Concerto Brasil-Itália celebra a amizade e faz defesa da cultura em Santa Catarina

EXTENSÃO Data de Publicação: 21 ago 2023 17:01 Data de Atualização: 03 set 2023 10:28

A celebração da amizade e a defesa da cultura foram a marca do Concerto Brasil-Itália, realizado na noite da última sexta (18), no Teatro Ademir Rosa, em Florianópolis. O espetáculo, com casa lotada, teve a regência dos maestros Giovanni Tenti, da Associação Ars Cantus Orchestra, com sede na cidade italiana Venegono Inferiore, e Irineu Lopes Melo, da Orquestra Experimental do IFSC (Oexp/IFSC).

“Este concerto, esta ideia é um milagre. É uma honra estar aqui essa noite”, afirmou Giovanni. Segundo o maestro italiano, o concerto final do projeto de intercâmbio entre musicistas da Oexp, do Câmpus Florianópolis, e da Ars Cantus foi a celebração de uma amizade que se consolidou ao longo de meses de preparação.

Tudo começou com a busca do maestro do IFSC por uma parceria de intercâmbio na América Latina, para enviar os estudantes dos cursos de Orquestra com nível mais adiantado. “Não conseguimos, porém, conversando com o pessoal da internacionalização (Assessoria de Relações Externas Internacionais - Arexi), eles conseguiram esse parceiro na Itália”, relembra.

Após os contatos iniciais, Giovanni recebeu cinco alunos do IFSC na própria casa, por três semanas. “Minha família saltou de três para oito membros. Fizemos curso e masterclass de regência, de coral e de orquestra, e foi uma experiência maravilhosa. Nos conhecemos muito de perto. Não apenas as questões musicais, mas um pouco de todas as questões da vida, desde a manhã até a noite” conta Giovanni.

“Ele (Giovanni) é um grande regente. Ele tem um grande trabalho, já fez mais de 700 concertos em toda a Europa, nas salas mais importantes. É a oportunidade de trabalhar com um grande artista da área. A importância é justamente didática e musical, para fazer crescer o nível dos nossos alunos” destaca Irineu, ressaltando que, atualmente, a Oexp tem alunos e ex-alunos em diversas universidades de música, inclusive fazendo doutorado no exterior.

Para o maestro do IFSC, desenvolver a música aqui no Brasil é fundamental para manter os talentos no país. “O nosso contrabaixista (Jhonatas Carmo), por exemplo, que está na Alemanha. Ele não volta mais e vai ficar lá, está tocando em orquestra profissional. Eles estão vendo um outro mundo, que não é só esse mundo aqui do Brasil, da música, porque às vezes você estuda, estuda e não consegue espaço”, diz Irineu.

A defesa da valorização da cultura e do investimento em cultura também foi feita pelo professor e musicista Fernando Bresolin, mestre de cerimônias do espectáculo. “As coisas culturais estão morrendo há muito tempo, na nossa frente. Por isso é muito importante que todos estejam aqui hoje e que essa casa esteja cheia não só hoje, mas que esse (teatro do) CIC esteja sempre cheio em cada produção cultural, especialmente as produções locais. Só assim o Estado e a cidade de Florianópolis começarão a ser reconhecidos para além das praias e também pela cultura e pela arte. Um evento como esse só é possível hoje em Santa Catarina porque é realizado dentro de uma instituição pública de ensino. Santa Catarina ficou pra trás no Brasil. Nós somos um dos dois Estados que não possuem uma orquestra pública estável, nós e o Estado do Tocantins. Fica o convite à reflexão para um grande projeto futuro, para que os alunos formados aqui e pela Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc) não precisem sair para trabalhar”.

Fernando também fez um pedido para que o IFSC destine recursos para construir uma sala de ensaios para a Oexp, já que a atual está pequena para o número de integrantes. “Fica esse pedido de reflexão para que possamos crescer como escola, como orquestra, como cidade e como estado”, finalizou.

O espetáculo

O repertório incluiu compositores nacionais consagrados, tais como, Villa Lobos, Chiquinha Gonzaga e Tom Jobim, regidos por Irineu;  e músicas italianas de compositores como Verdi, Rossini e Ennio Morricone, com a regência de Giovanni. 

Além da orquestra, o Concerto Brasil-Itália contou com a participação dos corais do IFSC (Câmpus Florianópolis), que comemora seus 45 anos, e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A filha do maestro Giovanni, Chiara Tenti, também participou, fazendo o solo de músicas italianas. Experiente, a soprano impressionou a plateia. As apresentações de Franciele Alves e das crianças Ivana Martinez e Pedro Fernandes Momm Dal Pont emocionaram os espectatores. Outra solista do coral foi Penelope Constante, de apenas 16 anos.

Estudante do curso técnico integrado de Química desde o segundo semestre de 2021, ela começou a frequentar o Coral do IFSC para acompanhar uma amiga, que não queria participar sozinha. Na noite de sexta, ela também emocionou o público em sua primeira apresentação solo para uma grande plateia.

“A experiência muito legal, por mais que estivesse ansiosa. Quando eu cheguei lá, eu respirei fundo e só cantei, e quando terminou eu fiquei feliz porque foi muito importante para mim. Quando acabou todo concerto, eu chorei de emoção. Foi meio difícil de acreditar que aquele momento realmente tinha acontecido”, lembra a soprano.

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