PESQUISA Data de Publicação: 19 dez 2024 18:37 Data de Atualização: 20 dez 2024 12:12
O projeto “Fortalecimento da agricultura familiar e do modelo agroecológico sustentável como estratégia de enfrentamento da insegurança alimentar causada pelas mudanças climáticas", de autoria do professor Fernando Zinger, do Câmpus Lages do IFSC, foi um dos contemplados no edital da Agência Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O projeto de Lages foi um dos três da Rede Federal de Educação, Ciência e Tecnologia aprovados e receberá um apoio financeiro para sua execução no valor de R$ 4.993.454,38.
A chamada na qual o projeto foi contemplado é a MCTI/FINEP/FNDCT/Ação Transversal/CT-Agro – 01/2024 que destinou cerca de R$ 132 milhões de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) não-reembolsáveis para 38 projetos conectados a comunidades de agricultura local familiar, que pudessem ser beneficiadas, direta ou indiretamente através, por exemplo, da formação de uma fábrica de inovação solidária, onde os equipamentos se tornem disponíveis para a utilização da comunidade, para o beneficiamento de seus insumos.
“O projeto tem como objetivo principal um espaço para difusão de tecnologias junto das famílias de agricultores familiares, frente aos desafios da produção de alimentos causados pelas alterações climáticas, visando a segurança alimentar, sustentabilidade financeira e ambiental, além de tornar o Campus Lages do IFSC uma referência em ações voltadas para a promoção desta modalidade de agricultura, adaptando e criando tecnologias para o aumento da produtividade e elevação da qualidade de vida no meio rural", conta o professor Fernando.
Entre as ações previstas, estão a parceria com a AgriLages e os agricultores associados. A execução do projeto visa, além de fortalecer a agricultura familiar, abordar uma proposta que busca desenvolver soluções tecnológicas inovadoras, oferecer capacitação e suporte técnico aos agricultores, e criar uma rede de cooperação que integre diversos atores da cadeia produtiva. “Esse nosso projeto tem um diferencial, que além das práticas de sustentabilidade, a gente também está colocando a inovação, trabalhando com a parte das energias renováveis, com a sustentabilidade energética. Com isso, ele envolve praticamente todas as áreas do câmpus", complementa o professor. Segundo ele, as capacitações que envolvem questões como empreendedorismo, soluções energéticas renováveis, gestão de propriedades, boas práticas e cuidado no processo produtivo, pós-colheita, higiene e segurança são transversais ao que o IFSC oferece em Lages.
“O projeto é focado na parte técnica, ou seja, oferecendo a parte de cursos, a parte de melhoria de processos produtivos. O recurso será utilizado também na parte prática, que é realmente a execução de ações nas propriedades, como a implantação de sistemas agroflorestais, a implantação e todo o processo técnico relacionado à irrigação, energias renováveis, na construção de estufas e túneis baixos. Também tem alguns equipamentos que são muito importantes, para o projeto e para o câmpus, para trabalhar e melhorar a infraestrutura", completa. O professor explica, ainda, que a aplicação dos recursos engloba um veículo novo, infraestrutura de laboratórios, questões relacionadas à tecnologia da Informação, como um novo servidor para melhorar o processo de dados e workstations, que são máquinas de muita potência para trabalhar com algumas questões relacionadas às mudanças climáticas serão monitoradas.
Outros projetos
Esta não é a primeira vez que o professor Fernando consegue contemplar um projeto com financiamento externo. Em dezembro de 2023 um outro projeto, desta vez aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), foi contemplado com R$2.371.000,00. O projeto se chama "Estruturação de processos produtivos e laboratoriais de uma biofábrica de insetos para a biodegradação de resíduos agroindustriais e a geração de novos produtos a partir de compostos bioativos extraídos da farinha de inseto" e tem como objetivo a estruturação de uma biofábrica de insetos com a mosca-soldado-negro (Hermetia illucens) e Tenebrio molitor para bioconversão de resíduos orgânicos da Serra Catarinense, gerando adubos orgânicos ricos e sustentáveis como uma nova fonte de nutrientes para plantas, e inovação como uma fonte de compostos bioativos de alta qualidade que podem ser direcionados para múltiplas aplicações químicas, farmacêuticas e compostos para embalagens e filmes biodegradáveis.
O professor destaca a importância de buscar recursos externos para o financiamento de projetos, bem como a aproximação com as agências de fomento, nos mais diversos aspectos, não apenas os financeiros. “A gente cria um histórico positivo no sentido de experiências e também pode atuar como mentores de projetos, ajudando os colegas. O grande entrave em muitos desses editais é a questão burocrática, então conhecendo os fluxos, a gente sabendo mais ou menos como que funciona, pode auxiliar outros professores, outros grupos, não só do Câmpus Lages, mas também dos IFs como um todo nessa mentoria", comemora Fernando. O professor também destaca que essas ações fortalecem bastante a pesquisa interdisciplinar e aplicada, pois envolve professores, alunos, pesquisadores e comunidade externa. Com isso, fortalece, também, a extensão e a difusão de conhecimentos.
O professor Fernando finaliza ressaltando o papel do IFSC em sua missão, que é trabalhar em prol dos arranjos produtivos e do entorno de seu câmpus, buscando atender as pessoas que são o público-alvo da instituição. “O objetivo é com a agricultura familiar, mas nós também vamos fazer muita difusão de conhecimento nas escolas, porque um dos grandes propósitos também é a formação de consumidores conscientes. E nesse processo, também, nós vamos divulgar o Câmpus Lages. Logo, não só a área, no sentido da área agrícola, com o propósito para a agricultura, mas também todo o IFSC se beneficia com esse projeto e isso é muito positivo", concluiu o professor.