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Professor do Câmpus São José está entre os pesquisadores mais influentes da América Latina

PESQUISA Data de Publicação: 15 nov 2021 23:02 Data de Atualização: 16 nov 2021 11:34

Um professor do Câmpus São José está entre os pesquisadores mais influentes da América Latina, segundo o ranking AD Scientific Index 2021. Joaquim Manoel Gonçalves, 54 anos, natural de Imbituba, é docente da área de Refrigeração e Climatização desde 1990, quando o câmpus ainda era uma unidade da então Escola Técnica Federal de Santa Catarina (ETF-SC), atual IFSC.

O ranking é baseado no índice de produtividade dos pesquisadores, conforme sistema de pontuação e número de citações no Google Acadêmico (apenas autores que têm perfil público e e-mail institucional na ferramenta são passíveis de ranqueamento), nos últimos cinco anos. No total, 11 professores de todo o IFSC apareceram entre os mais influentes da América Latina.

Joaquim atua com pesquisas na área de refrigeração, principalmente com desempenho e eficiência energética em sistemas de refrigeração, como ele mesmo define. Alguns dos trabalhos dele são com compressores, fluidos refrigerantes (usados para resfriar sistemas mecânicos), sistemas térmicos em geral e, mais recentemente, veículos elétricos. No AD Scientific Index, ele aparece entre os mais influentes da América Latina na área de Engenharia Mecânica - Refrigeração.

A ligação de Joaquim com o IFSC vem de antes mesmo de se tornar professor: ele é formado no  curso técnico integrado em Mecânica do atual Câmpus Florianópolis do IFSC (na época, ETF-SC), no qual ingressou em 1981, e vêm de lá os primeiros passos na sua área de atuação hoje. “Tinha um estágio obrigatório para ter o diploma de técnico. Apareceu uma vaga e era em Joinville, na Consul [fabricante de refrigeradores]”, lembra. Na época, ele tinha 17 anos. “Acabei gostando dessa área, que lá no início eu não imaginava como era.”

Depois, em 1985, ingressou no curso de Engenharia Mecânica da UFSC. Em 1989, foi aprovado em concurso para professor da ETF-SC em São José (cuja exigência era formação em nível técnico) e, no ano seguinte, concluiu a graduação, depois de novamente fazer estágio em Joinville na área de refrigeração. Durante o curso de Engenharia Mecânica, foi bolsista de iniciação científica no Núcleo de Ventilação, Refrigeração e Ar Condicionado (NRVA) da UFSC.

Desde os primeiros anos como professor de curso técnico no atual Câmpus São José, Joaquim teve vários estudantes seus fazendo pesquisa como bolsistas ou estagiários no laboratório da UFSC onde ele mesmo havia atuado como aluno de graduação e com docentes que ele já conhecia. "Isso foi uma das coisas que me manteve bem ativo e produtivo e permitiu que minha carreira ficasse bem dedicada para a pesquisa também, além do ensino. E também trouxe benefícios para muitos alunos”, lembra.

A parceria com a UFSC e com a indústria nas pesquisas, que o professor mantém até hoje, é uma das responsáveis por ele ter uma produção científica. “Meu caso é um exemplo de parceria institucional que funcionou bem. Minhas pesquisas foram desenvolvidas basicamente na universidade, mas sempre levamos alunos [do IFSC] e isso acabou beneficiando bastante nosso ensino na área de refrigeração. A gente acaba sempre se atualizando”, comenta.

No mestrado, Joaquim continuou a pesquisar na área de refrigeração e, logo depois, em 1996, fez estágio de um ano como pesquisador visitante nos Estados Unidos, no National Institute of Standards and Technology (Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia, em português), um laboratório e agência não-regulatória ligada ao governo daquele país cuja missão é promover inovação e competitividade na indústria. Na sequência, fez o doutorado, concluído em 2004. Em 2013, veio mais uma experiência no exterior, numa pesquisa de pós-doutorado na Universidade de Karlsruhe, na Alemanha, referência na área de refrigeração.

Para o professor do IFSC, características pessoais ajudam a formar um bom pesquisador, mas é importante também que o ambiente ajude no desenvolvimento da pesquisa. “O sistema tem que estar preparado pra motivar, alimentar a curiosidade sobre como as coisas funcionam. Talvez o ensino médio seja o mais decisivo para criar a estrutura pensante e a capacitação da nossa socedade”, avalia.

Ele considera o Brasil ainda um país periférico e com indicadores baixos em educação e pesquisa e que quem atua em instituições de ensino e pesquisa deve buscar ajudar a mudar esse panorama. “Temos que tentar buscar melhorar nosso desempenho e abrir as portas para quem está chegando, criar um ambiente de pesquisa que seja legal”, comenta.

O que faz um bom pesquisador?

Em mais de três décadas de vida acadêmica e de pesquisa, o que mais motivou Joaquim Gonçalves, segundo ele próprio, foi o interesse em saber mais, em ampliar seus conhecimentos. “Por natureza minha, o mais importante sempre foi o conhecimento. Foi descobrir entender as coisas, melhorar o meu conhecimento. Acho que isso naturalmente passa para os teus colegas, para os teus professores, para os teus alunos. Hoje olho para isso e vejo que isso me ajudou e estou colhendo os frutos”, diz o professor. Para ele, o reconhecimento e o retorno financeiro não foram grandes motivadores. 

Por sua experiência pessoal, ele acredita que, para ser um bom pesquisador, é necessário ter sempre vontade de aprender e buscar pessoas de referência como exemplos a seguir. Conseguir criar e manter parcerias para o desenvolvimento de pesquisas e conhecer outras áreas além daquela em que o pesquisador tem formação ajuda a ampliar as possibilidades, na visão dele. Não se deve, porém, esquecer de equilibrar a vida profissional com a pessoal, avalia o professor. “Se você não está em equilíbrio com sua vida particular, não é sustentável a vida”, alerta.

Por fim, o professor do IFSC destaca que, em ciência, “você é confrontado com seus resultados”. “Muitas vezes eu tinha um resultado para apresentar que não agradava. Aí tu tens que ser muito honesto contigo, senão depois tu vais responder por isso, porque o teu trabalho vai sair errado. Você tem que ser muito verdadeiro para tua pesquisa ter resultado de relevância. Não se preocupar com o resultado primeiro, não botar tendência", adverte.

O ranking

A sigla “AD” do AD Scientific Index vem dos sobrenomes de seus criadores, os pesquisadores turcos Murat Alper (A) e Cigan Döger (D). O ranking é baseado no desempenho científico e valor agregado da produção científica dos cientistas individualmente nos últimos cinco anos. Por meio de nove parâmetros, os cientistas são ranqueados em 12 áreas do conhecimento, 256 ramos e 11 regiões geográficas (uma delas, a América Latina), além de classificações mundial, por países e instituições. Segundo seus autores, o ranking é produzido de maneira independente, sem patrocínio de instituições, países ou fundos.

Saiba mais no site do AD Scientific Index.

PESQUISA CÂMPUS SÃO JOSÉ

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