelas abertas ou tentar resfriar mais de um ambiente com um único aparelho.

Aqui, um adendo às explicações do professor Marcelo Pereira: os aparelhos de ar condicionado têm uma capacidade específica, medida em uma unidade chamada BTU (sigla em inglês para “Unidade Térmica Britânica”). Na internet é possível encontrar várias calculadoras de BTUs necessários para climatizar um ambiente.

Em geral, considera-se o valor de 600 BTU por metro quadrado. Por esse cálculo, um aparelho com capacidade de 12.000 BTU consegue climatizar sem sobrecarga de trabalho uma área de 20 metros quadrados (600 x 20 = 12.000).

Voltando às explicações do professor do IFSC, ele lembra que também é importante não ajustar a temperatura do aparelho para valores muito baixos, pois isso sobrecarrega o compressor e aumenta o consumo de energia. Deve-se evitar ajustar o ar-condicionado para temperaturas abaixo de 23ºC. Embora isso não danifique o aparelho imediatamente, força o compressor a trabalhar continuamente para atingir a temperatura baixa, o que aumenta o consumo de energia e o desgaste do equipamento. Ajustar a temperatura entre 23ºC e 25ºC é suficiente para manter o ambiente agradável e economizar energia.
 

Ajustar o ar-condicionado para temperaturas abaixo de 23ºC força o compressor a trabalhar continuamente para atingir a temperatura baixa, o que aumenta o consumo de energia e o desgaste do equipamento. Uma temperatura entre 23ºC a 25ºC é suficiente para manter o ambiente agradável

 

O que mais devemos cuidar, além da limpeza?


Além da limpeza, é importante verificar periodicamente outros aspectos do funcionamento do aparelho. Isso inclui checar o nível de gás refrigerante (para identificar vazamentos), lubrificar partes móveis (quando for possível), avaliar a integridade das tubulações e dos isolamentos e fazer uma inspeção completa do sistema elétrico. “A manutenção preventiva ajuda a identificar e corrigir problemas antes que algo mais grave venha acontecer e antes que afetem o desempenho do aparelho”, lembra o professor. A recomendação é de que esses trabalhos devem ser feitos por um técnico especializado.

​​​​​A reposição de gás refrigerante não é necessária com frequência. Ela só deve ser feita se houver um vazamento. Em um sistema vedado adequadamente, o gás não se perde com o tempo. Se o desempenho do resfriamento diminuir, é importante verificar se há vazamentos antes de repor o gás.
 

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O técnico em Refrigeração e Climatização é o profissional habilitado a realizar a instalação, manutenção e supervisão de sistemas de refrigeração e climatização, conforme normas técnicas e de segurança. Tem como principais objetivos garantir o conforto térmico das pessoas e a conservação de alimentos. Mais recentemente, novos desafios foram apresentados aos técnicos da área, como a automação dos sistemas, o atendimento das demandas energéticas através de formas mais eficientes e sustentáveis e o controle da qualidade do ar nos ambientes internos.

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