Projeto propõe novo uso aos resíduos da indústria cervejeira

PESQUISA Data de Publicação: 27 mai 2024 13:16 Data de Atualização: 07 jun 2024 17:58

"Extração verde de proteínas e obtenção de hidrolisados a partir do resíduo cervejeiro bagaço de malte e seu potencial de aplicação na indústria de alimentos". Esse é o projeto de pesquisa do professor João Gustavo Provesi, da área de Ambiente e Saúde do IFSC Lages, que está em execução e pretende dar novo destino ao que antes ia para descarte na indústria cervejeira. Ele está previsto para se encerrar em agosto deste ano e faz parte do Edital 02/2023/PROPPI, contando com dois bolsistas de pesquisa.

"O projeto tem como objetivo avaliar métodos de extração verde, métodos mais sustentáveis de extração de proteínas. Nós tivemos uma atividade no Técnico em Meio Ambiente em que os alunos trabalharam com resíduo de cervejaria. Ali, eles identificaram uma alta quantidade de proteína utilizando esse resíduo, que a gente chama de bagaço de malte. Hoje esse material é descartado basicamente para compostagem e usado uma parte para alimentação animal. Então, nós vamos avaliar métodos para extrair aquela proteína daquele resíduo, mas métodos que tivessem uma pegada mais ecológica", conta o professor João.

Uma cervejaria está sendo parceira no projeto cedendo as amostras, mas o professor revela que os resultados serão públicos e podem ser acessados por todas as outras empresas do setor. O professor explica como se dá a dinâmica de execução das atividades. "É um método assistido por enzimas. Caracterizamos esse extrato e agora eles vão propor uma aplicação para essa proteína. Então, eu não sei exatamente o que eles vão propor, mas a ideia agora é aplicar esse extrato proteico em algum produto atuando na suplementação alimentar", completa.

João explica que a suspensão do calendário acadêmico atrapalhou um pouco a execução do projeto, embora ele esteja dentro do cronograma proposto. Os alunos acabam voltando para suas cidades, então essa fase final pode sofrer algumas alterações. O trabalho é feito conforme as atividades traçadas para os bolsistas. Eles que realizam as análises como parte do processo de ensino-aprendizagem. "Os bolsistas são do curso de Engenharia Química, então é uma oportunidade para que eles apliquem o que eles veem nas aulas, entrem em contato com alguns conceitos novos, que são da pesquisa científica, então criatividade, avaliação crítica, capacidade de superar problemas que aparecem, etc. Eles também têm desenvolvido agora o material de divulgação e vão participar do SEPEI. Tudo isso agrega bastante na formação deles", complementa o professor.

Roberta Andrade, aluna da sétima fase de Engenharia Química, conta que o interesse pelos projetos de pesquisa já vem de longa data, desde que a estudante cursava o Técnico em Análises Químicas do Câmpus Lages, em 2019. "A minha trajetória na iniciação científica começou em projetos já orientados pelo professor João Provesi e, desde então, sigo realizando projetos com o professor, este sendo o sexto projeto que participo. O atual projeto possui uma proposta de utilizarmos a Química Verde a nosso favor, que o principal é diminuirmos os impactos ambientais." conta a aluna.

Próxima de concluir o curso, Roberta também aponta outros benefícios da participação em projetos como esse. "A participação de projetos de pesquisa possibilita desenvolver habilidades de escrita em trabalhos e protocolos e a execução dos mesmos nos laboratórios. Passa a entender também assuntos trabalhados em salas de aula, desenvolvendo a conexão com a instituição e com os colegas', completa a aluna, reforçando o caráter de combate à evasão da participação. 

O outro bolsista do projeto é Fulvio Batista Lemos Filho, também da sétima fase do curso superior em Engenharia Química. Ele está há pouco tempo no projeto, pois substitui outra estudante que fazia parte da iniciativa. "Eu olhei a proposta do projeto e falamos com o professor Provesi e ele aprovou minha inclusão após os trâmites burocráticos e eu fui incluído como bolsista. Para mim foi bastante desafiador por ser uma área da bioquímica que eu não tenho tanta aptidão, mas tenho bastante experiência com a parte de análises laboratoriais", conta o aluno.

Fulvio já trabalhou na área, em estações de tratamento de água e efluentes industriais, realizando rotinas de análises diárias. Assim, ele analisa estar fazendo um ótimo trabalho no que diz respeito a qualidade de análises e confiabilidade dos resultados. "Acabo adquirindo um conhecimento mais aprofundado sobre a parte bioquímica das proteínas e suas aplicações, desenvolvimento do senso de pesquisa, conhecendo novos equipamentos e técnicas de análises, bem como aprender a confrontar resultados e buscar soluções para as dificuldades durante a pesquisa", comenta.

O estudante é mais um que ressalta o caráter de ensino-aprendizagem da participação em projetos de pesquisa. "Dentro da instituição, já temos um bom amparo e apoio para alcançar o aprendizado e dominar os conceitos que nos são ensinados por meio do corpo docente da instituição. Mas, quando se tem a oportunidade de participar de um projeto de pesquisa todos esses laços são surpreendentemente fortalecidos ao máximo, a absorção do conhecimento, a empatia entre o discente e docentes vai se fortalecendo a cada dia mais, sempre que eu tiver oportunidade quero estar fazendo parte de um projeto na instituição", finaliza o estudante.

O curso superior de Engenharia Química é ofertado no Câmpus Lages no período matutino e tem duração de 10 semestres. O curso forma profissionais de engenharia capacitados para atuar no desenvolvimento de produtos e processos, planejamento da instalação e manutenção de máquinas e sistemas, projetos de estruturas e equipamentos e outras atividades da área. A formação é voltada também ao desenvolvimento de competências para o empreendedorismo, gerenciamento de equipes de trabalho, interpretação e aplicação de legislação e normas de segurança, de saúde do trabalho e ambientais.

 

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