Professora do IFSC participa de hackathon promovido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública

EVENTOS Data de Publicação: 17 mar 2025 10:29 Data de Atualização: 17 mar 2025 10:44

A professora Bianca Antônio Gomes, do Câmpus Palhoça Bilíngue do IFSC, integra uma equipe de pesquisadores que vai disputar a fase final do “Hackathon: Tecnologias Disruptivas para Segurança Pública”, promovido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O evento ocorre de terça a quinta, 18 a 20 de março, em Brasília.

O hackathon é “um evento que reúne programadores, designers e outros profissionais ligados ao desenvolvimento de software para uma maratona de programação, cujo objetivo é desenvolver um software ou solução tecnológica que atenda a um fim específico”, conforme define a comunidade Hackathon Brasil.

O concurso promovido pela Senasp está em sua primeira edição e tem como objetivo construir soluções tecnológicas que apoiem as execuções de políticas públicas voltadas ao enfrentamento da criminalidade, ou da melhoria na qualidade de vida dos profissionais de segurança pública e defesa social.

A equipe da qual a professora Bianca Gomes faz parte é liderada por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), do Rio Grande do Sul, e desenvolveu uma plataforma tecnológica voltada para o acompanhamento psicológico de agentes de segurança, com o objetivo de prevenir transtornos como ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático e distúrbios do sono. A iniciativa, chamada “S.O.S. Mental – Serviço de Orientação à Saúde Mental”, busca melhorar as condições de trabalho desses profissionais, reduzindo afastamentos por questões de saúde e promovendo o bem-estar mental.
 

Origem

 

O projeto teve origem em uma pesquisa de doutorado na área de Educação Física na UFPel, conduzida pelo então doutorando e policial rodoviário federal Eduardo Frio Marins e co-orientada pelo professor Tiago Thompsen Primo. A pesquisa inicial focava no acompanhamento físico dos policiais para prevenir lesões musculares e reduzir licenças médicas. Depois, foi ampliada para a saúde mental, reconhecendo a necessidade de um suporte mais abrangente para os agentes de segurança.

O aplicativo S.O.S. Mental oferece ferramentas para avaliar e acompanhar o bem-estar psicológico dos profissionais de segurança, por meio de questionários validados e em parceria com especialistas da Polícia Rodoviária Federal. A tecnologia permite que os policiais relatem seu nível de estresse, carga de trabalho e hábitos de atividade física. Com isso, a plataforma pode antecipar problemas, sugerir medidas preventivas e encaminhar os agentes para atendimento especializado, quando necessário.

Além disso, o projeto busca desenvolver um modelo de intervenção contínua, utilizando inteligência de dados para identificar padrões de risco e propor soluções personalizadas. “Nosso objetivo é criar um impacto positivo tanto na qualidade do serviço prestado pelos profissionais da segurança quanto na sua saúde e bem-estar”, explicou o professor Tiago Primo em entrevista para o site da UFPel.

Atualmente, a equipe está desenvolvendo um protótipo do aplicativo, conhecido como Produto Mínimo Viável (MVP), que será aprimorado em eventos de inovação. Bianca está desenvolvendo a interface do aplicativo, focando na experiência do usuário.

“Inicialmente eu fiz um questionário para o usuário com perguntas abordando temas como: rotina de uso de aplicativos no dia a dia do usuário, recursos que o usuário gostaria que um aplicativo de saúde mental possuísse, necessidades de saúde mental dos usuários, problemas com a saúde mental, rotina de lazer e hobbies entre outros”, explica a professora do IFSC. Esse questionário foi aplicado para diversos agentes da segurança pública, como bombeiros e policiais rodoviários.

As respostas permitiram a Bianca diagnosticar os principais problemas de saúde mental enfrentados pelos potenciais usuários do aplicativo, identificar preferências no uso de interfaces e conseguir planejar recursos que mantivessem esse usuário utilizando a ferramenta continuamente.

“Durante o desenvolvimento do design de interface, além de questões de design como o bom uso de cores, tipografias, e aplicações de princípios de design como alinhamento, contraste e hierarquia eu também apliquei as principais heurísticas de usabilidade de interfaces de Jakob Nielsen”, complementa a professora. O dinamarquês Nielsen é um consultor em usabilidade na internet e referência mundial no assunto.

A professora Bianca Gomes é natural de Pelotas e fez duas graduações na UFPel (em Ciência da Computação e em Design Gráfico). Um dos integrantes da equipe foi colega de graduação dela no curso de Ciência da Computação foi quem a convidou a fazer parte da equipe.

 

Hackathon


A equipe que desenvolveu o S.O.S. Mental conquistou a segunda colocação na fase inicial do Hackathon e agora disputa a premiação final, com a expectativa de ampliar o impacto de sua inovação no setor. Após uma rigorosa avaliação na primeira fase, apenas oito equipes foram classificadas para a final.

Agora, os pesquisadores vão aprimorar o protótipo, apresentar sua solução à comissão avaliadora e disputar a premiação. Cinco integrantes de cada equipe viajarão a Brasília para participar de um intenso processo de imersão e refinamento, consolidando soluções tecnológicas voltadas à segurança pública no Brasil. A professora Bianca Gomes estará no evento, que ocorre na sede do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Esta será a primeira experiência de Bianca num hackathon. “Está sendo uma experiência ótima, porque estou trabalhando com uma equipe interdisciplinar de ótimos profissionais o que tem contribuído em muito para o meu aprendizado”, avalia. Para ela, a experiência traz benefícios para sua atuação como professora por ser uma experiência prática de desenvolvimento que depois será compartilhada com os estudantes.

“Para mim, é uma experiência do fazer mesmo, do dia a dia de desenvolvimento, algo que considero muito importante para professores de ensino técnico e, como sou professora de design do Câmpus Palhoça Bilíngue, é diretamente relacionado com os cursos onde ministro aulas [técnico em Comunicação Visual, técnico em Design Gráfico e superior de tecnologia em Produção Multimídia)”, diz. O contato com os profissionais da UFPel pode gerar parcerias em futuros projetos entre as duas instituições, acrescenta Bianca.

A programação do evento inclui palestras com profissionais especializados em tecnologias, segurança pública e saúde mental. As equipes também terão dois dias de imersão no desenvolvimento da solução, para aprimorar e finalizar o aplicativo tendo apoio de mentores em áreas como design, tecnologia e psicologia.

“Nesse tempo a equipe estará trabalhando sempre junta no projeto, o que acredito que será muito importante para realmente se obter uma solução com excelência. Pensar, focar e trabalhar só no projeto, sem interrupções externas: acredito que será algo bastante proveitoso para desenvolver um projeto desses”, opina Bianca.

O resultado do hackathon será divulgado em 27 de março. O concurso é dividido em três áreas - chamada de “desafios” pela organização - e em cada uma delas haverá premiação de R$ 10 mil para a equipe vencedora, R$ 5 mil para a segunda colocada e R$ 2,5 mil para a terceira. A equipe de Bianca está concorrendo no “Desafio 3 - Plataforma de Autoavaliação de Saúde Mental”.​​​​

EVENTOS CÂMPUS PALHOÇA BILÍNGUE