EVENTOS Data de Publicação: 27 set 2023 15:51 Data de Atualização: 28 set 2023 08:58
Público na comemoração dos 10 anos do Câmpus Palhoça Bilíngue | Fotos: Eduardo Gomes
Diretora-geral Eliana Bär, reitor Maurício Gariba Júnior, professor Renato Calixto e a ex-diretora Carmem Beck
Aluna Maria Eduarda veio de Minas Gerais para estudar no IFSC
Homenageados que fizeram a história do Câmpus Palhoça Bilíngue
Homenageados do Câmpus Palhoça Bilíngue
Quando estudava no Ensino Fundamental em Uberlândia, Minas Gerais, a estudante Maria Eduarda Issa Maciel não tinha amigos, pois estudava em uma escola de ouvintes e não tinha ninguém para conversar em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Vendo a filha triste, a mãe descobriu que havia uma escola para surdos em Santa Catarina e mudou-se com a filha para Palhoça, para que ela pudesse cursar o Ensino Médio no Câmpus Palhoça Bilíngue do IFSC. Hoje Maria Eduarda, com 17 anos, é aluna do curso técnico integrado em Comunicação Visual e tem muitos amigos!
Em seus 10 anos de existência, o Câmpus Palhoça Bilíngue já mudou a história não somente de alunos, mas de professores e servidores que, hoje, têm um local onde pessoas surdas podem desenvolver todo o seu potencial e conviver em uma comunidade linguística própria, em uma experiência educacional única na rede federal de educação profissional.
Na última terça-feira (26), Dia Nacional do Surdo, o Câmpus Palhoça Bilíngue realizou uma cerimônia para comemorar sua fundação, com homenagens aos idealizadores e apoiadores do câmpus.
Na oportunidade, também foi lançado o documentário “Esse é o meu sinal: Câmpus Palhoça Bilíngue”, produzido pelo Núcleo de Produção Bilíngue do Câmpus Palhoça Bilíngue (NPB), com apoio da Diretoria de Comunicação do IFSC (Dircom). O documentário conta a história da educação bilíngue (Libras-Português) na rede federal e a criação do Câmpus Palhoça Bilíngue por meio de depoimentos de estudantes, pais, professores e servidores.
O diretor do documentário, Marcelo de Freitas, conta que foram cerca de dois anos de trabalho, mobilizando os três servidores do NPB, a relações públicas do câmpus, Sônia Santos, a jornalista Giovana Perine da Dircom e mais de 10 intérpretes. Foram captadas mais de 15 horas de imagens, transformadas no documentário de cerca de uma hora. “Foi muito bom ver a reação das pessoas, principalmente dos surdos”, destaca Freitas.
A íntegra do documentário ainda não está disponível, pois uma nova versão será editada para lançamento definitivo e inscrição em festivais de audiovisual. Assista um trecho com alguns depoimentos no Youtube:
Compromisso com a cultura surda
A diretora do Câmpus Palhoça Bilíngue, a professora Eliana Cristina Bär, destacou o “firme compromisso pedagógico e com a diferença linguística e cultural dos surdos”. Em seu pronunciamento, contou um pouco sobre a história do câmpus, desde a recepção dos primeiros alunos surdos no Câmpus São José e a luta dos servidores, como o professor Vilmar Silva, primeiro diretor do câmpus, para que o sonho de ter um espaço de educação para surdos no IFSC se tornasse realidade.
Também destacou as conquistas da comunidade surda nos últimos anos, como a inclusão da educação bilíngue para surdos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e a “conquista do reconhecimento nacional como modelo de excelência na educação bilíngue”.
Como desafios, citou o reconhecimento formal das necessidades específicas da educação bilíngue, contratação de mais técnicos de audiovisual para produção de material, mais professores para classes exclusivas para surdos e reforço na assistência estudantil, principalmente auxílio moradia e transporte, pois o câmpus atende estudantes de várias regiões do Brasil.
Para o reitor Maurício Gariba Júnior, o aniversário do câmpus é um momento de “celebrar a riqueza e as potencialidades da pessoa surda”. O professor aposentado Vilmar Silva, primeiro diretor do Câmpus Palhoça Bilíngue, destaca que o câmpus “promove a inclusão de maneira única e transformadora, onde os estudantes surdos e ouvintes aprendem juntos”.
Quem também se pronunciou na cerimônia foi o secretário de Estado da Casal Civil de Santa Catarina, Estêner Soratto. Ele ressaltou a importância do câmpus para o Estado e a participação do IFSC, da UFSC e da comunidade surda na elaboração do edital para contratação de professores e intérpretes para a rede pública estadual.
Homenagens
Também foram homenageadas as personalidades que ajudaram a criar e a consolidar o Câmpus Palhoça Bilíngue, como o prefeito na época da fundação, Ronério Heiderscheidt; a ex-senadora Ideli Salvatti; a ex-reitora do IFSC, Consuel Sielski; os professores Vilmar Silva, Paulo Machado e Mara Massuti, que participaram ativamente para a criação do câmpus, e os professores Carmem Beck (segunda diretora-geral), Eliana Bär (atual diretora), Renato Calixto e Simone Lima. A servidora terceirizada Eliane da Silva foi homenageada em nome de toda a equipe terceirizada do câmpus.
A campanha “10 anos: Eu faço parte dessa história” premiou as três melhores histórias compartilhadas por alunos e egressos do IFSC no Instagram. A primeira colocada foi a estudante do curso técnico integrado ao ensino médio em Comunicação Visual, Maria Eduarda. Os demais foram Marta de Melo Vanderlei, egressa de vários cursos do câmpus e que hoje é professora da rede estadual de ensino, em segundo lugar; e Larissa dos Reis Ferreira, que conheceu o marido, Kaio, no primeiro dia de aula no curso técnico integrado.
Para saber mais
Além de ações educativas e extensão, o IFSC também se destaca pela extensa produção de pesquisa sobre a cultura surda, educação e pedagogia bilíngues.
Para saber mais, acesse as seguintes publicações on-line:
- Educação Bilíngue (Libras-Português): trajetórias, pesquisas e práticas: obra publicada em 2020 por Eliana Bär, Ana Paula Jung e Roberta Cantarela, do Câmpus Palhoça Bilíngue
- Práticas educativas em direitos humanos: obra publicada em 2021 pela professora Giane Carvalho, do Câmpus Gaspar
Veja também a publicação do IFSC Verifica sobre o que é capacitismo e como podemos combatê-lo.