Projetos de estudantes de Design são finalistas em concurso nacional

INSTITUCIONAL Data de Publicação: 21 nov 2024 17:16 Data de Atualização: 17 dez 2024 12:07

Dois projetos de produtos desenvolvidos por estudantes de Design do Câmpus Florianópolis do IFSC estão entre os finalistas do 10º Prêmio Bornancini de Design, um dos mais importantes do Brasil e o principal da região Sul.

Meu Copo Seguro

O Meu Copo Seguro foi produzido por estudantes no Projeto Integrador (PI) da quinta fase do curso superior de tecnologia em Design de Produto, em 2022. De acordo com Aline Cidral de Carvalho, 25 anos, que integra a equipe, a ideia surgiu a partir de conversas entre colegas mulheres sobre os riscos de manipulação de bebidas em ambientes como festas e baladas. O grupo tinha o desafio de criar um utilitário inspirado em uma produção audiovisual. “Escolhemos o universo de Alice no País das Maravilhas como ponto de partida. A história tem uma dualidade envolvente entre encantamento e perigo, o que ressoou com o problema que queríamos abordar: transformar uma situação de vulnerabilidade em uma experiência mais segura e lúdica”, recorda Aline.

Com essa ideia, foi concebido um kit que combina praticidade, design e proteção, composto por um copo, uma tampa rotativa, um tirante com bolsa e uma tag para teste de adulteração. A tampa rotativa diminui a área de contato da boca e permite que a usuária abra e feche o copo conforme o uso, além de diminuir a chance de doping por dificultar o acesso à bebida. A tag é um acessório discreto com aparência de chaveiro que permite verificar se a bebida foi adulterada ou não, com uso de uma fita que sinaliza essa situação. No tirante com bolsa, as fitas de identificação ficam guardadas.

Assista ao vídeo que apresenta o Meu Copo Seguro:

 

Embora o Meu Copo Seguro ainda seja um projeto conceitual, os estudantes que o criaram acreditam que ele teria grande impacto para o público feminino. “É motivador imaginar o potencial de um produto assim no mercado, trazendo mais segurança em eventos e ambientes cheios”, avalia Aline.

O desempenho no Prêmio Bornancini atesta a pertinência da ideia e é, para a equipe, uma conquista especial. “Esse reconhecimento não só fortalece nossos currículos e carreiras, mas também reafirma o papel transformador do design em questões cotidianas e sociais, ressaltando ainda mais sua importância. Através do Meu Copo Seguro, vimos uma oportunidade de aplicar o design para enfrentar um problema real e dar visibilidade a uma pauta tão urgente, ainda mais quando analisamos dados, vemos tantos números e, conforme a pesquisa vai aumentando, os números vão se tornando nomes. Pensando nisso, esperamos que essa visibilidade inspire mais discussões e soluções criativas para problemas sociais como este. Afinal, se nosso projeto conseguir iluminar esse caminho e ajudar a reduzir os dados de violência em festas, baladas e eventos, já será gratificante para cada um de nós”, considera Aline.

Além de Aline, a equipe é composta também por Larissa Queiros Rossignatti, 24, Maria Clara Ahmadi Oliveira, 22, Sabrina Pereira Iamanaka, 26, e Vinícius Zambaldi, 22, todos em fase de elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso. A orientação foi dos professores Carla Arcoverde de Aguiar Neves, Raquel de Oliveira Bugliani, Roberto Angelo Pistorello e Fernanda Faust.

Tacto

Já o projeto Tacto – Acessórios de Estimulação Sensorial foi desenvolvido na disciplina de Projeto Integrador do quinto semestre do curso de bacharelado em Design. De acordo com o estudante Thales Jandrey Resende, o desafio consistia na criação de um bem de consumo ou acessório de moda. “Após um brainstorming e discussões em grupo, decidimos explorar o tema dos estímulos sensoriais, criando objetos que auxiliassem na autorregulação emocional de pessoas neurodivergentes ou neurotípicas, especialmente em situações de ansiedade ou estresse”, relata.

Os estudantes se inspiraram nos stim toys, que são brinquedos que ajudam a aliviar o stress e a ansiedade, voltados a pessoas autistas, e identificaram que, embora esses produtos sejam importantes, eles carregam estigmas associados às neurodivergências em função de sua estética infantil e chamativa, muitas vezes incompatível com ambientes sociais ou profissionais. “Por meio de pesquisas com o público-alvo e entrevistas com psicólogos, constatamos que a necessidade de autorregulação emocional é universal e que havia uma lacuna no mercado para produtos que unissem funcionalidade, discrição e estética contemporânea”.

Veja apresentação sobre o projeto Tacto

Foi a partir dessa problemática que a equipe desenvolveu a coleção Tacto, composta por um anel, uma pulseira e um colar. Cada peça tem diferentes mecanismos de estímulos sensoriais discretos, como giros, cliques, articulações e texturas superficiais. Essas características podem ser acionadas pelos usuários como forma de ajudar na autorregulação emocional, de forma discreta, o que permite o uso em qualquer ambiente sem atrair atenção indesejada. 

Assim como o projeto Meu Copo Seguro, o projeto Tacto foi desenvolvido como parte de um trabalho acadêmico, sem finalidade de produção comercial. “No entanto, a possibilidade de reconhecimento, caso sejamos premiados, nos faz considerar o potencial do produto no mercado. Futuramente, poderíamos estudar com mais profundidade a aceitação do público e a viabilidade de produção para avaliar se há caminhos para levar o Tacto para além do ambiente universitário. Ainda seria necessário realizar análises detalhadas, mas ficamos animados com a ideia de que o projeto possa gerar impacto real e beneficiar mais pessoas”, pondera Thales. Além disso, o desempenho no Prêmio Bornancini pode ampliar a visibilidade da ideia. “Esperamos que esse destaque possa abrir novas portas no mercado de trabalho, possibilitando que atuemos em mais projetos que tenham o potencial de melhorar a vida das pessoas e solucionar suas dores”, projeta o estudante.

Além de Thales, a equipe do projeto Tacto é formada pelas estudantes Julia Francisco Mafra, 26 anos, Júlia Pereira Haendchen, 21, e Rita Knobel Borges, 22. Todos atualmente estão na sexta fase do curso de Design. Os professores envolvidos são Carla Arcoverde, Deise Albertazzi e Ricardo Schwinn.

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