Conif e IFSC participam de missão em Moçambique para desenvolver projeto de pesca e aquicultura

INTERNACIONAL Data de Publicação: 05 jul 2024 16:12 Data de Atualização: 05 jul 2024 16:23

A convite da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e o IFSC participaram de uma missão em Moçambique entre os dias 17 e 28 de junho.

A ida ao país africano foi um desdobramento da visita de representantes do Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas do governo moçambicano ao Câmpus Itajaí, do IFSC, em junho do ano passado. Na ocasião, os representantes do país moçambicano conheceram a infraestrutura dos cursos de recursos naturais e de formação nas áreas pesqueiras e aquícolas a fim de aprimorar o setor em Moçambique sem causar impactos significativos sobre o ecossistema marinho.

Presente na missão, Valter Vander de Oliveira, pró-reitor de Extensão e Relações Externas do IFSC, explica a relação entre Brasil e Moçambique para o desenvolvimento e implantação do projeto no país africano.

“O governo de Moçambique está buscando recursos para um projeto que busca soluções tanto na pesca quanto na aquicultura para ampliar a produção de peixes e outros alimentos do mar como mariscos, crustáceos e algas. Nessa etapa, o IFSC tem auxiliado realizando um estudo de prospecção do potencial da cadeia produtiva tanto na pesca quanto na aquicultura. Nas visitas às comunidades de pescadores e produtores, identificamos os potenciais e as melhorias que precisam ser implementadas. No caso do IFSC, ficamos responsáveis pela interação e projetos de melhorias relacionadas à parte de educação e extensão”, diz Valter.

Para o projeto, foram indicadas três linhas de atuação: fortalecimento da formação técnica e profissional de recursos humanos; pesquisa e extensão; governança, o que significa fortalecimento institucional e criação de normativas.

João Paulo Rotelli, coordenador de Relações Internacionais do Conif, também esteve em Moçambique e representou o Conselho durante a viagem. O coordenador conta sobre o desenvolvimento da dinâmica, desde o início, para realizar esse tipo de missão.

“Toda missão da ABC surge de uma demanda do país parceiro. É encaminhado um ofício via embaixada e chega ao Brasil por meio da ABC. A Agência identifica entre as instituições do país aquelas que acreditam que, para aquela demanda específica, possam ter o que contribuir. E, nesse caso, o IFSC foi escolhido”, explica João.

“Em Moçambique, nós visitamos várias organizações do governo, bem como produtores e centros de ensino e pesquisa. Ao final das visitas, fizemos uma oficina para começar a elaborar o projeto. Agora, na volta para o Brasil, iremos continuar a trabalhar no desenho do projeto através de reuniões virtuais”, completa.

Para explicar melhor a iniciativa, a Diretoria de Comunicação do Conif realizou uma entrevista com o professor Valter. Confira a íntegra dela abaixo:

Conif – Como foi para o IFSC participar dessa missão em Moçambique?

Pró-reitor Valter (IFSC) – Para o IFSC ser convidado para participar de uma missão que visa assessorar Moçambique em um projeto que busca melhorar a alimentação e servir de fonte de renda principalmente para as famílias mais carentes de Moçambique já é algo que nos deixa muito orgulhosos de fazer parte da Rede Federal.

Além de sentir o reconhecimento do governo moçambicano pela qualidade do ensino em nossa instituição, para mim ficou evidente que nossa participação é e será importante para que Moçambique desenvolva nas instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão do país para que a cooperação entre Brasil e Moçambique seja fortalecida.

A receptividade tanto das instituições quanto dos produtores e das comunidades que pudemos visitar demonstrou o potencial que temos para promover o desenvolvimento econômico e social do nosso país, assim como outros países com culturas semelhantes como a de Moçambique. Além disso, o fato de o país falar em português ajudou em muito a interação com a comunidade.

Outro fator importante foi estarmos em uma delegação com representantes de dois ministérios, o da Relações Exteriores e o da Pesca e Agricultura, da EMBRAPA, da Universidade do Oeste do Paraná e nos representando os Institutos Federais de educação e a sinergia do grupo em compreender a realidade da pesca e aquicultura e propor soluções viáveis para o momento histórico do país.

Conif – Como o IFSC colaborou e está colaborando com Moçambique?

Pró-reitor Valter (IFSC) – O governo de Moçambique está buscando recursos para um projeto que busca tanto na pesca quanto na aquicultura para ampliar a produção de peixes e outros alimentos do mar como marisco, crustáceos e algas. Nessa etapa, o IFSC tem auxiliado realizando um estudo de prospecção do potencial da cadeia produtiva tanto na pesca quanto na aquicultura.

Nas visitas às comunidades de pescadores e produtores, identificamos os potenciais e as melhorias que precisam ser implementadas. No caso do IFSC, ficamos responsáveis pela interação e projetos de melhorias relacionadas à parte de educação e extensão, como, por exemplo, a Escola de Pescas que recentemente passou a ser Instituto de Ciências do Mar e das Pescas e necessita de ajuda nesta fase de mudança de identidade e adequação de toda a estrutura tanto a física como laboratórios quanto a pedagógica para adequar os projetos de cursos aos novos desafios.

Além disso, continuamos auxiliando as instituições de educação profissional com nossa experiência em atividades de pesquisa para iniciação científica e realizando a transferência tecnológica aplicada à realidade das comunidades de Moçambique através da extensão, além de ajudá-los na gestão das atividades de ensino, pesquisa e extensão e orientando eles em plano de capacitação, principalmente para formação de docentes de Moçambique, na pós-graduação e programas de intercâmbio entre os países.

Devemos continuar em contato, mesmo em reuniões on-line, para compartilhar experiências ampliando o grupo de debate e planejando os próximos passos.

Conif – Poderia falar um pouco mais sobre a iniciativa do IFSC que chamou a atenção de Moçambique?

Pró-reitor Valter (IFSC) – Segundo eles, o que mais chamou no IFSC foi a organização da instituição, além das nossas instalações bem equipadas, a excelente formação dos nossos servidores e a forma de relacionamento com a comunidade. Tanto que eles gostariam de criar um modelo semelhante ao nosso, considerando um modelo de referência para o novo Instituto de Ciência do Mar e das Pescas.

Além disso, vimos que os quadros de profissionais das instituições de ensino são compostos principalmente por jovens que estão buscando se qualificar ainda mais em suas atividades. Neste sentido, não só o IFSC, mas toda a rede de educação pode contribuir nessa formação.

Conif – Além de você, outra pessoa do IFSC participou dessa viagem?

Pró-reitor Valter (IFSC) – Esteve comigo o professor Benjamim Teixeira, que compõe o quadro de docentes do Câmpus Itajaí e trabalha com os cursos relacionados a pesca e aquicultura. Ele recebeu a delegação de Moçambique no ano passado e está contribuindo com a organização dos cursos de pesca e aquicultura do Instituto de Ciências do Mar e das Pescas de Moçambique.

Conif – Como foi a experiência?

Pró-reitor Valter (IFSC) – Foram dias bastante intensos, percorremos o país passando pelas regiões sul, central e norte e conversando com instituições de ensino, pesquisa e extensão, assim como produtores de tilápia, pescadores e centros comunitários. O povo de Moçambique foi muito receptivo com a delegação, tendo um forte vínculo com o povo brasileiro. Apesar das dificuldades do povo moçambicano, posso afirmar que são pessoas alegres, sempre sorriem são muito dedicadas ao que fazem.

Além disso, a delegação do Brasil trabalhou de forma muito coesa: nas interações com as comunidades, a curiosidade e presteza dos colegas de diferentes instituições levaram a entender melhor a realidade do país e já aconselhar sobre soluções para alguns problemas relatados pelos moçambicanos. Também vale destacar que, o fato de a maioria falar nossa língua, ajudou nas interações e que em poucos casos foi preciso intérpretes.

Conif – E agora, quais os desdobramentos após o retorno ao Brasil?

Pró-reitor Valter (IFSC) – Agora com as informações levantadas, temos que reunir outros atores no processo para estruturar o projeto de cooperação que, a princípio, envolve o IFSC junto às atividades com as instituições de ensino, em especial ao Instituto de Ciências do Mar e das Pescas, além das ações de pesquisa e extensão em conjunto com a Embrapa e as ações de governança envolvendo o Ministério da Pesca e Aquicultura do Brasil.

O documento final deverá ser concluído pela delegação ainda em agosto deste ano e apresentado ao governo de Moçambique.

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