ENSINO Data de Publicação: 30 abr 2021 10:06 Data de Atualização: 30 abr 2021 12:39
O Câmpus Palhoça Bilíngue do IFSC realiza nesta sexta-feira (30), às 19 horas, em cerimônia on-line, transmitida à comunidade pelo canal do IFSC no YouTube, a colação de grau dos formandos dos seus cursos superiores de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue (Libras-Português) e Tecnologia em Produção Multimídia.
O IFSC é uma das três instituições do país a oferecer a formação de pedagogo bilíngue, profissional apto a atuar com estudantes surdos e ouvintes, em turmas regulares (somente de ouvintes), classes bilíngues (somente de surdos com aulas em Libras) ou turmas inclusivas (surdos e ouvintes, com aulas em português, mas com a interpretação para a língua de sinais).
Elaine Cristina Farias Maria, que já atuava na educação de surdos na região, antes mesmo de iniciar a graduação, afirma que o curso a deixou mais preparada e lhe deu um arcabouço de teorias e conhecimentos para que ela possa continuar contribuindo com a área, que segundo a formanda, ainda é bastante deficitária devido à falta de professores com essa qualificação.
A lei de Libras, nº 10.436, que completou 19 anos no último sábado (24), estabelece que instituições públicas e concessionárias de serviços públicos devem garantir atendimento e tratamento adequados aos surdos. Também determina que as redes públicas de ensino devem incluir a Libras nos cursos de formação de educação especial, fonoaudiologia e magistério em níveis médio e superior. Contudo, a questão é ainda bastante desafiadora.
“No que se refere à formação de professores e à oferta de uma educação bilíngue e inclusiva ainda temos que lutar pelo óbvio. Ainda hoje, às crianças surdas têm sido negado o direito ao acesso à língua de sinais nos espaços sociais e escolares, mesmo com a existência de legislação a respeito. Muitas escolas não possuem profissionais capacitados para o atendimento às crianças, aos jovens e adultos surdos, tanto em termos de desenvolvimento linguístico quanto em aspectos metodológicos adequados”, explica a diretora-geral do câmpus, Eliana Bär.
O projeto do curso é diferenciado, uma vez que inclui multimídia e educação, numa perspectiva interdisciplinar, de modo a possibilitar a formação de profissionais aptos a uma mediação pedagógica por meio de diferentes tecnologias de informação e comunicação. Edlene Alves de Souza, formanda do curso, que migrou da área administrativa para a educação especial, comenta que os aspectos que mais lhe chamaram a atenção no curso foram as metodologias inovadoras que fomentam a participação do aluno na construção do conhecimento e a compreensão de como os surdos aprendem, pois na visão dela, não basta saber língua de sinais para que eles tenham acesso ao ensino.
A diretora geral do câmpus acrescenta ainda que “ter um curso como esse é uma grande contribuição para a sociedade, pois os nossos formandos já estão sendo aprovados em diferentes concursos públicos e processos seletivos nas redes públicas da nossa região e do Estado, o que permitirá uma mudança nessa realidade dentro de alguns anos”.
Essa parece ser, inclusive, a crença dos estudantes, “acredito que o curso pode vir a trazer uma nova consciência dos municípios da grande Florianópolis em relação à educação de surdos e suas peculiaridades”, enfatiza Mariana Zaninelli Cordeiro Tiepo, que também está entre as formandas e já atua na rede municipal de ensino de Palhoça.
Saiba mais sobre o Câmpus Palhoça Bilíngue
É a primeira unidade da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica do Brasil na modalidade bilíngue (Libras-Português). Seu projeto político pedagógico traz ao cenário brasileiro uma política de ensino, pesquisa e extensão que busca viabilizar uma efetiva interação entre surdos e ouvintes no campo educacional e profissional. A prática das aulas leva em conta as especificidades dos alunos, por isso são oferecidas turmas somente de surdos (com aulas dadas em Libras por um professor bilíngue, ou seja, que tem domínio da língua de sinais), turmas mistas, com surdos e ouvintes (nesse caso as aulas são dadas em português com a presença de um intérprete de Libras) e turmas só de ouvintes (com aulas dadas em português).
A proposta pedagógica do câmpus privilegia a educação bilíngue (Libras-Português) desde a escolha dos cursos aos temas de pesquisas. Isso porque o processo de ensino e aprendizagem, o desenvolvimento de materiais didáticos, bem como as metodologias utilizadas em sala de aula, consideram as especificidades da educação de surdos, que tem a Libras como sua primeira língua. A principal finalidade da instituição é proporcionar uma formação integral e bilíngue, que garanta autonomia e capacite os alunos para o exercício da cidadania e da sua profissão.