INOVAÇÃO Data de Publicação: 23 mai 2024 16:18 Data de Atualização: 07 jun 2024 17:59
O IFSC está a caminho de se tornar um polo de excelência em mobilidade elétrica. Nesta semana, o Câmpus Florianópolis recebeu professores da Alemanha, que ministraram um curso sobre manutenção de carros elétricos. A partir dessa formação, o câmpus vai formatar um curso para formação de técnicos na área.
A formação é resultado de parceria com a agência de cooperação técnica do EIC Trier (Europa- und Innovationscentre), da Alemanha, e o governo brasileiro. O consultor do EIC Trier, Andreas Dohle, responsável pela parceria com o IFSC, conta que os governos do Brasil e Alemanha já têm um histórico de cooperação bilateral em educação para profissões verdes. “O IFSC é uma das referências quando se fala em eletromobilidade aqui no Brasil, tanto o IFSC quanto o Instituto Federal de Poços de Caldas, no sul Minas Gerais”, destaca Andreas.
Além de professores do IFSC, participam do projeto docentes do Senai do Rio Grande do Norte e do IFSuldeMinas, Câmpus Poços de Caldas. Além de financiar a vinda dos professores, Instituto Del / IHK Trier doou cerca de R$ 8 mil em equipamentos. A startup Mobiworks também emprestou ferramentas especializadas para realização do curso.
Segundo Dohle, o governo da Alemanha vem desenvolvendo uma política de fomento para estimular a venda de carros movidos a eletricidade. Em 2023, um em cada seis veículos elétricos vendidos no país foi elétrico. Segundo o professor coordenador da parceria no IFSC, Erwin Werner Teichmann, o Brasil já registra um grande crescimento na venda de veículos elétricos e também na conversão de carros movidos a combustão para eletricidade.
Para que esse mercado cresça, a criação de oficinas especializadas em veículos elétricos, com profissionais formados, é imprescindível. Segundo Dohle, a Alemanha já está à frente nesse mercado, especialmente pelo maior poder aquisitivo e o tamanho da indústria automobilística, que é a maior do país. Além disso, ele acredita que a formação deve anteceder a demanda. “Se você não começa a formar hoje esses profissionais, amanhã você não vai ter, porque não é nada que se faça dentro de uma semana ou seis meses”, comenta. Segundo ele, o IFSC pode se tornar uma ilha de excelência para formação de multiplicadores para todo o Brasil.
A partir desse treinamento, o Câmpus Florianópolis vai ofertar cursos de manutenção automotiva, gratuitos e abertos à comunidade. Segundo o professor Erwin, o formato, o conteúdo e a duração dos cursos ainda estão sendo criados. No entanto, um conteúdo terá destaque, que é a segurança, pois o risco que choque elétrico é muito maior em veículos desse tipo. “Os professores dão uma importância muito grande à questão da segurança, o que queremos passar também para os nossos cursos”, destaca.
De acordo com o professor Erwin, o Câmpus já desenvolve diversos projetos na área de mobilidade elétrica, como por exemplo a parceria com a Celesc na área de conversão e outros projetos com startups de Florianópolis. Além disso, o Estado é destaque na produção de motores inversores para a mobilidade elétrica com a WEG. “Santa Catarina é um local de excelência na área de mobilidade elétrica e esse apoio da Alemanha na formação de mão de obra é extremamente importante”, destaca.
Dohle vê, no Brasil, uma demanda especial para a conversão de veículos a combustão em elétricos, e que há potencial para troca de experiências nessa área entre os dois países. Além disso, aponta um grande potencial no Brasil para o uso da eletromobilidade no transporte público, substituindo ônibus a diesel, altamente poluentes, por veículos elétricos, e contribuindo para a diminuição da poluição do ar nas grandes cidades.
O Brasil é um país com grande potencial para a mobilidade elétrica devido à sua matriz energética ser cerca de 93% de fontes renováveis. “Nós ainda temos um potencial de crescimento das energias renováveis que é ilimitado. Então, tem todo o sentido, para o Brasil, passar para a mobilidade elétrica”, destaca o professor Erwin.
Carros híbridos também são uma opção para o Brasil, com grandes distâncias e com menos infraestrutura de carregamento, também são uma opção. A tendência é que haja a massificação da tecnologia, como aconteceu com as placas solares, o que pode baratear e popularizar a mobilidade elétrica.