ENSINO Data de Publicação: 26 jul 2021 12:21 Data de Atualização: 26 jul 2021 12:23
As professoras Bruna Crescêncio Neves e Tatiane Folchini dos Reis, do Câmpus Palhoça Bilíngue, participaram da elaboração da proposta de currículo para o ensino de português escrito como segunda língua para estudantes surdos, lançada no início de julho pelo Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (SEMESP) e da Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos (DIPEBS). As duas integraram o grupo de trabalho que discutiu a proposta para estudantes do ensino médio e foram convidadas a participar por suas pesquisas na área. Bruna e Tatiane são professoras de português como segunda língua para surdos no IFSC.
A proposta deve servir de referência curricular para estudantes matriculados na educação básica e no ensino superior. O documento pode ser usado como referencial para elaboração de currículos para o ensino de português como segunda língua para surdos por todas as redes de ensino [federal, estadual e municipal]. Ele foi sistematizado e elaborado por pesquisadores do ensino de Português como Segunda Língua para Surdos (PSLS), sob a coordenação geral da professora da Universidade de Brasília (UnB), Sandra Patrícia de Faria do Nascimento. O trabalho começou em março 2020 e foi realizado a partir de encontros on-line.
Seis cadernos foram produzidos para compor a proposta. O primeiro, o Caderno Introdutório, apresenta a concepção teórico-metodológica da proposta e os referenciais básicos e complementares que guiaram a sua elaboração. O Caderno I apresenta a proposta curricular para alunos de 1 ano e 7 meses a 5 anos, enquanto o Caderno II apresenta a proposta para alunos do 1º ao 5º ano e do primeiro segmento da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O Caderno III apresenta a proposta para alunos dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e do segundo segmento do EJA. O Caderno IV apresenta a proposta para alunos do ensino médio e do terceiro segmento do EJA. Já o Caderno V, último da proposta curricular, foi formulado para estudantes surdos do ensino superior.
Respeito à cultura surda
Antes da construção da proposta de currículo, os professores trabalhavam com um referencial teórico de ensino de língua portuguesa como língua materna. “Não tínhamos um currículo específico, que respeitasse a cultura surda”, comenta Tatiane Folchini dos Reis. Muitos surdos não têm o português como sua língua materna, mas sim a língua de sinais. Além disso, diferentemente dos ouvintes, os surdos não têm a referência da língua oral no seu aprendizado. A proposta do novo currículo é trabalhar com o ensino do português para os surdos a partir da Língua Brasileira de Sinais (Libras), que é uma língua visuoespacial.
Uma live será realizada em 11 de agosto pela Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos para apresentar o capítulo voltado ao ensino médio, e irá contar com a presença das professoras do câmpus.
Oportunidade
Professoras e pesquisadoras do ensino de português como segunda língua para surdos, Bruna Crescêncio Neves e Tatiane Folchini dos Reis, comemoram o fato de terem participado da elaboração da proposta de currículo. “Foi uma realização como profissional atuante na comunidade surda. Foi muito bom ter contato com outros profissionais da área, com os quais aprendemos muito”, menciona Bruna.
A professora lembra ainda que o Câmpus Palhoça Bilíngue possui um curso de licenciatura em Pedagogia Bilíngue (Libras-Português) e que os estudantes acompanharam o processo de elaboração da proposta. “Foi importante trazer isso para a formação deles”, comenta. A proposta também terá impacto nos cursos técnicos integrados ao ensino médio do câmpus, com uma reestruturação do currículo considerando a nova proposta de ensino de português como segunda língua.
Para saber mais sobre a proposta, acesse o site do MEC.