CÂMPUS CANOINHAS Data de Publicação: 09 fev 2015 22:00 Data de Atualização: 06 fev 2018 14:52
O Câmpus Canoinhas do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) conquistou mais um de seus objetivos na noite desta segunda-feira (9). No auditório lotado, aconteceu a aula inaugural do primeiro curso superior do câmpus: de tecnologia em Alimentos. O IFSC é a primeira instituição pública a disponibilizar um curso de nível superior federal presencial na região do Planalto Norte, o que torna a conquista ainda mais importante para o município de Canoinhas e para a região.
A diretora executiva do IFSC, Silvana Lisboa de Sá, deu as boas vindas aos calouros e destacou a importância da disseminação das instituições federais pelo interior, levando ensino de qualidade e de referência para todas as regiões. Por ser a primeira turma, ela pediu dedicação e empenho extras dos novos alunos. “A primeira turma é primordial porque vai ajudar a construir o curso. A partir de seus anseios e necessidades é que o curso será moldado”, explicou.
Conforme a diretora do câmpus, Maria Bertília Giacomelli, o início do curso superior concretiza um sonho que começou ainda em 2007, quando tiveram início as discussões para implantação de um câmpus do IFSC em Canoinhas. A escolha de cursos na área de alimentos foi feita pela própria comunidade externa, em uma audiência pública em que a população pôde dar sugestões.
“Começamos com os cursos técnicos e, agora, damos início a uma nova etapa, com a efetivação do nosso primeiro curso superior. Temos estrutura física bem preparada e servidores altamente qualificados para o desenvolvimento deste curso, que, além do ensino em sala de aula, prevê a realização de muitos projetos de pesquisa e extensão, para fazer a diferença na vida dos alunos e da comunidade”, destacou Maria Bertília.
Os secretários de Educação de Canoinhas, Hamilton Wendt, e de Três Barras, Marcos Budant, participaram do evento e confirmaram a repercussão desta conquista para a região. “Damos apoio incondicional ao IFSC porque sabemos da importância da instituição e do desenvolvimento que ela está proporcionando”, afirmou o secretário de Canoinhas. “O IFSC não é só de Canoinhas, mas de toda região”, completou o secertário adjunto de Três Barras.
Os dois conhecem muito bem o IFSC, já que a filha de Wendt cursa o técnico em Agroindústria e o filho de Budant formou-se na primeira turma deste mesmo curso. “O IFSC está proporcionando educação superior pública para dar seguimento aos cursos técnicos de qualidade atestada que temos aqui”, disse Wendt.
Expectativa promissora
Jaqueline Lefchack, de 17 anos, e Rhaine Mayra Musselin, de 18, fazem parte da primeira turma de Alimentos e estavam ansiosas pelo início das aulas. As duas ainda não se conheciam, mas optaram pelo curso com base nos mesmos motivos: qualidade do ensino, oportunidade de emprego e proximidade.
Moradora do município vizinho de Papanduva, Rhaine fez uma pesquisa detalhada sobre o IFSC e o curso antes de se inscrever no vestibular. A proximidade com o câmpus, o que vai permitir que ela venha todos os dias de ônibus, também pesou na decisão. “A área de alimentos é bem interessante e o campo de trabalho bem amplo. Gostaria de trabalhar na área de análise de processamento de alimentos, talvez no melhoramento de produtos”, comentou.
De Canoinhas, Jaqueline é formada no curso técnico em Agroindústria e fez questão de continuar no IFSC. “Gostei muito de estudar aqui. A gente realmente aprende e sai com um preparo muito melhor do que somente no ensino médio”, reconheceu. Ela acredita que a área de alimentos tem excelentes oportunidades de emprego devido à necessidade de boas práticas em toda cadeia produtiva.
Conforme a coordenadora do curso, professora Cleoci Beninca, o arranjo produtivo do Planalto Norte catarinense está baseado nos setores pecuário, agrícola e industrial. “Além de consolidar a atuação do IFSC na região, o curso de tecnologia em Alimentos vem contribuir para a modernização do sistema produtivo local e desenvolvimento regional”, destacou, lembrando que a posição estratégica de Canoinhas vai permitir ainda o atendimento à população do meio oeste catarinense e do sul do Paraná.
O curso começa com 40 alunos, dos quais 20 ingressaram por meio do vestibular, cuja concorrência foi de dez candidatos por vaga. Os demais estão ingressando por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), destinado aos alunos que participaram do Enem. As aulas são no período noturno, com duração de seis semestres.
O objetivo geral do curso é formar tecnólogos em alimentos, com competências e habilidades que permitam desenvolver uma visão multidisciplinar e empreendedora, para atender as demandas técnico-científicas e humanas, contribuindo, de forma sustentável, para o avanço tecnológico na área de alimentos.
Necessidade regional
Com o tema “Desenvolvimento regional e a tecnologia em Alimentos”, o gerente regional da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), engenheiro agronômo Donato João Nernberg, ministrou a primeira aula do novo curso. Ele participou ativamente da campanha pela instalação do IFSC na região e, pelo segundo mandato consecutivo, representa a comunidade externa no colegiado do Câmpus Canoinhas.
O conhecimento da região e da atuação do IFSC tornou a palestra mais dinâmica e proporcionou a abordagem de temas relevantes para quem está ingressando na área, como a importância da indústria de alimentos, potencialidades regionais, expectativas de expansão do setor e desafios para o futuro.
Embora seja um dos municípios com maior produção de soja e milho de Santa Catarina e com produtividade em plena expansão na pecuária e hortifruticultura, Canoinhas ainda depende de cidades polos para a transformação dos produtos. “Esta é uma realidade que precisamos mudar. E o IFSC tem um papel muito importante no fomento à agroindustrialização de Canoinhas e da região”.
Ele lembrou que a região tem um potencial muito grande na produção de alimentos, devido às condições de solo e clima propícios, área disponível para produção, mão-de-obra disponível e condições ambientais. “Contamos ainda com uma transformação importante no campo político de integração regional e boas políticas públicas de incentivo à educação, pesquisa, extensão, capacitação e defesa sanitária”.
Neste contexto, o gerente da Epagri acredita que o curso de tecnologia em Alimentos chega em boa hora, somando-se ao esforço da comunidade regional pela agroindustrialização, a fim de agregar valor à matéria-prima produzida na região, com produtos diferenciados, de qualidade e que respeitem o meio ambiente. Assim, os objetivos do curso e da comunidade se harmonizam ao levar em conta a necessidade de garantir a qualidade de vida nos meios rural e urbano.