Mestra de cerimônias cadeirante quer promover inclusão no setor de eventos

CÂMPUS FLORIANÓPOLIS-CONTINENTE Data de Publicação: 21 mar 2023 07:45 Data de Atualização: 21 mar 2023 13:59

A formatura dos cursos técnicos e Proeja do Câmpus Florianópolis-Continente deste semestre teve algo pouco comum em eventos: uma mestra de cerimônias cadeirante. Andréa Vieira Arêas, atualmente estudante do curso técnico em Guia de Turismo Nacional e do curso de qualificação em Recepcionista de Eventos e egressa do curso técnico em Eventos (todos do Câmpus Florianópolis-Continente), foi a primeira cadeirante a conduzir uma formatura presencial no câmpus. O evento oorreu na última quinta-feira, 16 de março.

Foi também a primeira vez que Andréa foi mestra de cerimônias em um evento presencial - ela já havia feito esse trabalho anteriormente em uma formatura e um seminário do câmpus de maneira online, durante a pandemia de covid-19. “Ainda tô muito feliz. Tô vivendo o momento. Foi desafiador, e eu gosto de desafios”, comentou emocionada a estudante, um dia após ter conduzido a formatura.

Andréa espera que sua atuação como mestra de cerimônias ajude a diminuir preconceitos e mostrar que a inclusão no setor eventos é possível e não só para pessoas com deficiência (PCDs). “O setor de eventos é pouco inclusivo não só com PCDs, mas também para LGBTQI+, negros, enfim, vários públicos. Geralmente nos eventos há um perfil ‘padrão’ de pessoas. Mas temos que buscar o caminho de 100% de inclusão”, diz.

A percepção de que há uma baixa inclusão no setor de eventos é corroborada pela professora Ení Maria Ranzan, que leciona, entre outras disciplinas, a de Cerimonial e Protocolo nos cursos do câmpus e tem mais de 20 anos de experiência na área de eventos. “Eu não lembro de ver uma pessoa cadeirante como mestre de cerimônias em um evento antes”, afirma. 

Para Ení, Andréa tem bastante potencial para poder atuar como mestra de cerimônias por ser muito dedicada e bem articulada. A professora espera que o exemplo da estudante mostre que as PCDs podem trabalhar em diversas atividades no setor de eventos. “A gente está mostrando para o mercado o potencial desses profissionais, que têm competência para atuar e talvez não sejam convidados por causa dessa percepção de que eles podem ter alguma limitação no trabalho, o que não é verdade”, ressalta.

Esporte e ativismo

Natural e moradora de Florianópolis, Andréa tem 38 anos e desde os 20 é cadeirante, por causa de uma lesão medular. Ela conta que não tem conseguido muitos trabalhos na área de eventos a não ser em bilheterias, atividade na qual já tem 13 anos de experiência por atuar em dias de jogos de futebol no estádio do clube Avaí, no bairro Carianos.

Andréa, que antes de sua condição atual era atleta de natação, continua no esporte hoje: desde 2018 integra a associação Surf sem Fronteiras, no bairro Barra da Lagoa, que visa incluir PCDs nessa modalidade. Atualmente, Andréa é vice-presidente da associação e também já participou de competições de surfe adaptado. Ela planeja, ainda, criar um projeto para incentivar empresas da área de eventos a promoverem a inclusão em seus quadros de funcionários de diversos grupos hoje marginalizados.
 

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