EVENTOS Data de Publicação: 07 nov 2024 14:24 Data de Atualização: 07 nov 2024 19:28
O Câmpus Palhoça Bilíngue realizou nos dias 5 e 6 de novembro o 2º Seminário Nacional de Educação Bilíngue Libras-Português (SNEB), reunindo um público aproximado de 700 pessoas para palestras, conferências, mesa-redonda e oficinas ligadas ao tema “Alfabetização e letramento de crianças surdas – aspectos teóricos e práticos”. O evento ocorreu na sede da Associação Empresarial da Região Metropolitana de Florianópolis (Aemflo), em São José.
Os objetivos do evento foram compartilhar conhecimentos e metodologias relacionadas à educação de surdos, em especial, à alfabetização de crianças surdas, além de subsidiar debates e reflexões em torno da prática pedagógica voltada às crianças surdas.
O seminário teve formato híbrido e, do total de participantes, aproximadamente 200 estiveram presencialmente na Aemflo e 500 acompanharam o evento a distância, em todo o País. O evento marcou o encerramento do curso “Alfabetização e letramento de crianças surdas: aspectos teóricos e práticos” - oferecido pelo Câmpus Palhoça Bilíngue com apoio da Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos (Dipebs), da Diretoria de Políticas de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (Dipepi) e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), do Ministério da Educação (MEC) - e muitos dos participantes eram estudantes do curso.
Entre o público participante, estiveram também professores e gestores da rede pública de ensino, estudantes e professores universitários, pesquisadores, tradutores e intérpretes de língua de sinais, comunidade surda e demais profissionais interessados no tema.
“O seminário aprofunda a temática do curso. As palestras e principalmente as oficinas serviram para que os conteúdos teóricos pudessem ser vistos na prática”, explica a diretora-geral do Câmpus Palhoça Bilíngue e coordenadora da comissão organizadora do seminário, Eliana Cristina Bär.
Entre as estudantes do curso que participaram do seminário, houve cinco profissionais da escola estadual Nossa Senhora da Conceição, do bairro Roçado, em São José. A professora bilíngue (Libras-português) Heloísa Giroletti, que acompanha na escola uma menina surda do oitavo ano, opina que eventos como esse são importantes para aprofundar os conhecimentos e trocar experiências. “Precisamos de mais seminários como esse”, diz.
Para Heloísa, a principal dificuldade que as crianças surdas enfrentam na fase de alfabetização é a da comunicação com os professores, já que poucos dominam a língua brasileira de sinais (Libras). Por isso, ela apoia a criação de uma escola bilíngue na Grande Florianópolis que atenda da educação infantil ao nono ano do ensino fundamental. “Para o ensino médio, já tem o IFSC”, destaca.
Também professora bilíngue na escola Nossa Senhora da Conceição, Deyse da Silva Inácio acrescenta que esse profissional muitas vezes encontra dificuldade em dialogar com os professores regentes de turma sobre as especificidades da criança surda, o que dificulta o aprendizado delas. “É como se outros professores dissessem: ‘esse aluno é teu, então tu que cuidas’”, relata Deyse, que acompanha um menino do quinto ano. Por outro lado, ela observa que a alfabetização e o aprendizado são facilitados quando a família tem domínio da Libras e a criança consegue comunicar-se com fluência na língua de sinais.
Já a pedagoga Bruna Maiato é responsável pelo atendimento educacional especializado (AEE) na escola Nossa Senhora da Conceição, mas avalia que o tempo destinado a essa atividade - 3h por semana - ainda é pouco para atender as necessidades das crianças surdas. Para ela, o seminário organizado pelo Câmpus Palhoça Bilíngue foi útil para “ver a prática e como ela e a teoria andam juntos”.
As palestras, as conferências e a mesa-redonda do 2º SNEB estão gravadas e disponíveis no canal do Câmpus Palhoça Bilíngue no YouTube. Durante o evento, também foi lançado um documentário que conta a história do câmpus.