Laboratório utiliza imagens via satélite para pesquisas que podem auxiliar na prevenção de desastres naturais

ENSINO Data de Publicação: 14 set 2023 22:28 Data de Atualização: 22 set 2023 18:31

O Laboratório de Meio Ambiente e Geomática (MaGe), do Câmpus Garopaba, utiliza imagens de satélite em projetos de Extensão e Pesquisa, que podem contribuir para prevenir ou minimizar desastres ambientais. Professores e estudantes utilizam imagens obtidas via satélite para realizar levantamentos cartográficos de relevo, queimadas, desmatamentos, planejamento urbano e de turismo, e até auxiliar no monitoramento de passagem de baleias pelo Litoral Sul do Brasil.

O coordenador do Laboratório, o professor João Henrique Quoos, conta que, em 2017, um intercambista do estado de Oregon, Estados Unidos, fez um estágio no Câmpus Garopaba. Foi por meio dele que o câmpus conseguiu uma assinatura gratuita, como instituição de pesquisa, da plataforma Planet.com, que disponibiliza imagens de 300 satélites em tempo real.

Assim, a plataforma serve como fonte de pesquisa para os mais diversos projetos. Sendo utilizado principalmente pelos cursos de Gestão Ambiental e da área do Turismo, o MAGe também desenvolve ações nas áreas de Informática e com alunos dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio.

Prevenindo desastres ambientais

O professor João Henrique explica que a Geomática é a ciência que utiliza dados informatizados para realizar levantamento cartográficos para os mais diversos fins, como contribuir para o planejamento urbano e até prever pontos de enchente, ajudando a evitar e minimizar desastres ambientais. Além das informações geográficas, são utilizados conhecimentos de informática e banco de dados.

Recentemente, o coordenador do MAGe foi convidado a dar uma entrevista para um jornal do Rio Grande do Sul, na qual analisou como se deram as enchentes naquele estado, a partir da análise de imagens de satélite da região atingida (veja as imagens aqui).

Segundo o professor, a bacia hidrográfica do Rio Taquari, onde se deu a enchente, é muito grande, e alguns sinais poderiam ter sido monitorados, como quedas de pontes e enchentes nas partes mais altas da bacia, que indicariam a possibilidade de cheia na parte mais baixa. “Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão a mercê do ritmo de chuvas, devido à morfologia e ao relevo dessas regiões. Com o aquecimento global isso tende a se intensificar”, explica.

Por isso a necessidade de levantamentos de relevos é tão importante, para compreender a dinâmica das águas e mudanças nos regimes de chuvas. De acordo com o professor, a Defesa Civil de Santa Catarina dispõe de dados mais sistematizados, a partir de um estudo de topografia em alta resolução realizado em 2012 e que é utilizado até hoje, inclusive para o ensino. O MAGe também contribui: um dos projetos realizados no Laboratório é a coleta de dados de sinistros em Santa Catarina (enchentes, incêndios florestais, entre outros). As informações são coletadas, organizadas e enviadas para a Defesa Civil de Santa Catarina e de municípios. Alguns já beneficiados foram Tubarão, Itajaí, Laguna e Blumenau.

Um projeto em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) foi o desenvolvimento de uma funcionalidade para auxiliar os agricultores a registrarem sinistros meteorológicos. A intenção era que os agricultores enviassem fotografias das propriedades para as plataformas, porém, a informação georeferenciada se perdia. Com a funcionalidade desenvolvida no MAGe, foi possível associar a foto com a sua localização no mapa. 

O MAGe também já realizou levantamentos cartográficos de limites municipais de e bairros para municípios, como Paulo Lopes, o que contribuiu para elaboração de leis municipais. Assim, as informações obtidas via satélite são úteis para o planejamento urbano e inclusive do turismo, com projetos de mapeamento de locais de interesse patrimonial, como o Farol de Santa Marta e praia da Ferrugem. 

Avistamento de baleias

As imagens por satélite também auxiliam no monitoramento da passagem de baleias pelo Litoral Sul de Santa Catarina. De acordo com o professor João Henrique, não é possível monitorar esses animais em alto mar, mas próximo à costa, há a possibilidade de se obterem boas imagens.

Um artigo escrito com colaboração do professor João Henrique sobre monitoramento de baleias via satélite foi publicado e citado em artigo da famosa revista Nature (veja o artigo original e o artigo com a citação na Nature, ambos em Inglês).

Além disso, a equipe do Laboratório desenvolveu uma ferramenta de registro de avistagem de baleias francas para a Organização Não-Governamental ProFranca (acesse o site da ProFranca e veja o vídeo explicando como fazer o registro). “A ferramenta estimula o turismo de observação de baleias e auxilia nas pesquisas de conservação”, destaca o professor.

Foco na educação ambiental, na comunidade

Outras funcionalidades, como monitoramento do desmatamento e produção agrícola podem ser realizadas a partir da obtenção de imagens via satélite, auxiliando o planejamento nas mais diversas áreas das esferas pública ou privada, ou mesmo com a produção de material didático.

O MAGe dispõe ainda de uma impressora 3D, que imprime maquetes de relevo destinadas a aplicação educacional. Bolsistas do laboratório já prepararam material para escolas da região, para a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e para a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). 

Recentemente, o Laboratório recebeu alunos da Escola do Meio Ambiente, de São José, que levaram para casa um mapa do relevo de Santa Catarina impresso em 3D. Outro aluno está desenvolvendo coletas de monólitos (amostras) de solo, que servirão para aulas à comunidade sobre tipos de solo e prevenção de deslizamentos.

Assim, segundo o professor João Henrique, o MAGe cumpre sua função de auxiliar no aprendizado dos alunos do Câmpus Garopaba, mas também levando conhecimento para a comunidade, por meio da produção de material didático e conhecimento. “O gestor ambiental também é um educador”, afirma. Para o professor, o IFSC vem se destacando na questão ambiental, além da graduação, com cursos de pós-graduação e mestrado na área. 

O MAGe conta com recursos próprios do Câmpus Garopaba, projetos de Extensão e ainda há a expectativa de receber recursos do Governo Federal, por meio de parcerias com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) para projetos de educação ambiental.

ENSINO EXTENSÃO PESQUISA CÂMPUS GAROPABA