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Desafios da educação prisional são discutidos em encontro sobre ressocialização

EXTENSÃO Data de Publicação: 17 jun 2019 16:24 Data de Atualização: 17 jun 2019 16:32

Cerca de 120 professores que atuam no sistema prisional da região Sul de Santa Catarina, agentes penitenciários e gestores de unidades prisionais participaram quinta-feira (13) do “Encontro regional de educação nas prisões de Santa Catarina: ressocializar para a cidadania, o trabalho e a liberdade”. O evento no auditório do Câmpus Criciúma é resultado de uma parceria entre o IFSC e o Departamento de Administração Prisional (Deap) que vem realizando uma série de projetos nas áreas de educação e trabalho e contribuindo com a ressocialização de homens e mulheres em situação de privação de liberdade.

O encontro foi encerrado com o lançamento de um livro que nasceu a partir de um projeto de extensão do Câmpus Criciúma na Penitenciária Sul. Em “Uma nova chance”, Maicon Bonifácio Martins relata sua trajetória no crime e reflete sobre as consequências que sofreu.

“Acreditava que com minha história poderia transmitir mensagens aos jovens para que não trilhassem os mesmos caminhos que eu e não sofressem as consequências que estou sofrendo ou até mesmo consequências ainda piores”, disse Maicon, que esteve no Câmpus Criciúma para o lançamento do livro.

Durante o segundo semestre do ano passado, a professora do IFSC, Carla Scapini, com as professoras da Penitenciária Sul Bruna Soares Luiz e Patrícia França, orientaram o trabalho de escrita do livro, que foi publicado pelo IFSC no final de 2018. “Ficamos cerca de seis meses fazendo esse trabalho de revisão. Se não fosse toda a estrutura do sistema de segurança e do sistema de educacional, não teríamos conseguido. As portas sempre estiveram abertas para fazermos este trabalho de revisão do livro a oito mãos e muita discussão”, disse Carla.

Para Patrícia, professora que atua no sistema prisional da região Sul de Santa Catarina, destacou a importância da conquista. “Nós, como educadores dentro do sistema penitenciário e da educação carcerária, embora saibamos que não vamos alcançar 100% da ressocialização, sempre depositamos esperança em cada um”, afirmou. 

Em sua fala durante o lançamento do livro, o autor lembrou que o processo de escrever suas memórias foi uma porta que se abriu para refletir sobre seus feitos e buscar uma melhora. “Graças ao projeto de ressocialização através da educação dentro do sistema prisional, eu aprendi que uma pessoa que errou tanto, ao ponto de se encontrar numa situação de cumprimento de pena, podia não apenas escrever no papel a sua história, mas assumir o papel de reescrever sua própria história”, declarou.

Formação de professores

O encontro foi organizado pelo Deap e pelos Câmpus Criciúma e Canoinhas do IFSC, representado pelos professores Cícero Santigado de Oliveira e Joel José de Souza. Estiveram presentes professores que atuam em presídios e penitenciárias de Criciúma, Araranguá, Laguna, Tubarão e Imbituba. A juíza titular da 2ª Vara de Execuções Penais de Criciúma, Débora Rieger Zanini, participou da abertura do encontro.

“Foi a primeira vez que realizamos um evento desta magnitude”, disse a diretora da Penitenciária Sul, Maira Aguiar Montegutti, lembrando da importância de que as pessoas em cumprimento de pena possam ter a oportunidade de retornar para a sociedade com uma maior capacidade de se ressocializar.

Em Criciúma, o IFSC atua na Penitenciária Sul e na Penitenciária Feminina sistematicamente desde 2017, com a realização de cursos de qualificação profissional, certificação de saberes e competências e projetos de extensão. A abertura do evento, por exemplo, contou com a apresentação do coral Viva Voz, formado por mulheres reeducandas da Penitenciária Feminina, resultado também de um projeto de extensão do IFSC. O encontro surgiu de uma demanda do DEAP por um momento de formação para os professores que atuam no sistema prisional da região. 

"Tivemos um retorno muito positivo porque foi algo direcionado para a realidade deles em sala de aula. Os professores têm a formação docente geral, mas este foi um momento para pararmos e pensarmos a educação dentro de um espaço prisional”, destacou o chefe do Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão (Depe) do Câmpus Criciúma, Daniel Comin.

Responsável regional pela educação no Deap, Max Dagostin ressaltou que, além de ser um direito, a educação tem o poder de transformar a vida das pessoas. A educação dentro do sistema prisional tem o objetivo de promover atividades que sejam proveitosas para o detento e possam provocar uma mudança para uma nova vida no lado de fora.

"Nosso principal objetivo é transformar a vida daquelas pessoas. Não podemos esquecer em nenhum momento que a educação é direito. Essas pessoas voltarão um dia para a sociedade. A sociedade precisa entender de uma vez por todas que esse compromisso também é deles”, afirmou.

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