Mostra cultural deixa de presente duas novas pinturas no Câmpus Florianópolis-Continente

DIDASCÁLICO Data de Publicação: 14 nov 2024 16:21 Data de Atualização: 14 nov 2024 17:15

A Mostra Cultural do Câmpus Florianópolis-Continente do IFSC (Capivarte), realizada de 11 a 13 de novembro, deixou de presente para o câmpus duas pinturas que representam personagens femininas importantes da história e da cultura da cidade.

Na entrada do Centro de Eventos, onde antes havia apenas uma parede branca, agora uma benzedeira e uma rendeira dão as boas-vindas a quem passa pelo local. E ali pertinho, num dos corredores do câmpus, a personagem retratada tem nome e sobrenome: Antonieta de Barros, professora e jornalista florianopolitana e primeira mulher negra a ser assumir um mandato de deputada estadual no Brasil (1935) - e até a hoje a única em Santa Catarina.

A escolha das personagens foi feita pela organização da Capivarte, evento que reuniu atividades do movimento de arte e cultura Didascálico com ações do projeto Nosso IFSC e da unidade curricular Extensão II, do curso de graduação em Gestão de Turismo. A mostra teve uma programação variada, incluindo aula de ioga, imersão com óculos 3D, coral, fanfarra, declamação de poesia, apresentação musical, exposição de fotos e palestra, entre outras atrações. Para pintar os murais, foram convidados os artistas visuais Bruno Barbi (Antonieta de Barros) e Izabel Bellucci, a BBel (benzedeira e rendeira).

Formado em Arquitetura, Bruno dedica-se desde 2011 exclusivamente às artes visuais, procurando dar visibilidade à causa antirracista. Suas pinturas sempre retratam rostos negros, sejam anônimos ou de pessoas conhecidas na cidade, e foram espalhadas pelas ruas de Florianópolis, principalmente no Centro, mas também em bairros como Estreito e Pantanal. Antonieta de Barros é um personagem recorrente das artes encomendadas ao artista: ele já a retratou em parede, muro e até para um livro.

“Antonieta é um símbolo muito forte, de um período em que o acesso do negro à vida pública era difícil”, comenta. Para pintar o rosto da professora, jornalista e deputada que em 2023 entrou oficialmente para o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, Bruno usou tinta acrílica a base de água e um pincel de obra, os instrumentos que ele costuma utilizar em todos os seus trabalhos. Antes de finalizar a obra, ele ministrou no câmpus uma palestra sobre “Arte urbana, cidadania e antirracismo”, abordando sua trajetória e motivações na arte.

Já a autora da benzedeira e da rendeira, BBel, usou o grafite como técnica de pintura. Moradora de Florianópolis há 10 anos, ela passou a se interessar por temas ligados à cultura da Ilha de Santa Catarina desde que se mudou, há três anos, para o bairro Ribeirão da Ilha, um dos principais redutos do que se conhece por “cultura manezinha”. Ela começou a usar mais em suas pinturas personagens como a maricota e o boi, do boi-de-mamão, tradicional manifestação cultural do litoral catarinense.

Para BBel, o grafite é um meio de democratizar a arte. “Ele proporciona o acesso à arte na rua, não só em museus”, destaca. Em seu estilo próprio, a artista faz os desenhos sem contorno e trabalha com o contraste de cores, como mostram as coloridas rendeira e benzedeira do Câmpus Florianópolis-Continente.

A Capivarte - que teve esse nome em homenagem às capivaras que volta e meia aparecem no terreno onde ficam o Câmpus Florianópolis-Continente e a Reitoria do IFSC - foi resultado da união de esforços. “Resolvemos unir forças para termos mais visibilidade, adesão e uma programação variada e mobilizadora”, conta a professora Jane Petry da Rosa, coordenadora do Nosso IFSC, projeto que surgiu dentro do curso técnico em Eventos com o objetivo de desenvolver espaços de convivência e atividades culturais e esportivas no campus para integração entre estudantes, servidores e comunidade externa.

“Eu acho que os eventos culturais são uma potência, porque além de embelezar, eles nos entretêm, eles nos ensinam e eles provocam reflexões”, completa Jane.

Para a professora Cristiany Martins, autora do projeto de “semana cultural” que foi contemplado com recursos do edital do Didascálico - Mostra de Arte e Cultura do IFSC, lançado pela Pró-Reitoria de Extensão e Relações Externas (Proex), o protagonismo dos estudantes nos eventos foi algo que marcou a Capivarte. “As pessoas envolvidas queriam fazer sempre mais”, lembra.

Registros em f​​​​otos e vídeos das atividades da Capivarte podem ser encontrados no Instagram, no perfil do evento (@capivarte.ifsc) e no perfil oficial do Câmpus Florianópolis-Continente (@ifsc.continente).

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