Amizades e aprendizados no ISEP

BLOG DOS INTERCAMBISTAS Data de Publicação: 01 nov 2023 10:30 Data de Atualização: 01 nov 2023 10:30

Pela primeira vez fora de Santa Catarina, Ezequias Samir Rogério é um dos nossos alunos participantes do Propicie na cidade de Porto, em Portugal. Ele é graduando em Engenharia Elétrica no Câmpus Florianópolis e está participando de um projeto no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), sobre o qual nos conta um pouco mais no relato que trouxemos hoje.

Além de falar sobre o projeto, o Ezequias também conta como tem feito novas amizades, aprendido a estudar de maneira mais autônoma e como tem sido a sua rotina em Portugal.

Se depois do relato você quiser saber mais sobre como participar de programas de intercâmbio pelo IFSC, como o que proporcionou essas experiências para o Ezequiel e muitos outros estudantes aqui do IFSC, confira o manual que preparamos para tirar suas principais dúvidas!

-> Leia o manual Como estudar no exterior pelo IFSC?

______________________________________________________________

 

A questão do idioma não tem sido um problema. Aqui no Instituto eu tenho contato majoritariamente com portugueses (inclusive alguns brasileiros), então, apesar das sutis diferenças entre o Português Brasileiro e o Português Europeu, a comunicação não é prejudicada. Esporadicamente converso com pessoas de outras nacionalidades, em inglês, no ISEP, no hostel onde estou morando e, algumas vezes, até nas estações de trem/metrô (quando peço informação a alguém que não fala português). Um momento engraçado em que tive de falar inglês foi quando uma norueguesa, que está se hospedando no mesmo hostel que eu, queria entrar na cozinha fora do horário de funcionamento e foi pedir para a senhora responsável pela limpeza, que é brasileira e não sabe falar inglês. Eu estava passando por perto, então ela olhou para mim e disse: “Fala com ela aí, meu filho”, e então eu expliquei sobre o horário.

Estou criando laços de amizade com os outros alunos do IFSC que vieram para o ISEP; alguns também do câmpus Florianópolis, outros de outros câmpus. Estamos saindo juntos para conhecer o Porto e outras cidades aos arredores. Compramos ingressos para assistir a jogos de futebol e também planejamos uma viagem para fora do país juntos. A galera do hostel também é bem legal e já me convidaram para sair algumas vezes, mas geralmente para ambientes que não curto muito, então acabo agradecendo mas negando o convite. Apesar disso, a gente conversa e brinca bastante lá.

No meu período no ISEP eu não terei aulas. É uma espécie de estágio, no qual eu desenvolvo um projeto do zero. As pessoas do GECAD (que é o departamento em que estou) tem se mostrado bastante prestativas e dispostas a me ajudar, principalmente o professor Luis Gomes, que está cumprindo o papel de orientador enquanto a professora Zita não retorna ao Instituto.

Este projeto que estou desenvolvendo será um programa, baseado na linguagem Python de programação, que terá como função monitorar os inversores do sistema fotovoltaico do GECAD. O objetivo deste programa é acessar o site de monitoramento dos inversores, obter informações de geração de energia, bem como meteorológicas (para isso, será utilizado outro site), durante um período ainda não definido, e armazená-las em uma base de dados. Após isso, a ideia é usar estes dados coletados de forma automática para gerar um relatório de rendimento do sistema fotovoltaico, com base na produção de energia real e a esperada. Inicialmente, minha maior dificuldade foi com a linguagem de programação, pois ainda não a domino 100%, mas tenho realizado cursos online ao mesmo tempo em que realizo as pesquisas necessárias para desenvolver meu projeto. Como estou fazendo isso sozinho, meu papel é dar vida a esta ideia e transformá-la em uma ferramenta para auxiliar na gestão de energia.

Como mencionei, tenho aprendido mais e mais sobre programação e a linguagem Python à medida que busco conhecimento para o andamento do projeto. Pessoalmente, estou desenvolvendo a habilidade de aprender coisas “sozinho”, ou seja, pesquisando por conta própria e sem o auxílio de um professor o tempo inteiro. Também tenho trabalhado bastante meu foco e minha disciplina, pois o tempo é curto e o projeto é longo, então evito distrações enquanto estou na minha sala no departamento. Como eu acredito que “nada é em vão e tudo é experiência”, tenho certeza de que todas essas horas de estudo e dedicação a um projeto de pesquisa, além, é claro, das viagens e do contato com outras culturas diferentes da minha, me darão algum retorno e me abrirão portas a curto, médio e longo prazo.

Estou morando em um hostel, onde divido o quarto com mais 3 pessoas (dois brasileiros e um português). Além deles, há pessoas de várias nacionalidades morando lá também. Ainda no Brasil, eu entrei em contato com diversas imobiliárias e locadores particulares em busca de um quarto privado em uma casa compartilhada, mas o valor dos aluguéis aqui em Portugal estão altíssimos ultimamente, em relação ao salário mínimo (algo que os próprios portugueses têm reclamado bastante). Então eu paguei por uma estadia de uma semana neste hostel, através de um site de reservas, com o objetivo de buscar outro lugar quando chegasse aqui. No entanto, acabei gostando do ambiente e o dono me fez uma proposta com um bom preço e optei por morar no hostel durante toda a minha estadia no país. Minha rotina por aqui é razoavelmente tranquila.

De segunda a sexta chego às 9h no ISEP, tenho uma hora de almoço (faço minha refeição no restaurante universitário) e saio às 17h. No hostel, eu fico pelo menos umas 3 horas trabalhando pelo computador, pois mantive meu estágio no Brasil de maneira remota. Já nos finais de semana, geralmente eu saio para conhecer outras cidades ou fico descansando e aproveitando um tempo só meu mesmo.

Em relação à alimentação, eu faço café da manhã, da tarde e jantar, pois almoço no ISEP. Ao preparar a minha comida, prefiro optar pelo típico arroz com feijão do Brasil, mas quando eu almoço fora, peço a comida tradicional da região. A famosa Francesinha do Porto, que é uma releitura do Croque Madame (típico prato francês), é uma delícia e cada restaurante tem seu próprio molho, o que diferencia um prato do outro. O Pastel de Nata daqui também é irresistível (com um cafezinho, então, não tem coisa melhor), mas ainda pretendo experimentar o Pastel de Belém, de Lisboa (dizem que há uma disputa entre as cidades para saber qual possui a melhor versão do doce).

A primeira pessoa a saber do intercâmbio foi a minha mãe, que depois contou aos meus irmãos. Todos ficaram surpresos, mas orgulhosos. Minha mãe é a típica “mãe coruja”, então assim que soube que eu ficaria fora do país por três meses, começou a se preparar psicologicamente para isso. Esperei tudo se confirmar e depois contei aos meus amigos, que me apoiaram e ficaram bastante felizes por mim. Essa é a minha primeira viagem para o exterior (na verdade, eu nunca havia nem saído de Santa Catarina) e primeira vez dentro de um avião, então é tudo muito novo para mim. A saudade da família e dos amigos é muito grande e, de vez em quando, me pego chorando, pensando na minha mãe. No entanto, apesar das 4 horas de diferença de horário, a gente se fala todos os dias, seja através de mensagens, ligações ou chamadas de vídeo.

Aos colegas que pretendem viver essa experiência, é essencial que vençam o medo, a incerteza, e se arrisquem. Eu mesmo tive que superar a insegurança e sair da minha zona de conforto, mesmo achando que era incapaz e que não conseguiria. Mas tentar não custa nada e o Propicie é um programa incrível que pode te levar a lugares nunca imaginados. Meu conselho é: acompanhem os editais, inscrevam-se e arrisquem-se. Muitas oportunidades (sejam elas acadêmicas ou profissionais) podem surgir após o intercâmbio, mas você só vai saber se tentar.

BLOG DOS INTERCAMBISTAS