Racismo e assédio são temas de palestras para o ensino médio

CÂMPUS JARAGUÁ DO SUL-CENTRO Data de Publicação: 17 fev 2023 10:39 Data de Atualização: 17 fev 2023 10:44

Piadas sobre a cor da pele são atos de racismo? Existe racismo reverso? Toda mulher já sofreu assédio? Por que é difícil identificar certas situações de assédio no cotidiano? Esses foram alguns dos temas abordados na última quinta-feira (9) pelos professores Carlos Alberto da Silva e Mariana Guerino em palestras ministradas nos períodos da manhã e da tarde para estudantes do ensino médio técnico em Química. A atividade fez parte da semana de integração dos estudantes do curso.

Para abordar o racismo na sociedade, o professor Carlos Alberto explicou o conceito de branquitude, que é um sistema presente nas relações sociais e que tem a raça como elemento central, envolvendo desde aspectos políticos e econômicos até culturais e de relações de poder. “O racismo não é um problema dos negros, mas um problema dos brancos. E, é bom lembrar, é também um crime”, destacou.

O debate trazido pelo professor envolveu desde o racismo estrutural até o racismo recreativo. Segundo o docente, o racismo está presente nas estruturas sociais e institucionais e também é encarado como piada em algumas situações do cotidiano. “A grande maioria de nós já ouviu dizeres como ‘isso é coisa de preto’ ou tentativas de piada que se basearam na cor de pele de alguma pessoa. Essas situações reproduzem o sistema racista”, afirmou.

As questões relacionadas ao assédio foram abordadas no mesmo dia. Para a professora Mariana, o assunto está imerso numa “zona cinzenta” em que às vezes é difícil inclusive identificar a situação de assédio. “Mesmo assim, todo mundo aqui já teve contato com isso, seja como vítima, como testemunha ou até como assediador”, apontou.

No entanto, mesmo se tratando de um fenômeno que envolve todas as pessoas, o assédio na sociedade precisa ser debatido, compreendido e desconstruído. “Não se trata de um fenômeno natural, como o dia ou a chuva. Então, como não é algo natural, trata-se de algo construído socialmente e, como tal, pode ser desconstruído”, indicou.

A discussão sobre assédio e racismo na escola ocorreram também em função de experiências vividas por estudantes. “Temos que falar sobre essas questões pois são temas relacionados à convivência social e a escola é o melhor espaço o debate. Aqui é o melhor lugar para provocarmos reflexões incômodas e para olharmos tanto para nós mesmos quanto para o grupo”, explicou Carlos.

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