INSTITUCIONAL Data de Publicação: 06 nov 2016 22:00 Data de Atualização: 06 fev 2018 15:21
Oferecer educação formal e profissional a trabalhadores que não tiveram acesso ou abandonaram a sala de aula é um desafio para o IFSC. Neste mês de novembro, publicaremos uma série de matérias e vídeos sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Instituto, sua história, dados e, principalmente, histórias de vida que demonstram como iniciativas como essa podem transformar vidas por meio da educação.
A história do IFSC com a Educação de Jovens e Adultos (EJA) iniciou-se ainda 2004, atualmente sendo atendida pelos câmpus que oferecem cursos do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja) e Rede Nacional de Reconhecimento de Saberes Profissionais (Certific).
O Proeja foi instituído por decreto como programa educacional brasileiro com o objetivo de atender à demanda por educação básica e profissional de jovens e adultos por meio da elevação da escolaridade, profissionalização, continuidade de estudos e maior inserção na vida social e no mundo do trabalho.
Segundo o Censo da Educação Básica 2013, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2007 havia quase cinco milhões de alunos matriculados em cursos EJA em todo o Brasil, enquanto em 2013, esse número caiu para cerca de 3,7 milhões de alunos. Ou seja, para quatro turmas existentes em 2007, uma delas foi fechada em 2013.
A demanda, porém, é maior que as vagas oferecidas. Segundo dados da Pnad/IBGE, relativos à 2012, o Brasil tem uma população de 56,2 milhões de pessoas com mais de 18 anos que não frequentam a escola e não têm o ensino fundamental completo. Se somarmos a esse número à quantidade de pessoas que não possuem o Ensino Médio, a demanda ultrapassa 81 milhões de brasileiros.
O Decreto 5840/96, que criou o Proeja, determina que os institutos federais ofertem no mínimo 10% de suas vagas de ingresso para cursos Proeja. Atualmente, esse índice é de pouco mais de 4% no IFSC. O pró-reitor de Ensino, Luiz Otávio Cabral, destaca que, mesmo fora da meta, o IFSC é um dos institutos federais com maior número de oferta de cursos Proeja. “Estamos trabalhando para aumentar esse percentual, com o apoio de todos os nossos câmpus”, destaca.
A Educação de Jovens e Adultos no IFSC
Em 2004, um grupo de professores do Câmpus Florianópolis, atento ao movimento pelo direito à educação pública, resolveu aceitar o desafio e atender trabalhadores que não tiveram acesso ou não concluíram a educação básica. Com apoio do então diretor Anésio Macari, foi criada a primeira turma de Educação de Jovens e Adultos, com oferta de ensino médio (denominada Emja).
Em 2005, o governo federal emitiu o primeiro decreto instituindo o Proeja. No ano seguinte, foi oferecida a opção de o aluno concluir o ensino médio em um ano e meio e, na sequência, ingressar em um dos cursos técnicos subsequentes ofertados no Câmpus Florianópolis. Os alunos poderiam ingressar nas vagas reservadas desses cursos e, caso houvesse mais inscritos do que vagas, essas eram sorteadas. “Foi uma maneira que o IFSC encontrou de cumprir o decreto do MEC”, destaca Elenita Eliete de Lima, coordenadora do Proeja no IFSC.
Porém, esse arranjo não atendia à exigência do MEC, que preconizava a oferta de Proeja de forma concomitante ou integrada. Assim, em 2008, foi lançado o curso técnico em Enfermagem pelo Proeja. O ingresso era por sorteio e, na primeira turma, mais de mil pessoas se inscreveram. Três turmas se formaram e o curso foi extinto. Segundo Elenita, a grande maioria destes alunos conseguiu emprego na área. Uma delas foi a aluna Albertina, que se formou na primeira turma e hoje trabalha em um grande hospital de Florianópolis. Veja no vídeo abaixo o depoimento dela para a IFSCTV. No mesmo ano, o Câmpus São José também ofertou um curso, na área de refrigeração e ar condicionado.
Com a expansão do IFSC, outros câmpus começaram a implantar cursos Proeja. Em 2010 foi firmada parceria entre os câmpus Florianópolis e Florianópolis-Continente para a oferta do curso de qualificação profissional em Auxiliar de Cozinha. Atualmente, esse curso funciona com a denominação de curso técnico em Gastronomia, mas a partir do próximo ingresso, para o semestre 2017.1, voltará à denominação de técnico em Cozinha.
Muitas turmas foram ofertadas em parcerias com prefeituras, governo do Estado, suprindo assim a necessidade de professores nos câmpus recém-instalados. Na mesma época, o MEC ampliou a oferta de Proeja para o ensino fundamental. Segundo Elenita, muitos desses cursos não tiveram prosseguimento, formando apenas uma turma.
Os Câmpus que estão oferecendo turmas de Proeja atualmente são Chapecó, Florianópolis, Florianópolis-Continente, Garopaba, Itajaí, Jaraguá do Sul, Palhoça Bilíngue, São Miguel do Oeste, São José, Tubarão e Urupema, Caçador e Gaspar, que está com curso em fase de aprovação e será ofertado em parceria com a Secretaria de Estado da Educação.
Veja, na próxima semana, a continuação dessa história: a criação da Comissão de Integração dos Programas Sociais do IFSC (Cips) e o Reconhecimento de Saberes Profissionais (Certific).
https://www.youtube.com/watch?v=38NcNOoiB3w&index=4&list=PLd9Tud4cuVzT7bYkvbW2IlP1V-FloMU9c
Carla Algeri | Jornalista IFSC