Educação ambiental deve ser estratégica

ENSINO Data de Publicação: 13 fev 2023 16:23 Data de Atualização: 13 fev 2023 16:42

A educação ambiental deve ser estratégica e uma política pública a longo prazo. Essas são algumas das reflexões da aula inaugural da especialização em Educação Ambiental do Câmpus São José, realizada na última sexta-feira (10). Participaram como palestrantes da aula magna o professor do Departamento de Geociências da UFSC Lindberg Nascimento Júnior e o deputado estadual Marquito.

Segundo Marquito, “a educação ambiental deve ser uma estratégia mais ampla que recolher lixo ou limpar praias”. Para o parlamentar, a educação ambiental deve ser vista como política pública, com ações a longo prazo e construída de forma participativa. Ele citou a Política Estadual de Educação Ambiental, criada em 2005, e que ainda precisa ser implementada em sua totalidade.

Marquito acredita haver vários empecilhos para a verdadeira consciência ambiental em Santa Catarina, como interesses econômicos e negacionismo de alguns setores quanto aos efeitos do aquecimento global, além da questão sociocultural, de como nosso modo de vida e as estruturas produtivas estão organizadas historicamente de uma forma que não leva em conta as questões ambientais. Uma das saídas seria disseminar a ideia de que a educação ambiental pode ser uma fonte geradora de renda, o que necessitaria rever as formas de produção de diversos setores, da agroindústria ao turismo, mineração, entre outros.

Na natureza, tudo está conectado

O professor Lindberg abordou as implicações da mudança climática em nível regional. Ele apresentou alguns estudos do Laboratório de Climatologia Aplicada da UFSC, que identificaram as irregularidades de chuvas na Grande Florianópolis. “O que aprendemos é que precisamos conviver com nossos climas hoje. A gente não pode tolerar nenhum tipo de impacto que seja negativo para a nossa vida, já que a gente tem tanto conhecimento acerca dessa dinâmica do clima”. Lindberg acredita no desenvolvimento de uma educação ambiental sustentável e cidadã e que promova o debate no que se refere às mudanças climáticas. Também falou no conceito de “justiça climática”, que leve em conta a pobreza, a vulnerabilidade social e o racismo.

Segundo o professor, qualquer evento climático extremo (chuvas, secas, ventos fortes) são resultado de uma série de processos, que não necessariamente estão conectados com o local onde acontecem. Um exemplo prático é o fluxo a água que vem para a região, cerca de 80% oriundo da Amazônia. Assim, proteger aquele bioma interfere diretamente em nosso dia a dia. “Porém, essa água precisa passar pela gente e ficar no nosso território. Por isso a gente também tem que proteger as nossas florestas, para assim poder fazer com que essa água se precipite na nossa região e superar as nossas crises hídricas”.

 A intensificação dos eventos extremos já é uma realidade e a sociedade precisa estar consciente para enfrenta-los. Rever políticas de ocupação do solo, manejo de resíduos, proteção das florestas estão entre algumas ações a serem tomadas. “Cada evento extremo exige da gente um posicionamento que garanta a nossa segurança em primeiro lugar. Então, temos muita tecnologia para prever esses eventos, o que precisamos é dar mais credibilidade para as instituições que fazem esse monitoramento e garantir que o poder público crie medidas de proteção da população, sobretudo a mais vulnerável, e em um processo mais longo, promova uma educação ambiental que promova esse tipo de conscientização”, destaca Lindberg.

-> Para saber mais sobre o curso de especialização em Educação Ambiental, acesse a página do curso.

ENSINO NEWS