CÂMPUS CRICIÚMA Data de Publicação: 30 mai 2022 16:47 Data de Atualização: 31 mai 2022 09:23
A frase “quando cheguei aqui era tudo mato” não cabe ao Câmpus Criciúma do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Isso porque, quando em 2008 foi definido que o IFSC seria instalado na região do bairro Próspera, não havia nem mato. A área de aproximadamente 40 mil metros quadrados era um grande terreno sem árvores, apenas com a área de proteção permanente junto ao rio Linha Anta, normalmente usada para despejo de resíduos industriais.
Hoje, quase 15 anos depois, quem passa pelo local vê um cenário completamente diferente. Além da construção em si, chama a atenção a crescente arborização do Câmpus. São centenas de árvores nativas, frutíferas e exóticas plantadas ao longo dos anos, processo que, aliado à preservação da área verde e a existência de uma trilha ecológica, faz do IFSC Criciúma uma sala de aula aberta para ensinar a importância da preservação ambiental às novas gerações. Desde 2018, pelo menos 160 mudas foram plantadas em diferentes ações realizadas pela área de Meio Ambiente do Câmpus.
“A área onde se situa atualmente o câmpus foi utilizada como local de estacionamento, deposição de resíduos do processo produtivo da empresa, entre outros materiais. Por ser um espaço aberto, também foi utilizado pela comunidade para descarte de lixo e entulho. Até hoje são encontradas em meio à área verde amostras destes materiais”, explica o professor Pedro Rosso, coordenador do curso técnico em Meio Ambiente.
De acordo com o professor, as primeiras árvores foram plantadas pela empresa responsável pela construção do Câmpus, com mudas doadas pelo horto municipal de Criciúma. No estacionamento, destacam-se as espécies Pau-ferro, Aroeira, Ingá e Pata de Vaca, as maiores árvores do Câmpus. Porém, as más condições do solo e o plantio feito de forma inadequada fez com que muitas árvores acabassem não vingando.
“Diante disto, temos ao longo dos anos feito a reposição e o plantio de novas mudas no sentido de dar ao câmpus uma qualidade ambiental melhor, tanto no sentido paisagístico quanto de conforto térmico. Apesar disto e mesmo com maior cuidado no plantio, em razão da baixa qualidade do solo, ainda hoje perdemos mudas”, relata Pedro.
Árvores das turmas
Ao longo dos anos, foi se consolidando no Câmpus a tradição de que cada turma ter uma árvore para chamar de sua. Anualmente, as turmas ingressantes no IFSC são convidadas a fazer o plantio de árvores – muitas delas ainda conversam uma placa com a turma e o ano do plantio. A ideia surgiu em uma Semana do Meio Ambiente, em 2013, e foi retomada no Dia da Árvore, até que virou tradição: os professores Pedro Rosso, Érica Benincá, Fernando Bueno e Gilberto Tonetto levam as turmas de ensino médio para plantarem suas árvores.
“Tem sido interessante pelo momento em que os alunos estão participando de uma atividade fora da sala de aula, que os (re)conecta à natureza e se deixa uma marca dos alunos no câmpus. Há ainda a importância simbólica de fazerem algo em prol do meio ambiente e que muitas destas árvores servem para os alunos sentarem, os servidores colocarem os carros na sombra, etc”, diz Gilberto.
Além disso, nos últimos anos uma série de ações levou o Câmpus a ficar ainda mais arborizado. De 2018 para cá, dezenas de árvores foram plantadas em diferentes ações de conscientização e preservação ambiental.
Em 2018, 38 mudas de árvores nativas foram plantadas em uma parceria com o Laboratório Búrigo e a empresa Orbbi Desenvolvimento Profissional. Estudantes do IFSC e participantes do projeto de extensão “Na trilha do desenvolvimento sustentável” também plantaram 30 árvores, além de semearem 25 quilos de sementes de palmiteiro dentro da área verde.
Em 2019, outras 30 árvores nativas foram plantadas por estudantes do IFSC e visitantes da trilha ecológica.
Já em 2020, em razão da necessidade de derrubada de árvores para a obra do Bloco D, o Câmpus plantou 48 árvores como medida compensatória, bem acima do número exigido pela Fundação Municipal do Meio Ambiente.
Por fim, 2021 foi o ano dos ipês. Foram 15 mudas de ipês branco e roxo plantados por estudantes do IFSC e visitantes da trilha.
O plantio de árvores segue o Plano Diretor do Câmpus, evitando-se plantar árvores em locais onde está previsa a expansão do Câmpus ou em áreas que são usadas para passagem ou prática de esportes, por exemplo. Também ocorrem iniciativas pessoais de servidores que plantaram árvores para marcar uma data importante ou para homenagear uma pessoa querida.
E o resultado disso é que o IFSC Câmpus Criciúma tem ficado cada vez mais arborizado, com árvores já dando sombra e frutos nestes 11 anos de inauguração da instituição. No pátio do Câmpus, há palmeiras, ipês, araçás, goiabeiras, laranjeiras, pereiras, ingazeiros, manacás, aroeiras, pau-ferro, nogueira.
Sala de aula aberta
Todas essas ações estão relacionadas ao projeto “Na trilha do desenvolvimento sustentável”, um projeto de extensão desenvolvido no Câmpus Criciúma com o objetivo de promover a cultura do desenvolvimento sustentável em estudantes do ensino básico por meio de atividades de educação ambiental. As origens remontam à 2014, quando foi desenvolvido o projeto “Áreas verdes urbanas: espaços de educação ambiental e científica”. Escolas da região costumam visitar o IFSC para percorrer a trilha na área verde do Câmpus. A trilha tem aproximadamente 220 metros de extensão. Durante o percurso, os visitantes podem observar árvores nativas e exóticas, pássaros e também um “monumento ao lixo”, que ajuda a explicar a história do lugar. Os visitantes sempre realizam o plantio de mudas para marcar a visita.
Tudo isso faz com que o IFSC também se consolide como um espaço de conscientização ambiental voltado principalmente para as novas gerações. Uma sala de aula a céu aberto destinada à ensinar a importância de preservar a natureza.
“Entendo realmente que se trata de uma sala de aula, seja para extensão, ensino ou pesquisa Há autores que relatam que áreas verdes favorecem a sociabilidade, a redução do estresse e de comportamentos agressivos, entre outros benefícios. Para mim é uma riqueza inestimável a possibilidade de em pouco passos entrar em contato com a natureza e poder mostrar aos alunos e visitantes a própria natureza, sem ter que recorrer a imagens ou vídeos. Tocar, sentir, cheirar, tudo isto faz com que a aprendizagem seja mais significativa e real, principalmente quando levamos em conta que parte da população vive em ambiente urbano. É um privilégio da comunidade do IFSC poder contar com esta área verde”, conclui Pedro.
A Semana do Meio Ambiente é comemorada de 31 de maio a 5 de junho, quando se celebra do Dia Mundial do Meio Ambiente, instituída em 1972 pela Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano.