Câmpus Joinville realiza formatura do curso de Comunicação em Libras para Profissionais da Saúde

EXTENSÃO Data de Publicação: 19 dez 2024 09:25 Data de Atualização: 19 dez 2024 15:24

A cerimônia de formatura, na noite de segunda-feira (16), marcou o encerramento do curso de Comunicação em Libras Básico e Intermediário para Profissionais da Saúde, ofertado neste semestre  no Câmpus Joinville pela primeira vez. Ao final das 160 horas de curso, com oficinas presenciais e atividades assíncronas, 46 alunos foram certificados, entre profissionais de hospitais, clínicas, pronto atendimentos e unidades básicas de saúde e alunos de cursos da área de saúde.

O curso faz parte do projeto de extensão “Distanciando a omissão e desejando a inclusão: a importância do conhecimento da língua brasileira de sinais para profissionais da saúde”. O objetivo foi capacitar profissionais e estudantes da área de saúde para a comunicação, acolhimento e tratamento de pessoas da comunidade surda.

Os surdos Cleverson da Silva, Stella Simas Andrade, Carlos Gutierrez, Fabio Ferreira, Aleir Mendonça, Sidneia Correia e Rosangela Lourdes de Meireles Alexandrino apoiam a iniciativa. Eles criticam a falta de acessibilidade em todos os lugares, mas lembram que o problema é maior quando se trata de saúde. Por falta de comunicação, muitos demoram a ser atendidos, têm dificuldade para receber um diagnóstico correto e não conseguem seguir o tratamento.

Rosangela lembra que não é só o problema de precisar levar um intérprete junto nos atendimentos, o que já é difícil, mas tem a questão da privacidade. “Nem sempre eu quero contar meus problemas para um intérprete. No psicólogo, por exemplo, eu quero ir sozinha. Por que os outros precisam saber das minhas coisas? É falta de respeito não ter nem o direito de fazer uma consulta sozinha”, enfatiza Rosangela.

A participação de surdos durante as aulas ajudou os participantes a entenderem a comunidade surda e conhecerem na prática as suas dificuldades. Foi o que motivou a aluna do curso superior de tecnologia em Gestão Hospitalar, Ane Caroliny Cardoso da Silva, a concluir o curso. “Conhecer a realidade dos surdos e os desafios que têm na procura de atendimento reforçou minha visão sobre a importância da Libras”, comenta a estudante, que se sente confiante para colocar o que aprendeu na prática. 

 “É preciso empatia para se colocar no lugar dos outros e entender a necessidade do conhecimento da Libras para o estabelecimento de uma comunicação assertiva com o surdo”, enfatiza a intérprete e tradutora de Libras Rute Freitas de Souza, professora voluntária no projeto, com mais de vinte anos de experiência.

Uma necessidade dos dois lados

“Precisávamos de profissionais que soubessem Libras para entender os pacientes surdos, acolher e dar atendimento de qualidade até o fim. E, agora, conseguimos fazer isso”, explica a coordenadora da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leste, Luciene Ribeiro Garcia. Ela conta que, mesmo antes do curso terminar, a equipe deu conta de fazer atendimento adequado a dois pacientes surdos sem intérprete externo, na enfermagem e no consultório de odontologia.

Luciene e mais seis servidores da UPA Leste fizeram o curso e estão servindo de referência para auxiliar os colegas que não puderam fazer o curso. “Acredito que é importante termos a continuidade do curso, para aprendermos mais, e também abrir novas turmas, para que outros profissionais possam aprender”, enfatiza.

O pedido foi anotado pela diretora de Ensino, Pesquisa e Extensão, Dayane Clock Luiz, que enalteceu a importância do curso e da participação dos profissionais de saúde, egressos e estudantes. “Entre todos os cursos que temos no câmpus, esta é a turma mais numerosa que formamos. Parabéns a todos!” 

Dayane também agradeceu a participação dos surdos durante as aulas, especialmente do Cleverson, que, como primeiro aluno surdo do câmpus, inspirou a realização do curso. Ele se formou no curso técnico concomitante em Mecânica, em março deste ano.

O curso de Libras foi proposto pelo Núcleo de Acessibilidade Educacional (NAE) do Câmpus Joinville, com 75 vagas e lista de espera. Para a coordenadora do NAE e do projeto, Maríndia Anversa Viera, a procura comprova a importância do curso para os profissionais de saúde. “Obrigada por se comprometerem, por estarem aqui e acreditarem num mundo mais inclusivo.”

Também fizeram parte da equipe executora do projeto os servidores Aroldo Leandro Schmidt Reeck, Débora Link e Gilmara Petry, o estudante do curso superior de tecnologia em Gestão Hospitalar, Mateus Cachoeira Silveira, e o voluntário Robson Colonelo.

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