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Impressão 3D: projetos do Câmpus Joinville usam manufatura aditiva para produção de material pedagógico para pessoas com deficiência visual

CÂMPUS JOINVILLE Data de Publicação: 23 dez 2021 10:54 Data de Atualização: 23 dez 2021 15:09

Em uma pesquisa rápida em sites de busca, a gente descobre que impressão 3D é uma forma de tecnologia de fabricação aditiva, em que, basicamente, um modelo digital é transformado em um objeto físico tridimensional por sucessivas camadas de material. Com a sua popularização, este tipo de impressora está presente em vários ramos e possibilita desde impressões personalizadas de um chaveiro, por exemplo, a próteses ortopédicas e produtos aeroespaciais. E se nem o céu é o limite para a criatividade e possibilidades da impressão 3D, o que dizer do uso na educação? Projetos do Câmpus Joinville estão testando esses limites na produção de material pedagógico para pessoas com deficiência visual, em parceria com a Associação Joinvilense para Integração dos Deficientes Visuais (Ajidevi).

Atualmente, a manufatura aditiva está sendo usada com diferentes finalidades, como confecção de protótipos relacionados à Covid-19, modelo do sistema espacial, materiais didáticos para alfabetização em braille, jogos de tabuleiros e mapas. “São soluções particulares que a impressão 3D possibilita, porque você pode criar modelos para uma aplicação específica ou para um público específico. E, no caso das pessoas com deficiência visual, há uma carência enorme de material e, ao mesmo tempo, uma infinidade de possibilidades”, enfatiza o professor da área de Elétrica, Stefano Romeu Zeplin.

Além dos parâmetros convencionais da impressão 3D, os processos de criação e impressão dos modelos para as pessoas com deficiência visual precisam levar em conta outros fatores importantes, como formato, textura, posição espacial, quantidade de elementos e detalhamento das peças, de acordo com a faixa etária e nível de aprendizado braille do público a que se destina.

“Deve-se atentar aos detalhes da peça para que a experiência seja incrível ao toque”, conta o estudante do nono módulo de Engenharia Mecânica do Câmpus Joinville e bolsista voluntário, Jonathan Maia. Por isso, todos os protótipos são levados para a validação dos usuários.

Segundo a coordenadora pedagógica da Ajidevi, Carla Maria Machado Vidotto Knittel, a parceria com o IFSC está sendo muito importante para a associação. “O material didático feito na impressora 3D traz muitos benefícios para o aprendizado das pessoas com deficiência visual. Elas demonstraram muito interesse em conhecer o material e avaliar sua funcionalidade. Ficaram felizes em saber que existem pessoas pensando no benefício delas e se sentem importantes em participar do processo”, conta a pedagoga.

Relações fortalecidas na pandemia

A parceria entre IFSC e Ajidevi começou com o projeto “Conscientização das pessoas com deficiência visual sobre os perigos e cuidados em relação à Covid-19 com o auxílio da manufatura aditiva”, que tem como objetivo desenvolver ou adaptar modelos 3D para que pudessem ser usados em atividades lúdicas que esclarecessem o que é o coronavírus e como acontece a transmissão.

“A pandemia ocasionada pela Covid-19 tem provocado uma mudança no comportamento e formas de aprendizagem, que só pode acontecer se a comunicação ocorrer de forma adequada com o público a qual se destina. No Brasil, a estimativa de pessoas que são totalmente cegas é de mais de 500 mil. A audição lhes permite tomar conhecimento de informações diversas, mas é somente através do tato é que eles podem efetivamente ‘ver’ a forma e conhecer as interações do ‘objeto’ com o meio em que se relaciona”, justifica professor Stefano, que coordena o projeto.

A partir do protótipo do coronavírus, que foi o primeiro objeto levado para validação na Ajidevi, o projeto ganhou novos desafios e ideias para atender às necessidades da associação nesta área. Agora, estão sendo testadas diversas formas de transformar as orientações de prevenção em jogos, plaquetas de sinalização e livretos, além de modelos de células e versão interna do coronavírus.

“É muito difícil encontrar materiais didáticos adaptados, principalmente para os cegos totais. Esse material veio enriquecer nossas aulas dando mais qualidade ao aprendizado dos alunos”, conta a coordenadora pedagógica da Ajidevi. A ideia é que, a partir da validação destes materiais, os mesmos processos sejam usados de modelo para outras doenças.

Possibilidades ampliadas

Após o primeiro contato com a Ajidevi, as ideias para novos projetos foram organizadas e repassadas para as demais áreas do câmpus. Ainda na área de material pedagógico, professor Stefano tem um projeto específico para alfabetização em braille, por meio de blocos do tipo lego, e outro para o ensino de geografia, com a confecção de mapas tridimensionais de Joinville, com identificação de bairros ou regiões por diferenciação de textura.

Na área esportiva, o projeto “Desenvolvimento de materiais adaptados no contexto da singularidade cognitiva e sensorial do deficiente visual utilizando manufatura aditiva e sistemas embarcados”, coordenado pela professora de Educação Física Juliana da Silva, tem a meta de confeccionar jogos de tabuleiro para pessoas com deficiência visual, procurando minimizar os custos de produção e maximizar a qualidade em relação aos modelos existentes no mercado.

Já o professor Fernando Claudio Guesser, de Física, inscreveu o projeto “Sistema interativo da conquista espacial com ajuda da manufatura aditiva”. O objetivo é criar um modelo em escala da área da superfície na lua e do módulo lunar, para ilustrar a chegada do homem na lua, em 1969.

“Apesar de estar diariamente em contato com impressão 3D, é surpreendente como sempre há uma nova forma de encaixar impressão 3D em diversas áreas. Na acessibilidade é um desafio muito gratificante”, comenta o bolsista Jonathan Maia, que trabalha em uma empresa de importação de impressoras 3D, insumos e peças e é um entusiasta dos usos que a manufatura aditiva permite. “É sensacional ver que, com nossa dedicação e esforço, podemos contribuir para que algumas pessoas consigam ter uma experiência que não teriam normalmente.”

Para algumas peças, a equipe usa repositórios abertos em que diversos modelos 3D estão disponíveis gratuitamente na internet, para otimização conforme a aplicação. Da mesma forma, segundo professor Stefano, os modelos que vêm sendo desenvolvidos no Câmpus Joinville serão disponibilizados para que também possam ser utilizados por outras pessoas em qualquer lugar do mundo.

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