EXTENSÃO Data de Publicação: 13 dez 2024 18:10 Data de Atualização: 13 dez 2024 18:39
Um projeto de extensão desenvolvido no Câmpus Florianópolis do IFSC visa democratizar o acesso a informações meteorológicas, ao mesmo tempo em que envolve a comunidade na construção e análise de dados sobre o clima. A iniciativa, chamada “A meteorologia na palma da mão: construindo conhecimento com e para a sociedade”, tem a participação de estudantes e docentes do curso técnico em Meteorologia e da comunidade interessada no tema, como alunos e professores de escolas públicas e escolas de esportes.
O projeto funciona como um “guarda-chuva” sob o qual estão duas ações já em andamento: “Meteorologia do Cotidiano à Ciência” e “Rede Meteorológica Comunitária”. Elas estão reunidas em um site destinado a estudantes, profissionais e demais interessados pela área.
As atividades do projeto são viabilizadas por meio de editais de incentivo à extensão do IFSC, que garantem recursos financeiros para aquisição de materiais e contratação de estudantes bolsistas.
Meteorologia no cotidiano
A ação “Meteorologia do Cotidiano à Ciência” tem como objetivo facilitar a compreensão sobre meteorologia, trazendo a visão científica para o dia a dia das pessoas. Por meio de artigos, tutoriais e fóruns especializados publicados em um site, o projeto busca facilitar o entendimento dos fenômenos meteorológicos.
Além disso, por meio dessa ação, a equipe de “A meteorologia na palma da mão” realiza projetos integradores (PIs), que são os trabalhos finais do 2º e 3º semestres do curso de Meteorologia, em parceria com escolas de ensino fundamental e médio, promovendo a educação científica de forma acessível. Nos PIs, os estudantes do IFSC desenvolvem recursos de aprendizagem que contribuem para o ensino de ciências naturais, matemática e linguagens.
Um desses PIs, chamado “Reconhecimento do céu através das nuvens”, teve sua última atividade em 5 de dezembro. Ele foi desenvolvido na Escola Básica Municipal da Tapera - Escola do Futuro, na região sul de Florianópolis, com estudantes do 6º ao 9º anos. O tema abordado foram os tipos de nuvens.
Uma das iniciativas desse PI, desenvolvido por estudantes do 3º e último semestre do curso de Meteorologia, foi um concurso fotográfico com premiação para cada tipo de nuvem fotografada pelos alunos da escola municipal e pela professora de geografia. Os alunos da escola também desenvolveram jogos e cartazes com base em pesquisas que fizeram sobre o tema.
Os colegas Davi e Lucas, ambos de 12 anos, criaram um jogo de luta online, batizado “Nuvem Fight”, em que as nuvens se enfrentam, cada uma com poderes inspirados nas suas características. “Foi legal [participar do projeto] porque a gente fez o jogo a nossa maneira e estudando sobre os muitos tipos de nuvens que existem”, comenta Lucas. A dupla usou uma plataforma online para desenvolver o game, que está disponível gratuitamente para quem quiser se divertir e aprender mais sobre nuvens.
Os participantes fazem parte do “clube de geografia” da escola, que se reúne uma vez por semana no contraturno das aulas para trabalhar em projetos específicos. A professora de geografia e coordenadora do clube, Talita Góes, avalia que o PI foi essencial para desenvolver o interesse dos estudantes no assunto. “Foi de uma maneira mais lúdica e com vários recursos novos para usarmos nas aulas”, destaca Talita, que é professora há 10 anos.
A estudante Domênica Tcacenco, do curso de Meteorologia, considera que o PI foi importante também para a equipe do projeto, da qual ela fez parte. “Ensinando, a gente aprende junto”, comenta. O grupo desenvolveu nesse período o “visualizador de nuvens”, que ajuda a identificar o tipo de nuvem que está no céu e pode ser usado em aulas e saídas de campo.
A equipe desse PI teve também os estudantes Aline Cunha, Antonio Nascimento e Roberto Marques, com orientação do professor Michel Nobre Muza e supervisão do professor Eduardo Beck, que é o responsável pela disciplina "Projeto Integrador II" e coordenador de “A meteorologia na palma da mão”.
Rede Meteorológica Comunitária
Outra iniciativa incluída no projeto de extensão, a Rede Meteorológica Comunitária tem como objetivo principal monitorar e compartilhar informações meteorológicas locais. O projeto utiliza uma rede de estações meteorológicas de baixo custo e câmeras ao vivo, permitindo que a comunidade acompanhe o comportamento do tempo em tempo real, por meio de plataformas acessíveis como a web e aplicativos móveis.
O IFSC contribui para a rede com estações meteorológicas didáticas profissionais, que podem ser visualizadas no site do projeto e fazem parte da infraestrutura para o desenvolvimento das atividades educativas.
A rede é mantida por parcerias com os participantes, que colaboram na coleta e disseminação de dados meteorológicos importantes para a comunidade. Até o momento, foram instaladas estações meteorológicas em três escolas municipais de Florianópolis (uma delas, a da Tapera), em uma escola de parapente também na capital e em uma escola de kitesurf em Palhoça.
Os dados da estação meteorológica já foram usados na escola da Tapera no Clube de Matemática, com orientação da professora Ana Paula Mercadante, para trabalhar conceitos de estatística com os alunos do ensino fundamental.
Os dados gerados pelas estações podem ser usados também em outras disciplinas e para trabalhar temas como as mudanças climáticas. “Elas dão subsídios para trazer essa discussão para dentro das aulas”, diz o professor Eduardo Beck, do curso de Meteorologia.
Para conhecer mais sobre essas ações, acessar os dados das estações meteorológicas, materiais didáticos, histórico dos projetos integradores e outras informações, acesse o site do projeto “A meteorologia na palma da mão”. “O nosso grande legado é essa plataforma online. Nossa ideia é deixar os materiais disponíveis para as escolas, como recursos didáticos para ensinar sobre o clima”, ressalta o professor Eduardo Beck.