Placas fotovoltaicas garantem qualidade de vida para criança com síndrome rara

EXTENSÃO Data de Publicação: 10 fev 2023 09:54 Data de Atualização: 16 fev 2023 12:55

Estudante do curso técnico em Eletrotécnica do IFSC Câmpus Criciúma, Saymon Possenti Scholz tem uma missão além de se dedicar aos estudos: conscientizar as pessoas sobre o autismo. No IFSC, ele costuma participar de palestras e apresentações culturais, compartilhando com a comunidade acadêmica sua história e a mensagem que pode ser sintetizada em uma música que ele mesmo fez e sempre apresenta nestes momentos.

“Autismo é apenas
um jeito diferente de ser
Não faz de ninguém menos ser humano
Do que eu ou que você”

Saymon tem um motivo para essa dedicação ao tema. Seu filho, Samuel, de 9 anos, tem autismo severo e foi diagnosticado com a Síndrome de Dravet, uma encefalopatia rara que pode provocar crises epiléticas. Foi ao receber o diagnóstico de seu filho que Saymon descobriu que também é autista, sendo diagnosticado com a forma leve do transtorno.

Interessado em tecnologia, Saymon criou uma ONG em que divulga o tema e também busca apoio para desenvolver projetos que possam auxiliar no processo de ensino e aprendizagem de crianças autistas. A entrada no IFSC teve esse objetivo: aprimorar seus conhecimentos e tirar do papel algumas de suas ideias. Uma bem importante acaba de ser realizada, com o apoio de seus colegas de curso técnico em Eletrotécnica.

Orientados pelos professores Geóvio Kroth, Guilherme Manoel da Silva, Lucas Cúnico e André Rosso, com apoio do técnico de laboratório do IFSC, Daniel Máximo Behenck, os estudantes Rômulo Moraes, Alexsandro Machado, Adalberto Cássio de Souza e Tulian de Assis, além do próprio Saymon, projetaram e executaram a instalação de painéis solares na casa de Saymon. Como as crises epiléticas estão associadas às altas temperaturas, o objetivo de Saymon era climatizar sua casa para minimizar as crises de seu filho. O recurso da energia solar é uma forma de garantir que o custo do ar-condicionado ligado o tempo todo não seja tão alto.

“A Síndrome de Dravet é uma neuropatia que tem, como uma das características, crises de difícil controle, e um dos gatilhos dessas crises é justamente o aumento repentino de temperatura. Se o corpo sofre uma mudança muito repentina de temperatura, pode haver uma crise convulsiva, como já aconteceu em verões passados. E eu estava bastante aflito porque, sabendo disso, no ano passado fizemos uso excessivo do ar-condicionado, quase de forma ininterrupta, para evitar as crises. Quando a conta chegou, ficou muito mais alta que a nossa capacidade”, conta Saymon.

O projeto começou a ser idealizado na disciplina de Projeto Integrador 3, com Saymon e Tulian discutindo a ideia. No semestre seguinte, o projeto começou a ser colocado em prática e recebeu auxílio de estudantes que estavam participando de um curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) em Energias Renováveis, que estava sendo oferecido no Câmpus Criciúma. O projeto foi registrado como ação de extensão.

“Considerando que se trata de uma família de baixa renda, que possui limitações para arcar com os elevados custos da energia elétrica necessária, um sistema de geração fotovoltaica conectado à rede elétrica da residência permite que o custo global de energia elétrica seja reduzido, uma vez que parte da energia será gerada localmente pelo sistema. A instalação de tal sistema está alinhada com as aptidões desenvolvidas no curso técnico em Eletrotécnica, o que permite a integração entre teoria e prática durante a execução do projeto”, dizia a justificativa.

Os alunos realizaram um levantamento dos parâmetros necessários e elaboraram o projeto do sistema fotovoltaico dimensionado para a casa. Suportes, cabos, estrutura, placas e até mesmo o inversor foram fornecidos pela empresa PHB, que se sensibilizou com a proposta, por um custo bem abaixo dos valores de mercado. Os estudantes ficaram responsáveis pela montagem da estrutura e do sistema elétrico, além do acompanhamento da operação inicial. As placas foram instaladas no mês de dezembro e o monitoramento remoto feito pelos professores já demonstra a economia de energia.

“Foi bem gratificante participar desse projeto. Foi um aprendizado novo, porque eu trabalho na área de eletricidade mas nunca havia trabalhado com sistemas fotovoltaicos. Tivemos a orientação dos professores e foi um grande aprendizado poder colocar em prática aquilo que aprendi na teoria”, diz o estudante Rômulo.

Para Saymon, os resultados já são concretos. “Este mês eu tive a grata surpresa de receber uma conta de luz que foi 10% do valor. Fiquei bastante contente”, relata. “Quero agradecer a Deus, que me deu forças para lutar em busca de uma melhor qualidade de vida para meu filho Samuel. À minha família, que me deu suporte e apoio, sendo o motivo de eu chegar até a etapa final do curso técnico em Eletrotécnica. O colega Tulian, que em 2022 desenvolveu e concretizou este projeto comigo. E a todos os professores e à Coordenadoria de Extensão do IFSC Criciúma, além da empresa PHB, que contribuíram neste projeto. Vocês mudaram a história da minha família para muito melhor”, finaliza.

CÂMPUS CRICIÚMA EXTENSÃO