Laboratório de Tecnologia Assistiva é escolhido como experiência exitosa do IFSC

EVENTOS Data de Publicação: 09 mai 2023 20:36 Data de Atualização: 11 mai 2023 20:38

O Laboratório de Tecnologia Assistiva (Labta) do Câmpus Palhoça Bilíngue foi a iniciativa escolhida para representar o IFSC na mostra de experiências exitosas que vai acontecer durante a  Reunião dos Dirigentes dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia da Região Sul (Reditec Sul). A reunião acontece de 15 a 17 de maio, em Camboriú, e vai reunir reitores, pró-reitores e diretores-gerais de câmpus dos seis institutos federais da Região Sul. Cada IF pôde indicar apenas uma experiência exitosa.

No total, sete iniciativas  concorreram para representar o IFSC, e a escolha pelo Labta foi feita pelo Colégio de Dirigentes (Codir), que reúne o reitor, pró-reitores e diretores-gerais dos câmpus. A apresentação das experiências exitosas está marcada para o segundo dia da Reditec Sul, 16 de maio, às 14h, no Câmpus Camboriú do Instituto Federal Catarinense (IFC), que vai ser a sede do evento.

O Labta do Câmpus Palhoça Bilíngue foi o primeiro espaço desse tipo no IFSC, existe desde março de 2019 e, entre suas atividades, desenvolve pesquisas na área de tecnologia assistiva - que são recursos e serviços voltados às pessoas com deficiência com o objetivo proporcionar a elas autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social - e  trabalha com atendimento educacional especializado para estudantes do IFSC, assessoria a escolas e cursos de formação. 
 


Reportagem de 2019 produzida pela Diretoria de Comunicação do IFSC (Dircom) sobre a inauguração do Labta


O laboratório surgiu inicialmente com o intuito de atender a demanda de estudantes com deficiência do IFSC, acompanhar os processos de ensino e aprendizagem deles e criar recursos de tecnologia assistiva, como materiais didáticos e mobiliário para os atendimentos - os recursos de tecnologia assistiva são qualquer equipamento, dispositivo, produto ou sistema usados para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficiência.

Além disso, o laboratório também passou a contribuir com a comunidade externa por meio de projetos de pesquisa e extensão, como o BrincAcessível, que produz brinquedos acionados por sensores para diferentes demandas corporais de crianças com deficiências múltiplas. Essas crianças participam também do Projeto de Intervenções Assistidas por Animais (cão), realizado em parceria com o Câmpus Camboriú do IFC (sede da Reditec Sul), que cede o animal. O Labta presta, ainda, assessoria a escolas e a outros câmpus do IFSC sobre o uso e confecção de tecnologia assistiva.


Reportagem de 2019 produzida pela Dircom sobre o Projeto de Intervenções Assistidas por Animais 


​​​​Como funciona o Labta

A  professora Ivani Cristina Voos, que desenvolve projetos no Labta, compara-o a um “guarda-chuva”, sob o qual estão abrigadas as iniciativas citadas acima. A equipe atual conta com duas professoras, seis bolsistas (ligados aos dois grandes projetos) e uma estagiária fixa. As atividades do laboratório já resultaram em artigos acadêmicos e capítulos de livros.

Os estudantes do IFSC que precisam de atendimento educacional especializado são encaminhados ao Labta por outros setores da instituição, inclusive de outros câmpus. Um desses alunos é atendido desde o início do Labta - ele é surdocego e estuda no próprio Câmpus Palhoça Bilingue.

O Labta recebe estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista, altas habilidades ou superdotação. Os atendimentos não se tratam de reforço escolar, mas têm o objetivo de ajudar os estudantes a desenvolver habilidades e adaptar-se a suas características humanas para ter não só melhor aproveitamento escolar como mais condições de ter uma vida saudável.

​​​​​​​Já a comunidade externa é atendida nos projetos Brincacessível e Intervenções Assistidas por Animais após abertura de vagas (informação que é divulgada nos canais de comunicação do câmpus). É feita uma entrevista com as famílias, que devem comprovar por meio de documentos a deficiência da criança. Atualmente, só são elegíveis para atendimento no Labta crianças de até 3 anos não oralizadas (que não falam). 
 

 

Reportagem de 2022 produzida pela Dircom novamente abordando o Projeto de Intervenções Assistidas por Animais

​​​​​​​O atendimento no laboratório, embora traga benefícios para as crianças, não tem fins terapêuticos ou de reabilitação - o laboratório é um espaço acadêmico, principalmente para pesquisas. Entre os objetivos do atendimento, estão os de potencializar as habilidades cognitivas, motoras e sensoriais da criança, aprimorando seus conhecimentos formais e de vida cotidiana. ”A gente entende que a pessoa com deficiência é completa em si. Ela vai fazer as coisas à sua maneira”, explica a professora Ivani.

​​​​​​​O Labta como experiência exitosa

A notícia de que o Labta foi escolhido para representar o IFSC na mostra de experiências exitosas da Reditec Sul foi uma boa surpresa para a equipe do laboratório - embora tivessem escrito o case para ser avaliado pelo Codir, imaginavam que iniciativas ligadas às tecnologias de ciências exatas tivessem mais chance de serem eleitas.

​​​​​​​A bolsista Fernanda Beatriz Lima, estudante do quinto semestre do curso de licenciatura em Pedagogia Bilingue (Libras-Português), considera que “o Labta é diferente do que o IFSC geralmente faz”. Ela conclui isso baseada no que viu durante o Seminário de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação do IFSC (Sepei), realizado entre 17 e 19 de abril no Câmpus Joinville, ao observar que os projetos apresentados como “inovação” geralmente continham máquinas como robôs e drones.

​​​​​​​“Aqui a gente faz pesquisa junto com as crianças e com as famílias. Isso não é um robô, mas eu acho algo inovador”, comenta. Fernanda diz que atuar no Labta ajudou-a a conhecer mais sobre ciência e pesquisa e destaca que o laboratório permite ao estudante estar sempre em contato com a comunidade externa.

​​​​​​​Para a estagiária Letícia Anselmo, também aluna do curso Pedagogia Bilíngue, o Labta é um espaço de inovação e que traz desafios permanentes. “Como aqui sempre tem muitos projetos e muitos atendimentos, sempre tem algo novo para gente fazer”, destaca.

​​​​​​​A professora Ivani Voos considera que o Labta faz pesquisa de uma maneira diferente daquela geralmente produzida na academia, por causa do envolvimento das pessoas atendidas e de suas famílias no processo. “A gente faz o projeto com eles, pelas demandas deles. Acho que isso rompe com o pragmatismo da academia”, avalia.

 

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