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Glossário de química facilita o ensino da disciplina aos estudantes surdos

ENSINO Data de Publicação: 22 set 2020 11:11 Data de Atualização: 22 set 2020 11:20

Aprender química nem sempre é uma tarefa fácil. Por isso, os professores costumam buscar alternativas que minimizem as dificuldades e façam com que os alunos encontrem sentido no que é ensinado na escola. Foi com essa perspectiva, que a docente de química do Câmpus Palhoça Bilíngue, Karina Zaia Machado Raizer, desenvolveu um glossário bilíngue (Libras – Português) de termos relacionados à disciplina. 

O glossário, que ainda está em desenvolvimento, é fruto da sua dissertação de mestrado, defendida em maio, tendo a professora se dedicado a analisar as estratégias de ensino de química utilizadas pelos docentes nos cursos técnicos integrados do IFSC, mais especificamente às voltadas ao estudante surdo. No total, foram pesquisados 18 professores, os quais apontaram como dificuldades para o ensino: carência em suas formações acadêmicas em relação à educação de surdos, falta de recursos didáticos bilíngues específicos para a área e escassez de termos de química em língua de sinais.

Esses aspectos, e a experiência de cinco anos dando aula para os surdos, motivaram a professora a propor um Glossário Acadêmico de Química em formato de site. Isso porque essa mídia tem como vantagens ser de fácil atualização e aplicação de recursos de acessibilidade, não requerer instalação de plugins, ter amplo alcance e ser compatível com vários dispositivos. Essas características facilitam a sua utilização como material de apoio didático bilíngue (Libras – Português), para o ensino de química a estudantes surdos. Nele são abordados definições de conceitos e termos fundamentais de Química Geral.

“Quando comecei a dar aula para os surdos, eu achava que os sinais eram a coisa mais importante, mas depois fui percebendo que eles precisavam saber o que eles significavam. O diferencial desse glossário é que ele aborda os sinais e as suas explicações, em Libras e português. Ele tem uma sequência de conteúdos como um livro, traz imagens, conceitos, e pode ser utilizado pelos professores, intérpretes, alunos, surdos e ouvintes, e também pela família, pois seu uso pode se dar dentro e fora da sala de aula”, relata a professora.

A ferramenta foi avaliada por três docentes de química dos cursos técnicos integrados do IFSC, tendo sido considerada uma importante possibilidade de melhoria das estratégias de ensino para os surdos e, consequentemente, da qualidade da educação de surdos no Brasil. Aliás, levar o glossário ao conhecimento de pessoas externas ao câmpus está nos planos de Karina, que menciona inclusive o desejo de fazer um trabalho de sensibilização com os estudantes do curso superior de Licenciatura em Química, do IFSC Câmpus São José, que serão a nova geração de professores. Mas enquanto isso não se concretiza, a dissertação é pública e está à disposição no Repositório Institucional do IFSC, assim como o glossário está disponível no site do câmpus.

Apresentação do glossário

O Glossário Acadêmico de Química é composto de uma tela inicial de boas-vindas e orientação de navegação ao usuário; sendo possível acessar ainda um menu de informações gerais – onde são apresentados os membros da equipe do projeto, uma breve descrição da proposta e as referências que embasaram o trabalho; um menu de navegação principal para os conteúdos – que se apresentam por meio de imagens, links, vídeos em Libras, textos em português e em signwriting (escrita de sinais); e o rodapé – com informações de local e contato.

A identidade visual utilizada foi baseada nos elementos da química e do próprio IFSC. O fundo da página remete a uma estrutura molecular, jaleco branco, cabelo preso, sem acessórios, de acordo com as normas de segurança adotadas em um laboratório, cor lilás usada para representar a licenciatura em química e o verde para remeter ao Instituto.

Conteúdo

Todo o conteúdo do site é apresentado em Libras e em português, e sua abrangência corresponde a uma sequência dos principais assuntos de química que são estudados no primeiro ano do ensino médio, semelhante ao índice de um livro didático da educação básica. Dos 12 temas inicialmente propostos, por enquanto, só está completo e habilitado o primeiro, que aborda conceitos básicos e introdutórios paro o ensino de química. “Os conteúdos serão ampliados para contemplar, inclusive, temas das outras séries do ensino médio, segundo e terceiro ano”, explica a professora.

Segundo ela, a criação de sinais de termos químicos em Libras não era a intenção do estudo e, por isso, optou-se pelo uso de sinais já conhecidos pelos intérpretes, com exceção de alguns termos que os estudantes surdos não reconheceram sentido no sinal apresentado. “Nesse caso, foi feita uma discussão com eles e com a equipe executora do projeto, levando em conta outras possibilidades de sinais, já existentes ou sugeridos pelo grupo, ficando ao encargo dos alunos fazerem a escolha”, esclarece Karina.

Equipe executora

Além da docente de química, o seu desenvolvimento contou com uma equipe multidisciplinar, composta por oito servidores e um estudante do câmpus: a professora da área da Tradução e Interpretação de Libras – Português, Saionara Figueiredo Santos; os professores surdos da área da Libras, Fabio Irineu da Silva e Paulo Roberto Gauto; a web designer, Francine Medeiros; os Tradutores e Intérpretes de Libras – Português, Monise Fiorentin Gomes e Tom Min Alves; e o aluno surdo do curso superior de Tecnologia em Produção Multimídia, Yuri Alessandre Oliveira dos Santos.

Sobre o mestrado profissional

Karina é uma das concluintes da segunda turma do primeiro mestrado profissional em Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Criado em 2016, o Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (Profept) é oferecido em vários institutos do Brasil, inclusive no IFSC. Um mestrado profissional tem como diferencial a obrigatoriedade de o aluno desenvolver um Produto Educacional (PE), o qual serve de apoio ao professor para facilitar o processo ensino e aprendizagem na EPT. No caso da pesquisa da Profa. Karina, o glossário foi a proposta de PE.

Para mais informações acesse http://www.palhoca.ifsc.edu.br/glossario_quimica ou escreva para glossario_quimica@ifsc.edu.br.

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