Trilha Ecológica completa dez anos como espaço de preservação e educação ambiental no Câmpus Criciúma

EXTENSÃO Data de Publicação: 17 set 2024 14:10 Data de Atualização: 25 set 2024 11:16

Maria Luiza da Silva era estudante do nono ano do ensino fundamental da escola municipal Paulo Rizzieri, de Içara, quando visitou o Câmpus Criciúma do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) já pensando no ensino médio. Ao lado dos colegas, ela percorreu a Trilha Ecológica do IFSC, visitada anualmente por centenas de estudantes que querem conhecer a instituição.

A Trilha do IFSC está localizada nos fundos do Câmpus e tem cerca de 220 metros de extensão. No local, é possível observar espécies de árvores nativas e exóticas, além de um “monumento ao lixo” que ajuda a contar a história do terreno, que funcionava como área de despejo industrial, e a importância da preservação. Uma das atrações do trajeto é uma “árvore dos desejos”, diante da qual os visitantes são convidados a fazer algum pedido.

“Naquele momento especial, fiz um pedido: que eu e minha melhor amiga, que também estava na trilha comigo, conseguíssemos passar na prova do IFSC e tivéssemos a chance de estudar lá”, conta Maria Luiza, hoje aluna do curso técnico integrado em Química do IFSC, ao lado da amiga Ana Laura Agostinho, que estava ao seu lado na visita. “Meses depois, para nossa surpresa o nosso desejo se concretizou. Recebemos os resultados da prova e descobrimos que ambas tiramos exatamente a mesma pontuação”, diz a estudante.

A história acima não prova que árvores podem realizar desejos – no máximo, inspiram a lutar por eles. Mas mostra principalmente a importância e o papel da Trilha Ecológica do IFSC Câmpus Criciúma, projeto que está completando dez anos em 2024. 

“Quando criamos a trilha em 2014, tínhamos dois pensamentos. O primeiro era a manutenção daquela área verde urbana para que ela começasse a fazer parte do IFSC e pudesse se regenerar. Ao longo destes dez anos, conseguimos a manutenção, ela faz parte do Câmpus, o que é uma vitória do projeto. A área verde tem conseguido se regenerar e temos notado o aparecimento de muitas espécias de mudas nativas, aves. Em paralelo, outro objetivo era transformar a área em um espaço que pudesse ser utilizado na realização de atividades de ensino, de extensão e, em um momento seguinte, de atividades de pesquisa. E conseguimos isso neste tempo”, resume o professor de Biologia, Pedro Rosso, um dos idealizadores do projeto.

Reportagem de 2016 na IFSCTV sobre a Trilha Ecológica

Ensino, pesquisa e extensão

A Trilha Ecológica do IFSC Câmpus Criciúma foi criada em 2014, dentro do projeto de extensão "Áreas verdes urbanas: espaços de educação ambiental e científica". Em 2018, o projeto ganhou o nome atual: “Na trilha do desenvolvimento sustentável”, com o objetivo de “promover a cultura do desenvolvimento sustentável em estudantes do ensino básico por meio de atividades de Educação Ambiental em trilha ecológica”. 

De acordo com o professor Pedro Rosso, nestes dez anos a Trilha do IFSC já registrou a presença de mais de 3,5 mil visitantes – há outros 456 aguardados para 2024. Esses visitantes são, em geral, estudantes de ensino fundamental de Criciúma, Içara, Morro da Fumaça, Cocal do Sul, Siderópolis e Balneário Rincão. O projeto já rendeu a produção de oito jogos de tabuleiro, três jogos virtuais (um deles em construção) e dois vídeos educativos, materiais que são utilizados nas atividades de educação ambiental com os visitantes.

O trabalho de preservação já resultou no plantio de mais de 300 mudas de espécies nativas em toda a área do Câmpus Criciúma. Ao longo dos anos, a equipe do projeto já catalogou 37 espécies de árvores, sendo 31 nativas, e mais de 30 espécies de aves. Um trabalho de conclusão do curso técnico em Meio Ambiente demonstrou, entre outros pontos, que a área verde está se regenerando. A produção acadêmica, aliás, é mais um resultado do projeto: já são 11 artigos publicados.

“O projeto possibilita a preservação e a manutenção de uma área verde urbana, que são espaços importantes, porém muito raros. Tal preservação traz benefícios ecológicos inquestionáveis, já que é uma área que acolhe, abriga e fornece alimento para uma diversidade de fauna que encontra ali refúgio, dezenas de aves, gambás, lagartos e roedores já foram flagrados no local. Serve como banco de sementes e de mudas da flora nativa. Além disso, promove um espaço de ensino, pesquisa e extensão. Seja por meio das redes sociais, atividades de educação ambiental com público externo e interno, pesquisa sobre avifauna e espécies invasoras. O projeto da trilha viabiliza a transformação de uma área verde em um laboratório a céu aberto, ao sabor da natureza”, afirma a professora de Biologia, Érica Benincá, que também atua junto ao projeto.

Formação complementar

Além de atrair visitantes para o IFSC, promover a educação ambiental e fomentar atividades de ensino, pesquisa e extensão, a Trilha Ecológica também é um espaço em que os estudantes do IFSC vivem experiências acadêmicas que são fundamentais para suas formações. Nestes dez anos, 26 estudantes já atuaram como bolsistas ou voluntários do projeto.

O primeiro deles foi o hoje advogado e analista de compliance Gabriel Corrêa Zilli. Então estudante do curso técnico em Mecatrônica, Gabriel atuou no projeto ao lado do colega Emanuel da Silva Rosa, orientados pelos professores Pedro e Gilberto Tonetto, de Geografia.

“A gente cercou a trilha, criou o monumento ao lixo, identificou as árvores, isso tudo com orientação do Pedro e do Beto, e foi uma experiência sensacional, uma das melhores que tive no ensino médio”, relembra Gabriel, atestando a importância de ter sido bolsista do projeto para sua formação pessoal e profissional. “Aprendemos a seguir as orientações, a ter um planejamento, ter obrigações, e também a falar em público, já que parte do trabalho era mostrar a Trilha para outros estudantes. Tudo isso desenvolveu e muito minha responsabilidade e organização quanto às minhas metas pessoais e profissionais, desenvolveu oratória pela necessidade de falar em público e também a escrita, pela necessidade de prestar contas posteriormente”, afirma o egresso do IFSC.

A Trilha deixa marcas nos alunos e os alunos deixam suas marcas na Trilha - e no Câmpus Criciúma com um todo. No contexto do trabalho de recuperação da área verde do IFSC e de ampliação da conscientização ambiental, o professor Gilberto há dez anos convida as turmas, especialmente as de ensino médio, a platarem uma árvore no Câmpus. "Quando começamos a receber as turmas na Trilha, surgiu a ideia de que cada turma do IFSC plantasse uma árvore e cuidasse dela. Além da simbologia de deixar as raízes no Câmpus, também haveria a contribuição para a renegeração da área verde e para a arborização do Câmpus, que se tornaria mais bonito e sustentável", conta o professor.

Saiba mais

A Trilha do IFSC conta com um site no qual são registradas as espécies observadas e publicados os trabalhos produzidos no âmbito do projeto. Também é possível seguir o projeto no Instagram, que serve de contato para o agendamento de visitas.

Reportagem da NDTV sobre a arborização do IFSC Câmpus Criciúma
 

Linha do tempo

Além dos 26 estudantes, dez professores já participaram do projeto. Confira as equipes a cada ano:

2014 - Projeto "Áreas verdes urbanas: espaços de Educação Ambiental e científica";
    • Equipe: Docentes: Pedro Rosso e Gilberto Tonetto; Discentes: Gabriel Corrêa Zilli e Emanuel da Silva Rosa.

2015 - Projeto "Na trilha da saúde";
    • Equipe: Docentes: Leandro Almeida da Silva, Gilberto Tonetto, Fernando Bueno Ferreira Fonseca de Fraga, Rodrigo Machado e Pedro Rosso; Discentes: Gabriel Corrêa Zilli, Emanuel Silva da Rosa, Gabrieli Martins da Silva e Maria Eduarda de Freitas Schütz.

2016 - Não foi realizado.

2017 - Curso de formação continuada para professores da Rede Estadual de Ensino.

2018 - Projeto "Na trilha do desenvolvimento sustentável"
    • Equipe: Docentes: Pedro Rosso, Erica Mastella Benincá, Fernando Bueno Ferreira Fonseca de Fraga e Gilberto Tonetto; Discentes: Dyenifer Martins Barbosa, Everton Sandrini Ghisi, Julia Fernandes Pereira, Julio Gabriel Vitali Nunes.

2019 - Projeto "Na trilha do desenvolvimento sustentável - Ano II"
    • Equipe: Docentes: Pedro Rosso, Erica Mastella Benincá, Fernando Bueno Ferreira Fonseca de Fraga, Iuri Sônego Cardoso e Gilberto Tonetto; Discentes: Guilherme Ferreira de Jesus; Renata Trombin de Araújo e Milena Cristina Symonek da Cruz

2020 - Projeto "Na trilha do desenvolvimento sustentável - Ano III"
    • Equipe: Docentes: Pedro Rosso, Erica Mastella Benincá e Fernando Bueno Ferreira Fonseca de Fraga: Discentes: Anderson Henrique Kautzmann; Jussara Jeanne Corrêa de Araújo e Renata Trombin de Araújo.

2021 - Projeto "Na trilha do desenvolvimento sustentável - Ano IV"
    • Equipe: Docentes: Fernando Bueno Ferreira Fonseca de Fraga, Gilberto Tonetto, Michele Alda Rosso Guizzo de Souza; Pedro Rosso e Gilberto Tonetto. Discentes: Adriana Silva Melo, Gabriel Ricardo Luiz e Guilherme Vicente Pacheco.

2022 - Projeto "Na trilha do desenvolvimento sustentável - Ano V - Reconexões com a natureza"
    • Docentes: Erica Mastella Benincá, Fernando Bueno Ferreira Fonseca de Fraga, Michele Alda Rosso Guizzo de Souza; Pedro Rosso e Gilberto Tonetto. Discentes: Fernanda Cesconetto, Gander Matheus Moura Gonçalves de Araujo, Jhonathan da Silva Mendes e Pedro Henrique Manzoni.

2023 - Projeto "Na trilha do desenvolvimento sustentável - Ano VI - Ampliando horizontes"
    • Equipe: Docentes: Erica Mastella Benincá, Fernando Bueno Ferreira Fonseca de Fraga, Michele Alda Rosso Guizzo de Souza, Fernando Rodrigues dos Santos, Thereza de Almeida Garbelotto, Pedro Rosso e Gilberto Tonetto. Discentes: Fernanda Cesconetto, Jhonatan da Silva Mendes, Luiz Felipe Rocha de Zorzi e Murilo Colombo de Souza.

2024 - Projeto "Na trilha do desenvolvimento sustentável - Ano VII - Polinizando saberes"
    • Equipe: Docentes: Erica Mastella Benincá, Fernando Rodrigues dos Santos, Pedro Rosso e Gilberto Tonetto. Discentes: Fernanda Cesconetto, Luiz Felipe Rocha de Zorzi, Davi Serafim dos Santos, Pedro Gabriel Cavalcante e Augusto Cesar REinert da Rosa.

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