ENSINO Data de Publicação: 09 out 2018 07:51 Data de Atualização: 09 out 2018 14:26
“Não queria cometer o clichê de dizer que os primeiros dias de meu intercâmbio têm sido intensos, mas nesse momento tenho condições de dizer que são.” O primeiro relatório oficial enviado pelo estudante Ernani Antonio Wolter Júnior, do 3º ano do curso técnico integrado em Alimentos do Câmpus Canoinhas, é tão intenso quanto seus primeiros dias na cidade de Porto, em Portugal, onde fica por três meses pelo Programa de Intercâmbio Internacional para Estudantes do IFSC (Propicie).
Ernani foi selecionado para participar de um projeto de pesquisa internacional no Instituto Politécnico do Porto (IPP), junto com pesquisadores de outros países, para propor soluções de transformação de resíduos e subprodutos em novos produtos de valor agregado e com grande impacto na economia das indústrias alimentar, farmacêutica e cosmética. Neste projeto de valorização de resíduos agroalimentares, ele conta com a parceria de outra intercambista do IFSC, Hellen Christine Caliari, do Câmpus Xanxerê.
Os dois entraram para o Grupo de Reações e Análises Químicas (Graq), do Instituto Superior de Engenharia (Isep), uma das oito escolas do Politécnico. “Nosso primeiro dia no Isep foi uma apresentação básica, onde conhecemos a nossa supervisora, a doutora Manuela Moreira, e os diversos laboratórios. Achamos interessante a área de valorização de resíduo agroalimentar que estamos trabalhando. Primeiramente, auxiliados pela doutora Virgínia Fernandes, estamos avaliando a quantidade de pesticidas em galhos de macieira por cromatografia gasosa. Em seguida, voltaremos a trabalhar com a doutora Manuela, investigando os benefícios e aplicações dos resíduos da poda de macieiras e videiras em novos subprodutos”, relata Ernani.
A viagem
“Não é exagero dizer que amadureci muito em pouco tempo. Desde antes da partida, na preparação para a viagem, já enfrentava a realidade de que teria de encarar tudo de cabeça erguida. E, para um garoto que nunca havia sequer embarcado num avião, aprendi a agir rápido e a encontrar soluções sensatas. A sensação de voar sobre tudo era nova, assim como a de deixar para trás sua comodidade e construir uma história em um novo lugar”, conta o adolescente, que chegou em Porto no dia 17 de setembro, um dia após o previsto por causa do atraso no voo entre Rio de Janeiro e Zurique, na Suíça, para conexão com Portugal.
“Não posso dizer que escondi bem o nervosismo, mas resolvi dormir para ver se esfriava a cabeça. Após longas e cansativas horas, chegamos à maior cidade suíça. Um dos momentos mais interessantes do voo foi quando atravessamos o deserto do Saara. Entretanto, nenhum dos passageiros que viajava nas laterais se atreveu a dar mais que uma olhadela pela janela”, conta Ernani, que já saiu do Brasil na companhia da estudante de Xanxerê.
Por causa da conexão perdida, os estudantes passaram a noite em Zurique. “Aproveitando o descanso, conhecemos um pouco de Zurique, encantados com cada esquina, cada folha, cada painel de divulgação de filmes. Limitamo-nos à área ao redor do hotel, mas confesso que pudemos apreciar as construções com estilos que nunca fomos acostumados a ver”, diz Ernani, entusiasmado.
Em Porto
Finalmente, às 21h do dia 17, eles chegaram a Porto. “Dona Amélia, a senhora querida que nos recebeu e nos transportou, havia comprado fiambre, pães e frutas para nossa primeira refeição em terras lusitanas. Tudo muito saboroso e novo, mesmo estranhando o fato de que os pães em Portugal são mais duros que os brasileiros. No dia seguinte, dona Amélia levou-nos para conhecer o metrô e as linhas disponíveis. Como estudamos no Isep, ela recomendou que tomássemos a linha amarela. Ficamos encantados com a boa localização do lugar, além do fato de que há um mercado próximo, assim como uma pastelaria”, fala Ernani, que se adaptou bem à vida no Porto.
“Vale ressaltar que tive um choque cultural muito maior com minha colega de projeto de Xanxerê do que com os portugueses (e olha que moramos no mesmo estado!). A maneira de falar, as expressões, as comidas típicas. Tudo tão diferente. Aprendizado constante, dentro e fora do nosso Brasil. Aprendi também coisas simples da vida que só absorvemos quando somos obrigados a nos tornarmos independentes em todos os sentidos. Aprendi a administrar dinheiro, preparar novas receitas, a pensar no almoço do dia seguinte, a ser o maior responsável por mim. Creio que absorverei muito mais desse fascinante local, que, muito mais do que boas fotos, rende momentos que não se registram em lugar algum além de nossas memórias”, descreve.
Falando em fotos, já na primeira semana, os intercambistas foram conhecer a Ribeira, um dos locais mais antigos e típicos da cidade de Porto. “Nas margens do Rio Douro, as construções antigas pareciam mais uma galeria de história viva. Fiquei impressionado em cada esquina - para cada canto que olhava me surpreendia mais e mais. O número de estrangeiros também chamou a atenção. Americanos, franceses, indianos, brasileiros. Todos fascinados com um dos melhores destinos da Europa. Antes de regressarmos para casa, subimos o Mosteiro da Serra do Pilar. Apreciamos a vista e sentimos muita gratidão por estarmos ali. Naquele momento, tivemos noção de onde estávamos, do que faríamos e do horizonte que se abrira em nossas vidas”, comenta Ernani, ainda impressionado com a cidade e a nova vida.
Quer saber mais? Acompanhe o relato de Ernani e de outros intercambistas do IFSC no Blog do Intercambista.
Estude no IFSC
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