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Professores realizam pesquisas para tentar identificar a causa dos casos de síndrome de Haff no Nordeste

CÂMPUS ITAJAÍ Data de Publicação: 17 mar 2021 19:40 Data de Atualização: 20 abr 2021 20:20

Desde 2020, estão sendo registrados casos de síndrome de Haff no Nordeste do país em que pacientes apresentam sintomas como dor e rigidez muscular, dormência, falta de ar e urina preta após a ingestão de pescados. O caso mais noticiado foi o da médica veterinária Cynthia Priscyla Andrade de Souza que faleceu no Recife em fevereiro deste ano em decorrência da síndrome, que é conhecida popularmente como “doença da urina preta”. Ao saberem dos casos, os professores do Câmpus Itajaí Mathias Schramm e Thiago Alves, que também atuam como pesquisadores do comitê de especialistas do grupo Ad hoc para resíduos e contaminantes em recursos pesqueiros do Ministério da Agricultura, dispuseram-se a auxiliar os órgãos públicos para tentar identificar o que estaria causando a síndrome e a dar suporte analítico, técnico e científico aos ministérios da Agricultura e da Saúde. “Nós estamos tentando contribuir nesta investigação para dar uma resposta para a sociedade sobre o que pode ter causado a síndrome de Haff. No Brasil, nós não temos laboratórios que façam essa análise, mas como o Laboratório Oficial de Análise de Resíduos e Contaminantes de Recursos Pesqueiros (Laqua) tem instrumentação analítica e nós temos conhecimento sobre essas técnicas, nós começamos a investigar. Já recebemos amostras de pescados do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do estado de Pernambuco e da Bahia”, afirma o professor Mathias Schramm.

O professor explica que a síndrome costuma estar associada ao consumo de peixes do gênero Seriola conhecidos também por olho de boi. “Uma das hipóteses que nós estamos trabalhando é para tentar identificar ficotoxinas que são produzidas por microalgas. Os peixes se alimentam dessas algas e de corais moles e acumulam essas ficotoxinas. A síndrome de Haff pode estar associada a um grupo de ficotoxinas chamado Palytoxinas, mas é muito difícil identificá-la. Para se ter uma ideia, em 2016 foram enviadas amostras de pescados para os Estados Unidos para o Food and Drug Administration (FDA), que é a agência federal do departamento de saúde dos Estados Unidos, e eles não conseguiram identificar a Palytoxina, porque esta toxina não costuma fazer parte do escopo analítico dos laboratórios e não há testes rápidos que a identifiquem.”

Além dos professores do IFSC, o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luiz Laureano Mafra Júnior também tem contribuído com as pesquisas. O grupo atua na análise das amostras e têm participado de uma série de reuniões junto à Anvisa, ao Ministério da Agricultura, ao Ministério da Saúde e ao Ministério Público.

Laboratório é referência em pesquisa sobre resíduos e contaminantes pesqueiros no escopo analítico das biotoxinas

O Laboratório Oficial de Análise de Resíduos e Contaminantes de Recursos Pesqueiros (Laqua), que integra a Rede Nacional  de Laboratórios da Pesca e da Aquicultura (Renaqua) do Ministério da Agricultura, está situado no Câmpus Itajaí e é uma referência nacional em pesquisas na área não só pela infraestrutura, mas também pela equipe técnica envolvida que é formada por professores e técnico-administrativos do IFSC. Além da pesquisa sobre os fatores que estão causando a síndrome de Haff no Nordeste, o laboratório tem sido utilizado pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) de Santa Catarina para a análise de amostras de água da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, que registrou nos últimos meses alta mortalidade de peixes.

“A direção-geral do Câmpus fica bastante contente em ver os nossos laboratórios sendo buscados pela comunidade externa para desempenhar atividades tão relevantes como essas. O IFSC é uma instituição de ensino, pesquisa e extensão, e faz parte de seus objetivos, além de desenvolver as atividades de ensino, ser referência em produção científica e desenvolvimento tecnológico. Temos potencial para contribuir ainda mais com a sociedade, abrindo nossas portas em busca de novas parcerias”, avalia o diretor-geral do Câmpus Itajaí do IFSC, Luis Fernando Pozas.

O reitor pro tempore do IFSC, André Dala Possa, também destaca a importância do trabalho desenvolvido pelo laboratório. “Dentro da nossa identidade de ciência e tecnologia, nada mais coerente que colocarmos as equipes a serviço da inspeção e sanidade da saúde animal por meio da contagem de algas nocivas e análise de toxinas. Os pesquisadores foram ágeis na elaboração do método analítico e assim colaboramos com uma investigação epidemiológica para tentar responder o que ocorreu com as vítimas dessa síndrome rara."

Live
Para conhecer mais sobre a pesquisa que vem sendo realizada assista a live sobre a doença de Haff  promovida pelo curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e que contou com a participação do professor Mathias Schramm. Para assistir à live, clique aqui.

CÂMPUS ITAJAÍ

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