IFSC VERIFICA Data de Publicação: 28 jul 2020 15:27 Data de Atualização: 20 mai 2024 15:18
Elas entraram para o figurino em todos os contextos, por mais que sejam, por vezes, incômodas. Com a liberação da prática de atividades físicas, seja em ambientes ao ar livre ou em academias, as máscaras faciais também são item essencial nas novas normas de convívio social impostas pela pandemia. O problema é que, na prática de corrida, caminhada, ciclismo ou mesmo em atividades anaeróbicas, como a musculação, o desconforto respiratório que elas causam é inevitável.
Neste post, vamos te mostrar que, mesmo com a certa dificuldade que as máscaras podem provocar na prática de atividades físicas, vale a pena persistir e incorporar esse acessório ao kit esportivo: os benefícios de se exercitar neste momento pandêmico são muito importantes para manter lá em cima a almejada imunidade do organismo. Vamos abordar na sequência algumas questões como:
- Por que é importante manter a atividade física regular no cenário de pandemia;
- Como contornar o incômodo provocado pela máscara durante a atividade física;
- A diferença entre atividade física e exercício físico – e por que é importante saber até onde ir com cada um deles;
- Práticas bem simples a serem adotadas para voltar a malhar e manter regularidade.
Máscara: usar ou não usar durante a malhação?
Desde o início da pandemia, diferentes orientações foram passadas pelos órgãos de saúde sobre o uso da máscara facial. No início da situação de emergência sanitária, recomendava-se que não se adotasse o uso de máscaras descartáveis como forma de prevenção ao contágio, mas a lógica, naquele momento, era garantir o suprimento desse item de segurança aos profissionais de saúde.
Com o avanço da pandemia, o prolongamento da necessidade de medidas preventivas e o desenvolvimento de novos estudos, o uso de máscaras “caseiras” – ou seja, de uso não profissional – passou a ser recomendado e tornou-se, em muitos casos, obrigatório nos espaços públicos. Essa obrigatoriedade foi estendida aos ambientes coletivos onde as pessoas praticam exercícios, seja ao ar livre ou em academias.
A professora Andresa Silveira Soares, que atua na área de Educação Física no Câmpus Florianópolis, afirma que utilizar a máscara facial durante a prática de exercícios é extremamente importante, já que ela evita a propagação de gotículas que podem transmitir o novo coronavírus (e também outros patógenos). “Mesmo que ela incomode, é extremamente importante que sempre se utilize a máscara”, enfatiza. Andresa sustenta a recomendação mesmo com a posição da Organização Mundial da Saúde (OMS) – que, levando em conta o fato de as máscaras ficarem úmidas mais rápido durante a prática de atividades físicas, em função da respiração intensa e transpiração, orienta que esse uso seja evitado. “Mas exigem normas municipais e estaduais para que o uso seja unificado, portanto isso deve ser observado e as pessoas precisam se acostumar”, pondera. A Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte também defende a importância do uso das máscaras faciais, neste comunicado.
De fato, a máscara facial, seja ela de tecido ou de outro material, tende a umedecer mas rápido durante a atividade, e isso anula seu potencial de proteção. O recomendado, portanto, é que o esportista sempre tenha à disposição mais uma ou duas máscaras, para garantir o uso correto e seguro durante todo o treino. Além disso, diminuir a intensidade do treino pode favorecer a adaptação à máscara e também prolongar a vida útil do acessório. No vídeo abaixo, a professora Andresa Soares explica melhor essas recomendações e fala, também, sobre como a adaptação aos diferentes tipos de máscaras é algo individual.
Por que é importante manter atividade física regular neste momento de pandemia?
Lá em março, quando ainda não se tinha a real noção do que representaria a emergência de saúde pública provocada pelo novo coronavírus, muita gente deixou de lado atividades que exigissem sair de casa. Isso incluiu a prática de atividades físicas ao ar livre ou em estúdios e academias. Só que as pessoas provavelmente não imaginavam que a imposição do distanciamento social se estenderia por tanto tempo.
Movimentar o corpo é um hábito muito importante para a manutenção da saúde de forma integral, de acordo com a professora Andresa Soares, e isso engloba não apenas a parte física, mas também a saúde mental e o bem estar de forma mais ampla. Ela menciona que a recomendação da OMS é de que se pratique atividades físicas por cerca de 30 minutos diários, que podem ser, inclusive, fracionados nos diversos períodos do dia.
Essa atividade física mínima recomendada não é, necessariamente, exercício físico: enquanto as atividades físicas são, conceitualmente, os movimentos que tiram o corpo do estado de repouso, exercícios físicos são atividades programadas e sistematizadas. “Pode-se dizer que nem toda atividade física é um exercício físico, mas todo exercício físico, ou prática corporal, é uma atividade física”, detalha. Práticas cotidianas como varrer a casa, caminhar até o ponto do ônibus, passear com o cachorro, brincar com as crianças ou estender roupa no varal podem ser consideradas atividades físicas.
Na realidade do trabalho ou estudo remoto em home office, a rotina de muitas pessoas tornou-se mais sedentária. Por isso, Andresa reforça que é importante ter prestar atenção nos sinais que o corpo dá em reação à falta de atividade física. “É importante que as pessoas tenham consciência corporal, conheçam o seu corpo. Estamos num momento especial para as pessoas conhecerem as possibilidades e especialmente os limites do seu corpo, que dá respostas. Se você está há muito tempo sentada numa posição, trabalhando em home office, você vai sentir uma dor nas costas”, exemplifica. A melhor resposta a esse sinal específico seria parar um pouco, levantar-se, alongar, sair do estado de inércia.
Parei de malhar no começo da pandemia e o sedentarismo está me incomodando. Como voltar de forma segura?
A professora Andresa Soares recomenda que o retorno ou início de prática de exercícios físicos, no atual momento, seja feito de forma gradual. Não adianta querer recuperar muito rápido o tempo perdido e igualar a performance de antes da pandemia: a quebra na rotina e o próprio uso da máscara facial vão comprometer o desempenho. Mas é importante não se abalar ou desistir. “Neste momento, você não tem que estar preocupado com seu desempenho, e sim com o condicionamento físico”, recomenda Andresa. No vídeo, ela explica que a queda de performance é natural e salienta que o uso da máscara facial, além de ser importante para a proteção, não prejudica a saúde. Segundo ela, embora tenha havido boatos de que usar a máscara durante a atividade intensa pudesse comprometer a inalação de oxigênio, isso não é verdade.
Com a atividade física em locais abertos e em academias liberadas em muitos municípios, a tentação de recorrer a esses espaços é grande. Porém, Andresa enfatiza que, no momento pandêmico, o mais seguro é, ainda, recorrer à atividade física em casa. Se for inevitável sair ou ir à academia, é recomendável tomar várias precauções:
- Sempre utilizar a máscara facial, tanto em atividades ao ar livre quanto em ambientes fechados. Escolher aquela que melhor se adaptar ao rosto e, caso a opção sejam as de tecido, que o material não seja muito fino;
- Trocar a máscara facial sempre que ela ficar úmida. Ao sair para treinar, portanto, não se deve esquecer de levar máscaras limpas para reposição;
- Manusear a máscara adequadamente, apenas pelas alças ou tiras. Não se deve tocar com as mãos a parte da frente do acessório;
- Ao ar livre, deve-se seguir as recomendações dos órgãos públicos e manter a distância recomendada das outras pessoas. Caso haja alguma dúvida, a professora Andresa explica que essa distância segura pode variar, dependendo do tipo de prática e da velocidade que o esportista atinge: 4 metros para caminhada, 10 metros para corrida e 20 metros para ciclismo;
- Para manter a hidratação, beber água antes do treino e, se for preciso hidratar-se durante a atividade, retirar a máscara de forma segura, sem mantê-la no queixo ou em contato com outras superfícies;
- Se possível, priorizar as atividades físicas feitas em casa. Quem já é habituado a exercitar-se pode realizar séries por conta própria, tomando os cuidados necessários para evitar lesões. Sempre que possível, também é recomendada a orientação de um profissional de educação física;
- Se for muito importante recorrer a espaços públicos, pode-se intercalar exercícios físicos nesses locais com atividades em casa, reduzindo as saídas à rua;
- Caso opte por academias, observar se todas as medidas de segurança sanitária exigidas pelos órgãos públicos estão sendo praticadas com rigor (lotação máxima, disponibilidade de álcool em gel nos ambientes coletivos, higienização dos aparelhos) e também tomar os cuidados individuais (higienizar os aparelhos, usar máscara facial e trocá-la sempre que ficar úmida, manter-se afastado dos outros frequentadores). Veja a portaria do Governo de Santa Catarina que normatiza o funcionamento desses locais;
- Levar toalha de uso individual em qualquer exercício físico, para enxugar o suor do rosto e prolongar a vida útil da máscara;
- Em qualquer situação, priorizar a prática de atividades físicas em locais com poucas pessoas, de preferência arejados;
- Ter consciência de que o uso da máscara vai dificultar o desempenho, e, por isso, reduzir o ritmo. No caso de atividades aeróbicas, é importante reconhecer o limite do corpo e jamais remover a máscara total ou parcialmente (deixar só o nariz para fora não vale!). Em atividades como a musculação, pode-se aumentar o tempo de descanso entre as séries, garantindo uma melhor recuperação da respiração;
- Por fim, não precisa ter paranoia: o uso da máscara facial durante o treino não compromete a saúde.
-> Consulte também as perguntas e respostas da OMS sobre uso geral de máscaras faciais (em inglês).
-> Leia também informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde sobre o uso de máscaras de proteção.
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