10 anos do curso superior de tecnologia em Alimentos do Câmpus Canoinhas: profissionais formados comemoram ocupação em diferentes áreas de atuação

ENSINO Data de Publicação: 07 out 2024 18:36 Data de Atualização: 10 out 2024 14:36

Desde sua aprovação em 13 de agosto de 2014, o curso superior de tecnologia em Alimentos do Câmpus Canoinhas já celebrou muitas datas e conquistas importantes: o primeiro vestibular, o ingresso da primeira turma, a aula inaugural, a primeira  formatura, os primeiros profissionais empregados e os primeiros alunos aprovados em especializações, mestrados e doutorados. Neste semestre, tecnologia em Alimentos comemora mais um marco: o aniversário de dez anos de criação. 

Primeiro curso superior do IFSC em Canoinhas, tecnologia em Alimentos é gratuito e tem duração de seis semestres, com aulas no período noturno. Nesta década de funcionamento, o curso já formou sete turmas de profissionais capacitados para atuar em processos relacionados ao beneficiamento, industrialização e conservação de alimentos e bebidas, tanto na produção como na supervisão e gestão das atividades. 

Como a área de atuação é ampla e diversificada, quatro egressos apresentam um pouco da sua trajetória para exemplificar as potencialidades do curso:

  • Sônia Belgrowicz, empreendedora da Belg Alimentos;
  • Paula Moreira, coordenadora de qualidade em uma multinacional no Reino Unido;
  • Jaqueline Daiane Silva Kazmierczak, coordenadora de qualidade em uma empresa destinada à alimentação animal;
  • João Victor Tischler Nizer, aluno de doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Empreendedorismo fortalecido

“A ideia da Belg Alimentos surgiu da nossa paixão por promover uma alimentação saudável e de qualidade”, conta Sônia Belgrowicz. O empreendimento, criado em 2010, cresceu e ampliou seu portfólio de produtos junto com a demanda crescente dos consumidores. E foi para aprofundar seu conhecimento na área e aplicar as competências na empresa que Sônia ingressou no curso de tecnologia em Alimentos. 

Formada em 2019, ela voltou ao Câmpus Canoinhas para a especialização em Ciência e Tecnologia em Alimentos em 2023. “Essas experiências me proporcionaram uma sólida formação teórica e habilidades práticas essenciais para a indústria. Aprendi sobre inovações e melhores práticas no setor, além de desenvolver uma rede de contatos valiosa. Essa jornada não apenas fortaleceu minha atuação na Belg Alimentos, mas também ampliou minha compreensão sobre a importância da qualidade e segurança alimentar, impactando positivamente minha vida profissional e minha visão sobre alimentação saudável.”

Atualmente, a empresa é responsável pelas marcas Sant'Vitta e  VittaGrãos de chás, temperos, especiarias e granolas, sem a adição de corantes e conservantes artificiais.
“Através do trabalho árduo e da dedicação da nossa equipe, conseguimos desenvolver produtos que não apenas satisfazem os consumidores, mas também contribuem para a saúde e bem-estar. Cada desafio enfrentado tem se transformado em uma oportunidade de aprendizado, e ver a recepção positiva dos nossos produtos é uma motivação constante para continuar crescendo”, enfatiza Sônia.

De Canoinhas para o mundo

“Sou completamente apaixonada pela minha profissão. Isso, obviamente, não significa que não existam altos e baixos, problemas ou dias difíceis, mas, com certeza, me faz trabalhar com brilho e me jogar de cabeça em projetos novos. No fim, o balanço é sempre positivo”, avalia a tecnóloga em alimentos Paula Moreira, formada na primeira turma. A avaliação positiva tem muitos motivos, mas um está ligado diretamente à realização do sonho pessoal de morar fora do Brasil.

Paula mora na Inglaterra, onde trabalha como coordenadora de qualidade assegurada da Lactalis UK & Ireland e toma conta da qualidade sensorial da empresa em todo o Reino Unido. “Durante minha carreira, pude viajar pelo Brasil e conhecer vários lugares e pessoas incríveis. Hoje, viajo pela Europa a trabalho. Como temos produtos importados de outros países, como França, Itália e Holanda, estou sempre em contato com os times dos outros países, assim como o time global. Tudo graças à minha formação na área de alimentos e um bom nível de inglês, claro.”

Mas, sua carreira começou em um pequeno laticínio no interior de Santa Catarina, onde fazia “um pouco de tudo” e, principalmente, cuidava do laboratório de recepção de leite. Depois, mudou para Campo Mourão para trabalhar no laboratório físico-químico de uma cooperativa, onde aprendeu sobre análises em óleos e gorduras, inclusive cromatografia gasosa. “Então, resolvi voltar a estudar e entrei no mestrado da UEPG [Universidade Estadual de Ponta Grossa]. Fui bolsista por dois anos, antes de voltar para a indústria de alimentos, como analista de qualidade em uma indústria de alimentos prontos para o consumo, cozidos e esterilizados, embalados a vácuo. Uma tecnologia muito interessante para qualquer um da nossa área.”

Foi, então, que teve a oportunidade de trabalhar na Lactalis Brasil, como especialista em qualidade sensorial. “No Brasil, eu era responsável pela sensorial de todo o país, implementando ferramentas de controle do grupo nas fábricas, treinando os funcionários e prestando suporte para testes de consumidor. Foi realmente um trabalho muito interessante que me trouxe muita experiência. Então, abriu vaga para a mesma função na Inglaterra e resolvi tentar, e fui contratada”, resume Paula.

Oportunidade no ramo de alimentação animal

“O curso de tecnologia em Alimentos foi um divisor de águas na minha vida. Ele me proporcionou uma base sólida de conhecimentos sobre ciência, reações químicas e biológicas dos alimentos, processamento de produção e qualidade, o que é essencial tanto na indústria quanto na pesquisa. Pessoalmente, aprendi a valorizar muito mais as indústrias, a entender todo trabalho atrás de produto que está na gôndola do mercado. Profissionalmente, me abriu portas para uma área em constante crescimento e inovação, onde posso fazer a diferença na segurança e qualidade dos alimentos destinados à alimentação animal ou humana”, explica Jaqueline Daiane Silva Kazmierczak, formada no início do ano e coordenadora da qualidade em uma empresa de alimentos destinados à alimentação animal.

Sua função envolve garantir que os produtos estejam de acordo com as normas de segurança e qualidade da alimentação animal. Isso inclui acompanhar os resultados das análises laboratoriais, monitorar os processos produtivos, elaborar e implementar procedimentos de controle de qualidade, capacitar a equipe sobre boas práticas de fabricação, desenvolver toda parte documental da empresa referente à qualidade e seguir todas as normas de segurança alimentar. “É gratificante saber que estou contribuindo para a segurança alimentar e o bem-estar dos animais.”

Jaqueline é fã do curso de tecnologia em Alimentos e faz questão de recomendar o curso. “Se você tem interesse em como os alimentos são produzidos, processados e consumidos, definitivamente vale a pena! O curso oferece uma combinação de teoria e prática que é muito valiosa no mercado de trabalho. Além disso, você se tornará parte de um setor essencial para a sociedade, contribuindo para a saúde e bem-estar das pessoas e dos animais. Pesquise sobre as disciplinas, converse com profissionais da área e, se possível, faça visitas a empresas do setor. Isso pode ajudar a esclarecer suas dúvidas”, recomenda.

Seguindo a carreira acadêmica

“O curso de tecnologia em Alimentos representou e me direcionou de maneira efetiva o caminho em que realmente me encaixava para escolha da área de especialização profissional que hoje atuo”, destaca João Victor Tischler Nizer, que segue a carreira acadêmica como aluno de doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Uma responsabilidade [ou culpa] que ele atribui à mãe, Elisabete Tischler, da equipe de terceirizados do Câmpus Canoinhas desde 2010.

Em meados de 2015, quando cursava o ensino médio na rede estadual, João foi incentivado pela mãe a fazer algum curso técnico no IFSC. Ele escolheu o técnico em Edificações, mas não conseguiu a vaga. Como o curso técnico em Agroindústria tinha vagas remanescentes, Bete matriculou o filho no curso. Quando terminou Agroindústria, praticamente junto com o ensino médio, ele fez o vestibular para o curso superior de tecnologia em Alimentos e conseguiu a vaga

“Nunca me identifiquei com as disciplinas focadas no processamento de alimentos. E como queria ser diferente, foquei na linha de tratamento de resíduos (não me arrependo, realmente mando bem nisso). No último semestre do curso, precisei realizar o relatório final de estágio ou famoso TCC, e adivinhem qual linha de pesquisa escolhi? Tratamento de resíduos! Trabalhei com a professora Karine Marcondes da Cunha, onde desenvolvi uma pequena parte do experimento de mestrado dela. O tema do experimento era focado no tratamento de resíduos alimentares, cepilho e cigarro contrabandeado para produção de composto humificado. A partir do projeto de mestrado da professora Karine é que surgiu a brilhante ideia de seguir na área acadêmica, lógico que na área de tratamento de resíduos.”

No processo seletivo para mestrado na UEPG, João passou em sétimo lugar e começou a desenvolver sua pesquisa na área de Gestão da Qualidade em Agroindústrias. Trabalhou na linha de tratamento de resíduos alimentares provenientes da coleta seletiva de Ponta Grossa para conversão deste substrato em gás metano para geração de energia elétrica renovável. “O processo que empreguei no projeto de mestrado foi a digestão anaeróbia, que utiliza os resíduos de alimentos para gerar biogás e biofertilizante”, relata.

Após a defesa da dissertação de mestrado, João fez o processo seletivo para o doutorado e passou em terceiro lugar. Como queria trabalhar na mesma linha de pesquisa, ele resolveu estudar a aplicação de enzimas comerciais nos resíduos alimentares para melhoramento da digestão anaeróbia e maximização da produção de gás metano. “A hipótese de utilizar enzimas no processo aparenta ser eficiente e espero provar isso cientificamente.”

Como ingressar no curso

As inscrições para o Vestibular Unificado UFSC/IFSC/IFC 2025 estão abertas, com vinte vagas para tecnologia em Alimentos. O prazo de inscrição foi prorrogado e se encerra no dia 14 de outubro.

No início do ano, o curso oferta mais vinte vagas pelo Sistema de Seleção Unificado (Sisu), para quem fizer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. As inscrições para o Enem já se encerraram e as provas acontecem em novembro.

Além de tecnologia em Alimentos, o Câmpus Canoinhas tem os cursos de tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e bacharelado em Agronomia, também com vagas pelo Vestibular Unificado e Sisu. Todos os cursos do IFSC são gratuitos.

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