IFSC sedia encontro nacional sobre energias renováveis e eficiência energética

EVENTOS Data de Publicação: 25 set 2024 22:43 Data de Atualização: 03 out 2024 11:37

Expansão da infraestrutura, segurança e resiliência, ampliação do acesso a serviços, redução das desigualdades, setores de difícil descarbonização e formas de financiamento são os principais desafios para uma política de transição energética do Brasil. Estes foram os pontos apresentados pelo coordenador-Geral de Articulação de Políticas para a Transição Energética do Ministério de Minas e Energia (MME), Marco Antônio Juliatto, na palestra de abertura do Encontro Nacional EnergIFE 2024, realizado nesta semana no Câmpus Florianópolis do IFSC. Cerca de 300 pessoas participaram do evento - presencialmente e de forma on-line -, que contou com palestras, workshops e apresentação de experiências exitosas. O EnergIFE é um programa do Governo Federal focado em eficiência energética e energias renováveis nas instituições Federais de Educação.

Em sua palestra, Juliatto - que foi professor do IFSC por quase 30 anos e hoje é docente do Instituto Federal de Brasília (IFB) cedido para o MME  -, destacou a liderança do Brasil em transição energética. “A nossa matriz energética hoje é invejável e é meta para alguns países atingirem em 2100”, afirmou. Conforme os dados apresentados, quase 50% da matriz energética brasileira é limpa e renovável. Considerando apenas a matriz elétrica, essa porcentagem sobe para 90% - enquanto a média de outros países é de 15% e 28%, respectivamente. O Brasil também tem a menor emissão per capita de CO2 entre as 20 maiores economias do mundo. 

Apesar disso, o professor destacou que o Brasil precisa fazer muito mais diante da emergência climática e da necessidade de ampliação da oferta de energia no país.  Estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE)  apontam que, até 2050, será necessário duplicar a produção de energia para atender a demanda do país. Considerando a energia elétrica, o aumento terá que ser o triplo do que hoje é produzido. “Vamos precisar de três ‘Brasis’ daqui a 25 anos, se não não teremos energia suficiente para atender toda a demanda”, afirmou Juliatto. 

Diante dessa perspectiva, as fontes renováveis de energia e a articulação de políticas são o caminho. “Não há como você conseguir alavancar o desenvolvimento econômico e a transição energética sem que a Academia siga a linha que está sendo traçada, entenda quais são as demandas da sociedade, do setor industrial e do setor comercial por formação profissional para dar conta dessa transição energética”, destacou. Segundo Juliatto, a Academia precisa se antecipar a isso, o que foi feito por meio do programa EnergIFE. “O EnergIFE fez isso brilhantemente, se antecipando na formação desses profissionais e hoje consegue oferecer minimamente o que o mercado precisa, mas a demanda é muito maior do que a gente consegue formar”, ressaltou.

-> Assista à gravação da palestra O futuro da energia do Brasil: transição energética e o programa EnergIFE

Necessidade de formação

A necessidade de profissionais para atuar neste mercado crescente de energias renováveis e eficiência energética foi um ponto enfatizado por diversos gestores na cerimônia de abertura do evento, realizada na terça-feira (24) de manhã. “A Educação Profissional e Tecnológica é a alavanca-chave para realizar a transição econômica verde e justa, que é o foco na cooperação entre Brasil e Alemanha, manifestada na parceria estratégica entre os países para uma transição socialmente justa e ecológica” afirmou a diretora do projeto Profissionais do Futuro da Agência de Cooperação  Brasil-Alemanha – GIZ, Julia Giebeler Santos, instituição parceira do MEC no programa EnergIFE. 

O objetivo do projeto Profissionais do Futuro é melhorar a empregabilidade das pessoas em setores que promovem o desenvolvimento econômico verde. “O crescimento de novos setores demanda profissionais com conhecimento e habilidades específicas e, para a formação dessas pessoas, a EPT é o melhor caminho para prepará-las de forma rápida e prática para o mercado”, destacou Julia. Nos últimos anos, por meio da parceria do MEC com a GIZ, mais de 1,7 mil docentes já foram capacitados e mais de 9 ,5 mil pessoas foram formadas pelo EnergIFE. 

Atualmente, o programa EnergIFE é gerido dentro da Diretoria de Articulação e Fortalecimento da Educação Profissional e Tecnológica da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do MEC. Nos últimos três anos, foram ofertadas mais de 20 mil vagas em cursos de formação pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “A ideia é que nos próximos três anos seja ofertadas pelo menos o mesmo número de vagas, trazendo mais diversidade nos cursos, e lance uma linha específica para o programa Mulheres Mil”, informou o diretor de Articulação e Fortalecimento da Educação Profissional e Tecnológica da Setec/MEC, Claudio Alex Jorge da Rocha,  

Também presente na abertura do evento, o secretário da Setec/MEC, Marcelo Bregagnoli, destacou o Decreto n º 11.985/2024, que criou o Grupo de Trabalho Interinstitucional responsável por produzir subsídios para a formulação e a implementação da Política Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, em articulação com o Plano Nacional de Educação. “É o momento para que a gente possa inserir a questão da eficiência energética e da sustentabilidade de modo mais efetivo”, disse.

-> Veja como foi a cerimônia de abertura do evento

EnergIF e EnergIFE

O Programa para Desenvolvimento em Energias Renováveis e Eficiência Energética nas Instituições Federais de Educação (EnergIFE) é desenvolvido pelo MEC, por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), em parceria com: o IFSC; a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar); o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel); o Ministério de Minas e Energia; e a Agência da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ Brasil). 

Lançado em 2017, o EnergIFE visa estimular a cultura das energias renováveis e a eficiência energética nas instituições da Rede Federal. Ele é estruturado a partir de ações em seis áreas temáticas: Energia Solar; Energia Eólica; Eficiência Energética e Gestão de Energia; Armazenamento de Energia; Biocombustíveis; e Mobilidade Elétrica. Até 2022, o nome do programa era EnergIF, por ser voltado a projetos de eficiência energética e energias renováveis na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Com o envolvimento das universidades federais a partir de 2022, o programa passou a ser denominado como EnergIFE, por ampliar sua atuação às instituições federais de educação. 

Dentro deste programa, foi criado o projeto EnergIF, executado a partir de 2022 pelo IFSC para a Rede Federal de EPT. De acordo com o coordenador-geral do Projeto EnergIF e professor do Câmpus Florianópolis do IFSC, James Silveira, as ações do projeto envolvem a qualificação de laboratórios, a execução de um portal de gerenciamento energético para fazer monitoramento de energia das unidades (PGEN), o desenvolvimento de material didático na área de eficiência energética e energias renováveis, o desenvolvimento de cursos de capacitação para profissionais da Rede, a implantação de cursos de eficiência energética e o desenvolvimento de unidades curriculares com essas temáticas nos currículos dos cursos da rede. “Já entregamos 15 laboratórios para institutos do Brasil inteiro, sendo três 3 por região, e oferecemos 10 cursos, onde foram capacitados mais de 300 professores”, conta James.

-> Projeto EnergIF lança materiais didáticos sobre eficiência energética e energias renováveis

Este Encontro Nacional EnergIFE 2024 faz parte das ações que devem ser realizadas pelo IFSC como executor do projeto EnergiF. A participação de profissionais da Rede de todo o país foi um dos destaques apontados por James em relação ao evento. “Isso foi muito significativo porque cria uma rede de atuação muito forte nessa área e estamos querendo consolidar isso por meio do projeto e do programa”, afirmou.

Experiências Exitosas

A programação do evento contou com o compartilhamento de experiências exitosas da Rede em eficiência energética e energias renováveis. Entre os casos apresentados, estão o desempenho do sistema fotovoltaico do Câmpus Belém do Instituto Federal do Pará, que teve uma redução de 42,71% de consumo de energia com o uso de energia solar. Além da instalação das usinas de energia solar, a ação no IFPA envolveu pesquisas e capacitações de estudantes e professores. 

A professora Marisol Elias de Barros Plácido apresentou a experiência do projeto EnergIFE no Câmpus Manaus - Centro do Instituto Federal do Amazonas, com a oferta do curso de eletricista de sistemas de energias renováveis. “Tivemos como contribuição a mudança de vida de algumas pessoas que moravam na rua e tiveram essa possibilidade e o aumento da perspectiva de futuro para algumas pessoas que decidiram continuar seus estudos depois desse curso”, destacou.

-> Assista aqui a algumas das experiências exitosas apresentadas no evento

Mais sobre o evento 

O Encontro Nacional EnergIFE 2024 foi transmitido pelo canal do Câmpus Florianópolis do IFSC no YouTube e as gravações das atividades podem ser conferidas aqui.

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