SEPEI Data de Publicação: 22 ago 2024 09:47 Data de Atualização: 22 ago 2024 09:55
Fogão solar, telhado verde, permacultura, bioconstruções e banheiro seco são apenas alguns exemplos de tecnologias sociais sustentáveis, assunto abordado nesta quarta-feira (22 de agosto) numa das oficinas ministradas no 10º Seminário de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação (Sepei 2024). São produtos bem diferentes, mas que têm em comum o princípio de usar a ciência e a tecnologia para encontrar soluções sustentáveis, acessíveis e socialmente justas para problemas locais.
Uma situação no Câmpus Chapecó foi o primeiro exemplo de solução atingida por meio de tecnologia social, como contou o professor Alencar Migliavacca, ministrante da oficina. Quando o câmpus recebeu o contâiner que seria usado como sede para o grêmio estudantil, logo se percebeu que a estrutura exigiria alto investimento em climatização para proporcionar conforto térmico. A construção de um telhado verde foi a solução simples, ecológica e barata para o problema: instalado com telhas de fibrocimento revestidas por uma camada de terra e plantas, a estrutura contribui para reduzir o calor no ambiente interno do e ainda permite o reaproveitamento da água da chuva, que é filtrada por meio de um sistema também de baixo custo.
De acordo com o professor Alencar, o conceito de tecnologias sociais surgiu nos anos 1970, com a denominação mais genérica de “tecnologias apropriadas”. Segundo ele, as tecnologias ditas “apropriadas” eram entendidas como aquelas que visavam solucionar problemas locais de forma simples, com baixo custo e gerando renda e melhoria na saúde e no meio ambiente. “A partir dos anos 1980, essa ideia passou a se disseminar no Brasil, com o nome de tecnologia social, que tem as mesmas diretrizes”, afirmou ele, que é pesquisador e entusiasta desse tipo de conhecimento aplicado.
Além de serem sustentáveis, acessíveis, socialmente justas e de baixo custo, as tecnologias sociais têm a característica da facilidade de reaplicação, como salientou Alencar. “Tecnologia social não se replica, mas sim se reaplica”, enfatizou. Isso quer dizer que os princípios gerais de uma tecnologia podem ser a base de iniciativas semelhantes em outros locais, porém com adaptações às realidades e necessidades de cada local impactado. Um exemplo é a criação de abelhas sem ferrão, tema também abordado durante o Sepei 2024: com os mesmos princípios, a técnica pode ter alterações dependendo do clima da região onde ela é aplicada, seja uma comunidade mais fria da região Sul ou uma localidade do sertão nordestino, por exemplo.
Em alta, as iniciativas que envolvem tecnologias sociais inspiram pesquisas científicas e políticas públicas, como a instalação de poços subterrâneos e cisternas de ferrocimento em localidades impactadas por longas estiagens. Há também iniciativas de certificação de tecnologias sociais que podem ser reaplicadas em qualquer lugar com problemas semelhantes, como é o caso da Fundação BB Transforma - Rede de Tecnologias Sociais. No site da fundação é possível conhecer tecnologias sociais validadas em diversas áreas, como alimentação, educação, energia, habitação, recursos hídricos e saúde.
O Sepei 2024 tem nesta quinta-feira seu último dia de atividades, no Câmpus São Miguel do Oeste. Acesse o site do evento.