INOVAÇÃO Data de Publicação: 16 dez 2019 11:47 Data de Atualização: 16 dez 2019 12:05
Um projeto desenvolvido em 2013 dentro do curso superior de tecnologia em Fabricação Mecânica, no Câmpus Jaraguá do Sul-Rau, foi o responsável por gerar a primeira Carta de Patente entregue ao IFSC pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O documento representa a última etapa do reconhecimento de patentes e, dentre os 44 pedidos de patente depositados pelo Instituto Federal desde 2009, é a primeira vez que um processo chega ao final. A Carta de Patente foi entregue aos autores da inovação numa cerimônia realizada nesta segunda-feira (9), no auditório da reitoria, em Florianópolis.
A patente reconhecida pelo INPI trata de uma melhoria no uso de abraçadeiras criada pelo professor Edson Sidnei Maciel Teixeira e pelos então estudantes Jairo Nunes dos Santos e Joacir Luiz Kreis. “É uma inovação na disposição construtiva, com sistema de duplo avanço para o aperto de abraçadeiras: quando o usuário faz um giro para fechar a abraçadeira, o sistema avança dois, pois são duas roscas conjugadas, uma interna e outra externa. Assim, as fixações em abraçadeiras se tornam mais rápidas e leves”, explica o professor do Câmpus Jaraguá do Sul-Rau. Assista uma simulação do funcionamento do sistema.
Após o sistema ser desenvolvido em 2013, os pesquisadores identificaram o potencial de inovação e começaram o processo de depósito de patente, que envolve também a realização de estudos de anterioridade. O depósito da patente ocorreu em 17 de novembro de 2014 e, cinco anos depois, a Carta de Patente foi emitida pelo INPI. Saiba mais sobre o processo na entrevista com o professor Edson Teixeira.
Para o estudante formado em Fabricação Mecânica e um dos autores do projeto, Jairo Nunes dos Santos, a participação no desenvolvimento dessa inovação deve abrir portas na sua trajetória acadêmica. Atualmente ele retornou ao IFSC e cursa licenciatura em Educação Profissional e Tecnológica, mas sua meta é chegar ao mestrado. Com a patente no currículo, ele espera que o processo seletivo para pós-graduação seja facilitado.
Segundo o pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação, Clodoaldo Machado, a conquista da primeira Carta de Patente para o IFSC é uma prova de que a instituição está no caminho certo para melhorar a sociedade. “A patente surgiu a partir da identificação de um problema, que foi objeto de uma pesquisa e resultou nesta inovação. Esse é o papel da nossa instituição: transformar a realidade a partir de intervenções como esta”, afirma. Ouça a opinião do pró-reitor sobre a importância da Carta.
Clodoaldo destaca ainda que a maioria dos projetos e produtos que geram patentes são identificados a partir de um levantamento feito dentro da pró-reitoria. “Muitas vezes os pesquisadores não imaginam que o resultado das suas pesquisas é uma inovação ou uma melhoria patenteável. Temos uma rotina na Proppi de conferir os relatórios dos projetos de pesquisa e, quase sempre, somos nós que ligamos para o pesquisador avisando da possibilidade de registro de uma patente”, conta.
A reitora do IFSC, Maria Clara Kaschny Schneider, destacou o simbolismo da primeira Carta de Patente vir de um projeto desenvolvido num câmpus do interior, uma vez que a interiorização é um dos pilares da atuação dos Institutos Federais. “Esse fato valoriza os alunos e a democratização da pesquisa, que antes era feita apenas por uma elite acadêmica. Ciência, tecnologia e inovação são para todos”, aponta.
Novos projetos
O professor Edson Teixeira atualmente coordena o curso de graduação em Fabricação Mecânica no Câmpus Jaraguá do Sul-Rau. E novamente com alunos desta área está desenvolvendo um projeto com vistas a uma possível patente. “A equipe que coordeno foi contemplada no Prêmio IFSC de Ideias Inovadoras e recebemos recursos para desenvolver um produto que acreditamos ter potencial para patente”, espera. Confira no áudio qual é o produto que está sendo desenvolvido.
Inovação em Jaraguá do Sul
Dos 44 depósitos de patente feitos pelo IFSC, 24 (54%) têm origem em pesquisas realizadas no Câmpus Florianópolis. Porém, entre as demais unidades do Instituto Federal, o Câmpus Jaraguá do Sul-Rau tem destaque: está em segundo lugar, com quatro patentes registradas (9%), empatado com o Câmpus São José – que também possui quatro depósitos.
Entre os projetos desenvolvidos no câmpus está o do professor Pablo Dutra da Silva, que teve sua patente depositada em janeiro deste ano. Com o apoio do edital de Pesquisa como Princípio Educativo, ele desenvolveu um kit didático para o estudo de integridade de sinal em placas de circuito impresso (PCIs). “Normalmente kits didáticos se prestam apenas a verificar a teoria na prática, mas desenvolvemos um que possibilita também a simulação de problemas e a reflexão em cima de possíveis soluções para esses problemas”, explica o professor.
As PCIs estão presentes em aparelhos como computadores, smartphones, brinquedos, carros e até chuveiros. Os sinais que perpassam as PCIs precisam ser transmitidos sem interferência, garantido que os dados não sofram perdas ou distorções.
Outra inovação trazida no kit didático diz respeito ao custo. “Se você procurar cursos na área de compatibilidade eletromagnética, vai perceber que eles são, na sua maioria, cursos teóricos. Isso acontece porque equipamentos direcionados a essa área de estudo são muito caros. O nosso kit permite estudar o tema dentro de qualquer laboratório de eletrônica e com um custo muito reduzido. Nós produzimos o nosso protótipo manualmente e gastamos cerca de 100 reais”, avalia Pablo.
Segundo o professor, os kits didáticos poderão ser utilizados nas aulas do curso de Engenharia Elétrica do Câmpus Jaraguá do Sul-Rau. Além disso, novas pesquisas em andamento deverão gerar avanços capazes de trazer outros pedidos de patente aos pesquisadores do câmpus.