Projeto de pesquisa desenvolve sistema de captação e lavagem de gases de soldagem

PESQUISA Data de Publicação: 06 abr 2023 16:49 Data de Atualização: 31 jul 2023 10:53

Muitos cursos do IFSC têm aulas práticas em laboratórios de soldagem. No entanto, os estudantes acabam sendo expostos a fumaças tóxicas decorrentes do próprio processo de soldagem desses lugares. Mas agora um laboratório do Câmpus Chapecó não tem mais esse problema graças a um sistema de captação e lavagem de gases de soldagem desenvolvido em um projeto de pesquisa entre agosto e dezembro do ano passado. 

O professor Mauricio Daniel Marczal, que atua no Departamento de Mecânica e coordenou o projeto, explica que a proposta surgiu da necessidade de redução dos fumos presentes ao redor do soldador durante as aulas práticas de soldagem. “O laboratório de soldagem apresentava quantidades significativas de fumaças tóxicas (fumos metálicos) próprios do processo, devido a quantidade simultânea de alunos operando, e o sistema de exaustão instalado não era suficiente/eficiente para extração”, conta. Além disso, a descarga inadequada desses gases na atmosfera contribui para o aumento da poluição do ar, sendo recomendada a lavagem dos gases de exaustão.

Para resolver esses problemas, o projeto de pesquisa utilizou como referência um processo industrial já existente em caldeiras e siderúrgicas para construir um sistema de captação e lavagem de gases provenientes do processo de soldagem em escala menor. O sistema implementado no IFSC capta os gases por meio de dutos interconectados, extraindo a fumaça próxima do soldador - que pode posicionar o tubo de captura em diferentes locais. Os fumos são levados então pelos dutos até o sistema de lavagem, um equipamento que gera uma cortina d'água para decantar as partículas maiores. “Foi utilizado uma torre de resfriamento como lavador e a água a ser usada para lavagem pode ser proveniente de reuso, como a água da chuva”, explica Maurício. Por fim, o resíduo é descartado junto com o material utilizado após as aulas de solda - como chapas, pontas de eletrodo, carepas, etc. “Normalmente uma empresa recolhe esse material a cada final de ano”, conta o professor.

Como resultado do projeto, as práticas de soldagem do Câmpus Chapecó podem agora ser realizadas com o auxílio de um mecanismo de extração de fumos de solda. O laboratório em que o sistema foi implantado é utilizado por alunos dos cursos técnicos em Mecânica e em Eletromecânica, além dos estudantes do curso de Engenharia de Controle e Automação.

O sistema foi fabricado com tubulação em PVC - por causa do baixo peso- com conexões em aço galvanizado e junções de dutos flexíveis de alumínio. Os tubos de captura são fabricados em PEAD (polietileno de alta densidade), um dos polímeros plásticos mais difundidos no mundo. Todas as baias readequadas foram construídas com tubos de aço carbono, sendo separadas por cortinas de soldagem.

O projeto de pesquisa foi desenvolvido com o apoio de um edital do câmpus e recebeu um recurso de R$ 20 mil. Além do pagamento da bolsa para o aluno, o recurso foi utilizado para fabricação do conjunto, construção e adequação das baias, organização geral do laboratório e aquisição de equipamentos.

"O principal resultado alcançado pela execução do projeto se expressa na construção de um sistema de captura de gases industriais, capaz de atender à demanda de melhoria da qualidade do ar inalado pelos usuários do laboratório de soldagem do câmpus”, destaca Mauricio. O projeto possibilitou ainda outras melhorias no laboratório, como repintura do piso, melhoria no sistema de iluminação, delimitação das áreas de soldagem, guarda de equipamentos de proteção individual, e armazenamento de produtos. “Todas essas melhorias vão ao encontro das premissas da sustentabilidade, melhorando a iluminação natural e artificial local”, completa.

PESQUISA CÂMPUS CHAPECÓ