Projeto desenvolvido pelo IFSC qualifica atendimento a pacientes da Apae de Orleans

EXTENSÃO Data de Publicação: 04 ago 2023 12:42 Data de Atualização: 04 ago 2023 15:41

O Câmpus Criciúma do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e a Apae do município de Orleans apresentaram oficialmente nesta quinta-feira (3) o resultado do projeto de automação do processo de marcha utilizado no tratamento com o PediaSuit, utilizado por fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais para tratamento de pessoas com deficiência. O equipamento foi desenvolvido a partir de um projeto aprovado por professores do IFSC junto à Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação (Fapesc), sendo doado à instituição assistencial de Orleans.

O evento contou com as presenças de conselheiros regionais da Apae, da presidente da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), Jeane Rauh Probst Leite, e de representantes da Apae de Orleans, prefeitura municipal e direção do Câmpus Criciúma do IFSC. Na ocasião, as fisioterapeutas Morgana Righetto Zanin e Eduarda Borghezan apresentaram os resultados já verificados nos primeiros meses de uso do equipamento desenvolvido pelo IFSC.

O equipamento foi entregue à Apae de Orleans em novembro de 2022 e estava em período de testes. Ele é resultado de um projeto aprovado pelo professor Diego Fabre, do Câmpus Criciúma do IFSC, em chamada pública da Fapesc para projetos de pesquisa aplicada no IFSC. Intitulado “Automação do processo de marcha utilizado no tratamento com PediaSuit”, o projeto recebeu R$ 25 mil para pesquisa, desenvolvimento e implantação da autonomia do movimento de marcha utilizado pelas profissionais com os alunos atendidos pela Apae.

O projeto

O PediaSuit é um protocolo de terapia intensiva que utiliza um traje ortopédico para ajudar crianças com deficiência a realizarem exercícios de caminhada (marcha). No equipamento convencional, o traje é conectado a um trilho de uma gaiola funcional, onde o paciente realiza os exercícios. A automatização permite que a fisioterapeuta possa ter foco no paciente, controlando através de um tablet parâmetros como a carga do paciente sobre a esteira e a velocidade da marcha.

“A ideia deste projeto surgiu a partir de uma conversa com as fisioterapeutas que atuam na Apae de Orleans, que trouxeram essa demanda de fazer o processo automatizado deste equipamento, que comercialmente já existe. Incluímos neste equipamento o processo de elevação, então a fisioterapeuta consegue fazer o controle da distribuição de carga dos pacientes, incluímos uma esteira ergométrica adaptada, onde temos toda a parte de controle de velocidade, e tudo isso é controlado via tablet e controle remoto, também uma demanda apresentada pelas profissionais. Assim, a fisioterapeuta consegue acompanhar o paciente em tratamento, fazer toda a parte de controle e visualizar os dados do paciente no tablet”, explica o professor Diego Fabre.

Além de promover mais segurança para os pacientes, a automatização do processo permite qualificar o atendimento realizado pelas fisioterapeutas. “A diferença de uma esteira com treino de marcha de suspensão para uma esteira convencional é que o processo automatizado vai me proporcionar sustentar o paciente, eu consigo mensurar a descarga de peso adequada, além de facilitar o treino de marcha, melhorar o alinhamento, facilitar a troca de passos e também proporcionar melhor alinhamento corporal”, explica Eduarda Borghezan.

De acordo com Morgana Zanin, o protocolo PediaSuit é utilizado em pacientes com diferentes tipos de deficiência na Apae. “Usamos no início da marcha nas crianças, quando estão em treino de marcha e vamos ensiná-las a caminhar. Com a suspensão, facilita o caminhar delas. Vamos ensinar os primeiros passos, para depois passar para o andador, para a mão e conseguir a marcha automática. Também usamos com as crianças autistas, que têm a percepção corporal baixa, então com a suspensão e o treino de marcha, automatizamos a marcha e com o tempo praticamente eles chegam à marcha independente. Também usamos em casos de lesões, em que a criança não terá uma marcha independente, mas vamos fazer o treino para dar a posição do pé, melhorar a parte ósseo-muscular, dar maior fortalecimento e fazer a prevenção de deformidades neste caso”, explica a profissional.

Extensão

A ideia do projeto surgiu a partir de reuniões entre os professores do IFSC e as profissionais da Apae, instituição que já havia realizado um projeto em parceria com o IFSC, para o desenvolvimento de um guincho automatizado que auxilia na locomoção de pacientes. O Câmpus Criciúma do IFSC vem realizado uma série de projetos semelhantes, vinculando os trabalhos de conclusão de estudantes de cursos técnicos e de graduação a uma ação de extensão junto a instituições da região.

Como explica a coordenadora de Extensão do Câmpus Criciúma, Michele Guizzo, a discussão sobre a curricularização da extensão nos cursos de graduação começou um pouco antes de 2017, quando este processo foi implementado no curso de Engeharia Civil. A partir do esforço coletivo de entender como ampliar e qualificar as atividades de extensão nos cursos, acabou se criando uma cultura institucional de associar as atividades de ensino a intervenções extensionistas na comunidade.

“O que se percebeu é que algumas atividades práticas, como as disciplinas de Projeto Integrador, Trabalho de Conclusão de Curso e Estágio na Licenciatura, poderiam oferecer essa aproximação com a comunidade, que é a alma da extensão. A ideia é colocar o aluno em prática, em contato com aquilo que ele vai vivenciar depois de formado, entendendo as demandas da comunidade e pensando atividades que os alunos poderiam desenvolver durante as aulas, ajudando nosso entorno, seja escolas, empresas e instituições de maneira geral a resolverem seus problemas”, explica a professora. "À medida em que isso acontece, o Câmpus passa a ser também observado por esse entorno, por essa comunidade, e as demandas começam a chegar", conclui.

Para a diretora da Apae, Fabiana Hoffmann, parcerias como esta, envolvendo instituições como Fapesc, IFSC e Apae, beneficiam todos os envolvidos. “Ações como esta têm o poder de transformar vidas, além de fazer a diferença no trabalho dos nossos profissionais. Neste caso, especialmente nossos educandos foram muito beneficiados, já que este projeto qualifica o atendimento a quem necessita de uma reabilitação. Para os próprios alunos do IFSC estas ações são importantes, para que eles tenham um olhar significativo para as pessoas com deficiência”, afirma.

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