IFSC desenvolverá modelo preditivo para controle da dengue com apoio de edital da Fapesc

PESQUISA Data de Publicação: 04 dez 2024 09:20 Data de Atualização: 17 dez 2024 12:11

O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) teve um projeto inovador aprovado num edital da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). A iniciativa, que receberá um investimento de R$ 997 mil, tem como objetivo desenvolver um modelo preditivo para antecipar focos do mosquito Aedes aegypti e surtos de dengue em Santa Catarina. A proposta integrará dados climáticos, epidemiológicos e entomológicos para fornecer previsões de número de focos e casos de dengue que podem alcançar até oito semanas de antecedência, contribuindo significativamente para ações preventivas e de saúde pública.

O projeto será liderado pelo professor Mário Francisco Leal de Quadro, do Câmpus Florianópolis e vice-coordenador do Mestrado Profissional em Clima e Ambiente do IFSC e tem dois anos de duração. Ele explica que a proposta é aplicar tecnologias avançadas para prever surtos da doença. “Nossa ideia é instalar esse modelo dentro do próprio sistema da Dive [Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC], o que permitirá que gestores tenham informações preditivas mais detalhadas, auxiliando na mobilização de equipes e na minimização dos impactos da dengue”, destaca o professor.

Os objetivos são reduzir custos com saúde pública, melhorar a gestão de recursos e criar estratégias mais eficazes e sustentáveis para o controle da dengue. “A grandiosidade do projeto está na capacidade de podermos antecipar uma possível curva de ascendência ou de descendência da doença, permitindo que os gestores possam mobilizar suas equipes e tentar minimizar os danos, inclusive na questão de possíveis óbitos”, ressalta Mário.

O modelo será desenvolvido na linguagem Python 3, utilizando o algoritmo Random Forest Regressor e possibilitando um horizonte de previsão de até oito semanas. A etapa preditiva será elaborada a partir de dados obtidos do modelo Global Forecast System/Climate Forecast System (GFS/CFS), assim como cenários de mudanças climáticas do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).

A proposta aprovada na Chamada Pública nº 37/2024 da Fapesc é uma evolução de pesquisas anteriores conduzidas no IFSC. Em 2017, uma aluna da primeira turma do curso de mestrado em Meio e Ambiente do IFSC estudou a incidência da dengue em Chapecó e Itajaí. Em 2022, outro aluno deu continuidade ao projeto, ampliando a área de estudo para todo o estado. “Esse novo projeto pretende detalhar como a doença pode se espalhar dentro de regiões vulneráveis, usando recursos como o HPC, um computador de alto desempenho com cerca de mil processadores, que é a mais potente do estado para simulações meteorológicas e epidemiológicas”, explica Mário. 

Além do HPC que será instalado no Laboratório de Clima e Ambiente (LaCAC) do Câmpus Florianópolis, o IFSC irá implantar estações de monitoramento do ar nas cidades de Florianópolis, Joinville, Criciúma e Chapecó. “Com as estações e o supercomputador, poderemos fomentar o estado com equipamentos de última geração visando melhorar a capacidade preditiva de eventos meteorológicos, contribuindo para a qualidade de vida dos catarinenses”, afirma o professor.

Os recursos obtidos por meio deste edital da Fapesc serão utilizados para o pagamento de 12 bolsas de pesquisa para alunos de graduação, mestrado e doutorado. Além dos professores do IFSC integrantes do grupo de pesquisa Clima e Ambientes Costeiros (GPCAC), também participarão do projeto pesquisadores do Instituto Federal Catarinense (IFC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). 

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